No dia seguinte, logo pela manhã quando havia acabado de acordar, fui surpreendido com a visita inesperada de mamãe em meu quarto.
— Nick, você passou a tarde toda na casa do Thomas... nem nos desejou boa noite. Aconteceu alguma coisa? — Joana se sentou na cama com alguns raios de sol penetrados pela persiana batendo em seu rosto.
Eu nem lembrava mais sobre o dia de ontem, muito menos o que aconteceu entre Thomas e eu, por isso, quando mamãe fez tal indagação, acabei arregalando os olhos sem perceber, apenas por lembrar das loucuras que aconteceram.
— Ah, ficamos conversando tanto que cheguei cansado demais para conversar.
— Vocês devem ter conversado muito mesmo. — Ela pareceu desconfiada de alguma coisa.
Joana e eu eramos muito amigos e abertos um com o outro, mas isso não significa que eu precisasse ou me sentisse confortável em conversar sobre tudo com ela. Eu tinha minha privacidade, assim como ela tinha a dela... apesar de amigos, jamais poderíamos esquecer que eramos mãe e filho.
Eu ainda não estava preparado para contar para ela a respeito da minha sexualidade, no entanto, sabia que quando o fizesse, iria talvez ser um certo choque para nós dois, mas nada que chegasse ao ponto de eu ser expulso de casa ou algo parecido. Às vezes, quando penso que tenho azar na vida, lembro do quanto sou sortudo por ter uma mãe assim. Eu só estava esperando o momento certo, e especial, para isso.
— Conversamos bastante! — comecei a explicar. — Ele lê muito, gosta de esportes... e sabia que ele era da cidade grande antes de vir para cá?
— Uau Nick, que máximo! Você gostou dele?
— O q-q-quê?
"Ela sabe, ela descobriu tudo, meu fim é agora, é hoje que será o pior dia da minha vida! Ela vai me largar na rua, não acredito nisso!", pensei, ignorando o que eu dissera outrora sobre ter sorte por ter uma mãe como Joana.
— Perguntei se gostou dele, Nick. Se ele é legal, uma boa pessoa.
— Aaaaah! Sim, mas é claro. Somos até que amigos.
— Fico feliz por você, filho.
E com um carinho em minha testa, Joana sorriu e me deu um abraço gostoso.
— Eu te amo mãe!
Sei que muitas pessoas costumam dizer "Eu te amo" muito facilmente para as outras pessoas, mesmo realmente não estando necessariamente amando a pessoa pela qual ela disse isso, entretanto, sou convicto de que quando digo isso para mamãe, é com certeza amor e não qualquer outro tipo de sentimento. Se beijo de amor verdadeiro realmente curasse maldições do sono, eu acordaria só por Joana estar no mesmo cômodo que eu.
— Também te amo, filhote. Vamos acordar sua vó para que possamos tomar café.
— Sim! Daqui a pouco o Thomas chega com os pães.
E foi exatamente o que fizemos.
Quando Thomas tocou a campainha, fui atende-lo. Nos cumprimentamos como se nada tivesse acontecido, pelo menos até ele me dar uma piscadela.
— O que foi isso? — perguntei me referindo à sua piscada.
— Uma piscada.
— Jura?
— Pare de ser grosso, Nicholas.
Revirei os olhos, nos despedimos, fechei a porta e caminhei até a cozinha para que todos, reunidos pudéssemos conversar sobre nossos sonhos durante a noite, sendo que hoje eu teria coisas das quais compartilhar.
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O melhor ano do nosso colegial
Novela JuvenilNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...