47 • A escolha do vestido

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Logo quando passei pela porta principal da escola rumo à rua, avistei o fusca de mamãe estacionado na calçada logo em frente, numa área da qual era proibido estacionar.

— Por que demorou tanto tempo, Nicholas? — ela perguntou após abaixar o vidro do passageiro para que pudesse me observar melhor antes que eu entrasse. — E por que não atendeu minhas ligações e nem respondeu minhas mensagens?

— Você chegou a me ligar? — questionei logo quando sentei e fechei a porta. Ela me deu um beijo na bochecha.

— Hoje é um dia importante, Nicholas! Você vai me ajudar a escolher o vestido do meu casamento! Você vai ser tipo a sua vó e minhas supostas madrinhas em uma só pessoa.

Joana então ligou o carro e joguei minha bolsa para o banco de trás. Era excitante fazer parte de um dia tão importante na vida de mamãe.

O casamento seria simples. Tudo na medida do possível. Foi alugado um pequeno salão de festas que facilmente suportaria os vinte convidados ao todo. Mamãe garantiu que a cerimônia seria simples e que o buffet para depois estaria delicioso.

— Você vai ter que arrumar seu quarto até semana que vem, Nick! Não se esqueça.

— Por quê?

— O Thomas e a vovó chegam. Se esqueceu? — Por um instante ela tirou os olhos da rua e os encontrou com os meus.

Eu não digo que eu tinha me esquecido, mas que apenas não havia lembrado. Foi combinado que Amélia dormiria junto de Joana e Thomas numa improvisada com alguns cobertores no chão ao lado da minha. Eu e mamãe já havíamos conversado sobre a possibilidade de comprarmos uma bicama para que quando eu recebesse amigos em casa eles não precisassem dormir literalmente no chão, entretanto, ela garantiu que isto talvez só seria possível no ano seguinte.

Thomas... ele dormiria no mesmo quarto que eu. Eu nem me lembrava como era conversar com ele pessoalmente, sendo que a última vez que conversamos foi por mensagem, na manhã quando ele me deu um conselho que me fez questionar seriamente se ele tinha realmente apenas dezesseis anos ou secretamente sessenta.

Eu nem tinha certeza se ele viria, pois quando mamãe pediu para eu convida-lo pelo celular, implorei para que ela pedisse à vovó, afinal, por algum motivo eu estava... com vergonha? Tímido? A questão é que quando eu e ele nos conhecemos, Vini e eu estávamos de certo modo brigados, mas agora, ainda não namorávamos, mas já tínhamos andado de mãos dadas pelo corredor e nos beijado na frente de duas escolas inteiras. Suponho que estávamos ficando sério.

Eu realmente gostava do Vinicius, mas talvez eu tivesse um certo medo de no momento em que visse Thomas, relembrasse de tudo que vivemos e sentimos e que eu começasse a gostar dele também. Todos nós sabemos que gostar de duas pessoas é complicado e sempre dá problema... bem, pelo menos é o que eu sempre vejo em posts e vídeos de relatos na internet.

— Está pensando no que, filho? — Joana perguntou, me arrancando dos meus próprios pensamentos no mesmo instante.

Engoli em seco. Eu nunca comentei com minha mãe sobre as coisas que aconteciam na escola além das notas altas que eu tirava... mas, levando em consideração que ela havia me escolhido para fazer parte de um momento tão importante e especial em sua vida depois do meu nascimento, talvez ela merecesse este tipo de conversa em troca.

— Eu sinceramente nem sei por onde começar, mãe. — Ri sem graça.

— Olha, eu vou dizer uma palavra e você começa a me contar a partir da primeira pessoa que aparecer em sua mente.

— Ok?

— Paixão.

Vinicius foi a primeira pessoa que apareceu em minha mente, mas depois acabei lembrando de Thomas, sendo que eu nem estava apaixonado por ele e, não estar apaixonado por ele, me fez lembrar de Ethan. Resumindo, não consegui começar a explicar nada do mesmo jeito.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora