14 • O desentendimento no refeitório

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Haviam se passado um mês depois que Gabriela e eu discutimos, e até então nós não estávamos nos falando. Algumas vezes nossos olhares se cruzavam pelos corredores, mas nada além disso. Sempre que eu a via, ela estava acompanhada de Alice, e cada vez mais elas estavam ficando... íntimas.

Era perceptível que Vinicius sentia falta de nós três juntos. Ele comentava que se sentia divido e que faria de tudo para tentar nos unir novamente, e eu sempre acabava dizendo que só o tempo passando seria capaz de realizar tal desejo.

Eu fiquei mal por uma semana, e depois eu comecei a me acostumar a ficar sem Gabriela. Eu sentia muita falta dela, cada vez que acontecia algo de interessante eu pensava em contar para ela, mas logo em seguida eu lembrava que não conversávamos mais, o que acabava me deixando para baixo.

E então era uma Segunda-feira. Vini e eu sentamos num banco no hall principal para aguardamos o horário da primeira aula.

— Odeio Segundas-feiras, por que elas têm que ser tão chatas? —  Vini comentou enquanto expressava seu desânimo no rosto.

— Não sei não... talvez seja só algo psicológico, tipo, só de sabermos que é Segunda-feira, automaticamente já ficamos desanimados.

— Se a Gabi estivesse aqui, com certeza ela iria nos deixar animados...  — Vini disse cabisbaixo, arregalando os olhos logo em seguida, —  oh, desculpe por falar... hmm, dela.

— Tudo bem...

De repente nós dois vimos Gabriela e Alice entrarem pela porta principal que dava ao hall onde estávamos. Em minha cabeça tudo se mexia em câmera lenta. Gabriela Monteiro estava linda e com os sorrisos mais esbeltos que nunca. Ela parecia não lembrar mais de mim.

"Será que ela já superou?", pensei. "Será que ela sequer sofreu um pouco por causa das nossas discussões?".

Ela e Alice foram para os corredores e sumiram de minha vista. Em nenhum momento Gabi olhou para mim. Eu não fiquei triste, mas fiquei cabisbaixo, o que quase sempre acontecia quando eu via Gabriela.

Como de costume, Vini percebeu meu humor e me abraçou de lado. Eu amava quando Vinicius me abraçava, eu me sentia extremamente protegido e amado, mas em público tal demonstração de carinho me incomodava, afinal eu ainda me importava bastante com opiniões alheias sobre qualquer coisa relacionada à minha sexualidade. Eu não deveria me sentir assim, era apenas um abraço, homens héteros vivem abraçando uns aos outros; mas comigo é diferente, eu era gay, os olhares de julgamentos sempre se concentrariam em mim.

Finalmente o sinal tocou e Vini e eu fomos até a sala de aula de Português.


Um tempo depois...

Era aula de Artes e a incrível magia daquela aula sempre me fazia ficar mais alegre. A sala estava com várias cadeiras espalhadas pelo ambiente, e na frente de cada cadeira havia uma tela de pintura posta em seu suporte. Provavelmente seria aula de pintura, uma das minhas favoritas.

—  Amo ver este sorriso! — Vini disse.

Eu sorri e dei um soco leve no ombro de Vinicius, o que o fez rir e colocar seu braço em meu ombro. Notei que ultimamente Vini me abraçava muito.

"Será que ele gosta de mim?", pensei enquanto encarava Vini sem ele perceber. 

— Vini...

— Oi?

— Você gosta de mim? — Perguntei sentindo que não haveria nada a perder.

— Mas que droga de pergunta é essa? Mas é claro que eu gosto, somos amigos...

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora