48 • O casamento

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— Seja gentil, Nick! — mamãe pediu logo quando recebeu uma mensagem de vovó, dizendo que já estavam chegando.

— Por que eu não seria?

Ela franziu as sobrancelhas e nós dois fomos até a calçada, animados. O dia estava péssimo, pois o céu estava escuro coberto por nuvens, dando a certeza de chuva naquela tarde, entretanto, aquela seria a primeira vez que receberíamos vovó em nossa casa, portanto nada conseguiria estragar este momento. Joana e eu passamos o dia inteiro ontem limpando a casa e a deixando impecável como jamais esteve. Ela pediu para que eu deixasse meu quarto bem arrumado e com o chão bem limpo, pois nele colocaríamos cobertas para servirem de cama a Thomas. Minha barriga estava doendo — o que não era novidade alguma.

Amelia tinha enviado a placa do carro Uber em que estava, portanto, reconheci o ele logo quando apareceu virando a esquina.

— Está com vontade de ir ao banheiro, querido? — mamãe perguntou debochada, pois conhecia meus pequenos momentos de ansiedade perante qualquer situação nova que me obrigasse a sair da minha zona de conforto.

O carro parou em frente de nós dois parados em pé na calçada e demorou um pouco para que a porta do banco de trás fosse aberta, afinal certamente vovó estava dando gorjeta ao motorista.

A porta abriu e Amélia foi a primeira pessoa que saiu. Ela como sempre estava vestida de maneira exótica e diferente. Usava uma calça apertada rosa pink que obviamente não combinava com sua sapatilha roxa brilhante, o que não poderia ser pior pela camiseta estilo pele de onça que vestia.

— Nick, queriiiidoooo! — Ela correu em minha direção para me dar mais um de seus fortes e gostosos abraços dos quais eu amava e nunca me cansava de receber. — Você está bem? Como está a escola? Os amigos? Nick quero que me conte tudo!

— Vamos ter ainda muito tempo para falarmos sobre isso — respondi sorrindo logo depois que nos afastamos do abraço.

— Certamente vai! — ela falou ao colocar uma das mãos em meu rosto. — Joaaaaaaanaaaa, como vai, minha querida? — Amélia correu para dar um abraço em mamãe.

Fiquei tão distraído com a situação que havia me esquecido de Thomas. Olhei à porta do carro que vovó deixara aberta e as pontadas em minha barriga voltaram no instante em que vi o primeiro pé dele trocar o chão, e então veio o outro, as pernas, em seguida seu peitoral, que por fim revelou seu rosto, mostrando que ele havia decidido deixar o cabelo crescer novamente, mas não tanto quanto era quando nos conhecemos.

Nos olhos se cruzaram como se fosse a primeira vez que isso acontecia. Na minha cabeça, enquanto ao lado em câmera lenta minha vó e mãe conversavam sobre a viagem, Thomas parecia aproveitar cada segundo dos quais pareciam uma eternidade para mim. Ele fechou a porta do Uber, passou a mão no cabelo e olhou para mim.

— E aí, Nicholas! — Sua voz ecoou em meus ouvidos ao mesmo tempo que o trovão ecoava nos céus.

— E-e-e-e-e a-a-í, T-t-t-t...

— ... Thomas? — completou, me deixando sem graça.

— Sim.

Ele estendeu sua mão para me cumprimentar e demorei um pouco para processar algo tão comum como aquilo. Quando me dei conta do quão idiota eu estava sendo, estendi a minha e ambos nos cumprimentamos.

Sua mão estava exatamente da maneira como eu havia conhecido nas férias de julho. Áspera, mas também macia, sobretudo quente e úmida. Apertar sua mão me deixou sem fôlego e, mesmo com a garganta seca, eu engolia muitas vezes num curto espaço de tempo.

No momento foi inevitável acabar lembrando de Vinicius. Eu e Vini estávamos ficando sério, mas eu sempre acabava pensando no fato de sermos amigos, entretanto, com Thomas era diferente. Nós não tínhamos uma história longa de amizade.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora