Depois do meu encontro com Vinicius, as coisas pareceram fluir muito mais facilmente entre nós dois. Na semana seguinte, Gabriela e Amalie já podiam perceber em nossos olhares que as coisas entre nós se tornavam mais reais a cada instante.
— Obrigada por nos contar sobre o namoro de vocês! — Gabi ironizou enquanto esperava eu pegar meus livros no armário. Enquanto isso, Vini e A temiam o rumo daquela conversa logo ao lado.
— Que namoro? — respondi rindo e com o barulho da porta do armário fechando colocando fim na conversa.
Nós quatro rimos. Gabi e Am foram à sala de sua próxima aula, enquanto eu e Vini fomos para a nossa.
Era muito bom ter Vinicius por perto e estar, de certa forma, mais próximo dele, entretanto, as apresentações finais dos clubes estavam chegando e um mês restante não parecia nos fornecer tempo o suficiente para deixar tudo perfeito.
Os dias foram se passando e Alice gritava cada vez mais alto a cada novo ensaio.
— Cala a boca que eu não sou surda! — Uma garota do segundo ano gritou em resposta à uma ordem que Alice havia dado em um dos ensaios. Ambas começaram uma briga e foram parar na diretoria. Aquela situação havia sido a mais emocionante em praticamente todo o mês, pois de resto, tudo que sentíamos era pressão e medo da nossa performance final.
Violinos desafinados, cordas de violões estourando e tambores explodindo eram poucas das muitas coisas que estavam dando errado. O universo pareceu estar conspirando contra todos os alunos. Aparentemente, na vida não tem como tudo estar perfeitamente bem. A partir do momento em que Vinicius e eu saltamos um grande degrau em nossa relação, os projetos escolares pareceram desabar. Todos os clubes começaram a desmoronar.
— O Antoine está jogando bem, mas agora um outro menino decidiu desaprender a jogar! — Vini comentou enquanto almoçava depressa.
— A Mônica, vulgo, garota que vai interpretar a Julieta, vulgo de novo, a personagem principal, agora esquece todas as falas que ensaiou — Gabriela quase chorava numa manhã quando chegou na escola com o celular na mão. — Até eu sei todas as falas dela de cor.
— O clube de música não consegue acompanhar nossas vozes! — Amalie admitiu durante um café da manhã.
— Como se vocês super conseguissem atingir a nota que as músicas exigem, né? — rebati seco.
Estava sendo um mês denso. A energia na escola estava pesada e nenhum aluno se preocupava em pelo menos tentar olhar a situação com uma visão mais positiva.
Exatamente uma semana antes das apresentações finais, tudo mudou. Os instrumentos musicais magicamente não quebraram mais. O clube de música finalmente conseguiu acompanhar as vozes do clube do musical, que agora já conseguia alcançar as notas que as músicas exigiam. A Julieta conseguia interpretar mais que nunca seu papel e o time da escola finalmente começou a acertar mais cestas que o normal.
Chegou o momento do último ensaio de todos, dois dias antes das apresentações finais. Eu estava junto com o grupo de música num canto específico da plateia no auditório, quando ao longe vi Alice tentando pendurar algumas folhas de plástico na parede do fundo do palco, a fim de deixar o cenário para a peça impecável. Ela não estava conseguindo alterar entre manter o equilíbrio na escada em que estava e conseguir colar as folhas com fita adesiva. Decidi ajudar.
— Não preciso da ajuda de ninguém! — ela falou alto, quase gritando, rude. — Droga! — Algumas folhas já prendidas descolaram e caíram no chão.
— Acho que precisa sim de ajuda — falei, ignorado o modo do qual estava sendo tratado.
Ela revirou os olhos e desceu da escada. Com as mãos na cintura olhando para o chão cheio de folhas falsas de plástico soltas e espalhadas, Alice olhou pra mim e depois de um suspiro, ordenou:
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O melhor ano do nosso colegial
Novela JuvenilNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...