Era o meu primeiro dia no clube de música. Clarice, a professora de música, havia me garantindo que eu iria adorar a experiência, então busquei confiar em sua palavra, pois não eram as únicas que eu tinha.
Já ouvi pessoas dizendo péssimas coisas a respeito do clube de música.
— Lá só os perdedores dos perdedores participam.
— Você quer perder um ano da sua vida?
— Você quer perder sua vida social?
— Dizem que os instrumentos de sopro dão sapinho.
Procurei ignorar tudo de possível que eu tinha ouvido até então.
Depois da última aula, Gabi e Vini foram para o auditório e eu fui para a sala de música, onde era a sede do clube de música obviamente.
Quando entrei na sala, todos sem exceção olharam para mim maravilhados. Me senti um pouco incomodado, afinal eram alunos do primeiro, segundo e terceiro ano dos quais muitos eu nunca tinha nem visto na vida.
— Estávamos esperando por você Nicholas! — Disse um garoto um tanto quanto acima do peso com um grande sorriso escondido pelas suas bochechas.
— C-como assim? — Gaguejei sem querer. — Como sabe meu nome? — Ri de nervoso achando toda a situação meio constrangedora.
— Como sabemos seu nome? Nicholas, por aqui você é bem famoso! — Disse uma menina cujo óculos parecia ser maior que toda sua cabeça. O sorriso da menina era tão grande que dava para ver seu aparelho azul marinho de longe.
— Famoso? — Perguntei dessa vez convicto de que não sabia o que estava acontecendo.
— Todos da escola sabem sobre o quão bem você tocou numa aula de música — Um garoto loiro com os cabelos jogados para o lado explicou enquanto vinha na minha direção. — Nós do clube queríamos muito a sua presença conosco! Aliás, meu nome é José, sou do terceiro ano e sou o líder do clube de música.
— Prazer José! — Eu disse apertando sua mão que era tão calorosa como sua aparência. — E que prazer!
— Como?
— Nada não. — Eu ri.
— Meu nome é Gabriel! — O garoto acima do peso se apresentou acenando de longe.
— O meu é Isadora! — Disse a garota de outrora.
E então todos os alunos começaram um por um a dizer seus nomes, dos quais eu só consegui decorar o de Gabriel, Isadora e o do maravilhoso José.
Eu durante toda a minha vida nunca tinha passado por uma situação parecida. Geralmente sempre era eu quem idolatrava e não que era idolatrado. Aquilo tudo foi um pouco estranho para mim, mas logo depois me senti normal quando fui convidado a sentar na roda de cadeiras para participar de uma dinâmica que José havia proposto.
— Galera! — Disse ele. — Agora que todos do clube estão juntos aqui e meio que já se conhecem, vamos fazer algo bem interessante. Peço para que todos se dirijam até o fundo da sala e peguem o instrumento que vocês consideram combinar mais com a personalidade de vocês, e tragam o que menos combina também!
Então todos se levantaram e foram até o fundo da sala para pegar os respectivos instrumentos. Peguei um violino que representava algo que eu considerava combinar comigo, eu fiquei por um momento pensativo sobre qual seria o instrumento que menos combinaria comigo, então acabei escolhendo o que menos me interessava em aprender a tocar, o que foi um tambor.
Todos se sentaram novamente e José ficou de pé.
— Pronto! Agora quero que cada um de vocês toque o instrumento que combina com vocês pensando em coisas que lhe fazem ficar tristes ou desanimados, e com os que vocês julgaram não combinar com vocês, quero que toquem ele pensando em coisas que te deixam felizes.
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O melhor ano do nosso colegial
Novela JuvenilNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...