10 • O clube de música

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Era o meu primeiro dia no clube de música. Clarice, a professora de música, havia me garantindo que eu iria adorar a experiência, então busquei confiar em sua palavra, pois não eram as únicas que eu tinha.

Já ouvi pessoas dizendo péssimas coisas a respeito do clube de música.

— Lá só os perdedores dos perdedores participam.

— Você quer perder um ano da sua vida?

— Você quer perder sua vida social?

— Dizem que os instrumentos de sopro dão sapinho.

Procurei ignorar tudo de possível que eu tinha ouvido até então.

Depois da última aula, Gabi e Vini foram para o auditório e eu fui para a sala de música, onde era a sede do clube de música obviamente.

Quando entrei na sala, todos sem exceção olharam para mim maravilhados. Me senti um pouco incomodado, afinal eram alunos do primeiro, segundo e terceiro ano dos quais muitos eu nunca tinha nem visto na vida.

— Estávamos esperando por você Nicholas! — Disse um garoto um tanto quanto acima do peso com um grande sorriso escondido pelas suas bochechas.

— C-como assim? — Gaguejei sem querer. — Como sabe meu nome? — Ri de nervoso achando toda a situação meio constrangedora.

— Como sabemos seu nome? Nicholas, por aqui você é bem famoso! — Disse uma menina cujo óculos parecia ser maior que toda sua cabeça. O sorriso da menina era tão grande que dava para ver seu aparelho azul marinho de longe.

— Famoso? — Perguntei dessa vez convicto de que não sabia o que estava acontecendo.

— Todos da escola sabem sobre o quão bem você tocou numa aula de música — Um garoto loiro com os cabelos jogados para o lado explicou enquanto vinha na minha direção. — Nós do clube queríamos muito a sua presença conosco! Aliás, meu nome é José, sou do terceiro ano e sou o líder do clube de música.

— Prazer José! — Eu disse apertando sua mão que era tão calorosa como sua aparência. — E que prazer!

— Como?

— Nada não. — Eu ri.

— Meu nome é Gabriel! — O garoto acima do peso se apresentou acenando de longe.

— O meu é Isadora! — Disse a garota de outrora.

E então todos os alunos começaram um por um a dizer seus nomes, dos quais eu só consegui decorar o de Gabriel, Isadora e o do maravilhoso José.

Eu durante toda a minha vida nunca tinha passado por uma situação parecida. Geralmente sempre era eu quem idolatrava e não que era idolatrado. Aquilo tudo foi um pouco estranho para mim, mas logo depois me senti normal quando fui convidado a sentar na roda de cadeiras para participar de uma dinâmica que José havia proposto.

— Galera! — Disse ele. — Agora que todos do clube estão juntos aqui e meio que já se conhecem, vamos fazer algo bem interessante. Peço para que todos se dirijam até o fundo da sala e peguem o instrumento que vocês consideram combinar mais com a personalidade de vocês, e tragam o que menos combina também!

Então todos se levantaram e foram até o fundo da sala para pegar os respectivos instrumentos. Peguei um violino que representava algo que eu considerava combinar comigo, eu fiquei por um momento pensativo sobre qual seria o instrumento que menos combinaria comigo, então acabei escolhendo o que menos me interessava em aprender a tocar, o que foi um tambor.

Todos se sentaram novamente e José ficou de pé.

— Pronto! Agora quero que cada um de vocês toque o instrumento que combina com vocês pensando em coisas que lhe fazem ficar tristes ou desanimados, e com os que vocês julgaram não combinar com vocês, quero que toquem ele pensando em coisas que te deixam felizes.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora