Eu estava me observando no espelho do meu guarda-roupa quando mamãe chegou na porta e encostou em seu batente de madeira.
— Eu tinha certeza de que você escolheria essa camiseta para ir hoje à palestra. Sei que é a sua preferida. Combinou muito bem com essa calça que compramos.
— Minha vó, sua mãe, quem me deu a camiseta...
— Sim, eu lembro como se fosse ontem seu aniversário do ano passado. Agora meu filho está quase um adulto — ela disse caminhando até mim. Quando chegou, apalpou meus ombros, como se quisesse arrumar mais ainda minha camiseta branca com um coração vermelho de Pixel estampado na frente.
— Foi meu último aniversário com o papai...
Joana colocou a mão em minhas bochechas, me encarou nos olhos e procurou toca-los profundamente.
— Não quero que relembre dele Nick... eu o amava também, mas o que ele fez não se faz com ninguém, — ela aconselhou quase deixando com que as lágrimas formadas em seus olhos caíssem.
— Não tocarei mais no assunto, eu juro!
E com um sorriso ela me deu alguns tapas leves em minhas costas e fui em direção da escada para descer e chegar ao carro, respondendo algumas perguntas durante todo o percurso.
— Escovou os dentes?
— Sim!
— A camiseta está amassada?
— Mãe, você acabou de verificar...
— Passou perfume?
— É só uma palestra MÃE! Para ALUNOS!
— Vai saber... meu filho tem que estar cheiroso para causar boas impressões! Tomou café?
— Mãe, você até tomou comigo... te ajudei com a louça...
— Ah sim, claro, é mesmo...
As perguntas terminaram quando nos demos conta de que estávamos dentro do carro.
— Vamos? — ela perguntou.
— Obviamente, — eu sorri.
Ela ligou o carro, deu a partida e fomos até a escola. Indo de carro fez com que a viagem fosse relativamente rápida, mas iria demorar um pouco mais de ônibus, o que eu teria que pegar todos os dias.
Chegamos e entramos. A escola era enorme e com suas paredes constituídas por tijolos vermelhos, era linda. Tinham vários alunos com seus pais entrando também. Como eu sabia o caminho até o auditório, automaticamente fui guiando mamãe até lá. Entramos e sentamos.
Tinham algumas pessoas lá dentro, na verdade não eram algumas, eram até que muitas, entretanto, o auditório era tão grande que as muitas pessoas que já estavam lá pareciam ser poucas.
Enquanto sentado, pude notar os adolescentes — meu futuros colegas de série — entrando e sentando com seus pais. De longe eu pude notar as tribos de estudantes: Os ricos, os populares, os rebeldes, os nerds, mas sem ser aquilo tudo de filme e histórias clichês, eram como na vida real mesmo, nada estereotipado, apenas sendo todos perceptíveis aos meus olhos de onde cada um pertencia.
Fiquei observando para ver se encontrava Ethan, e pela minha surpresa acabei encontrando ele entrando depois de um tempo que eu e Joana já tínhamos sentado. Ele não estava acompanhando nem com a mãe e nem com o pai. Estava sozinho.
"Será que ele é hétero?", pensei.
Confesso que estava esperando com que ele me visse e me cumprimentasse, afinal dei comissão a ele... seria legal retribuir o favor fazendo de tudo menos me ignorar, o que infelizmente aconteceu.
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O melhor ano do nosso colegial
Teen FictionNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...