3 • A palestra

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Eu estava me observando no espelho do meu guarda-roupa quando mamãe chegou na porta e encostou em seu batente de madeira.

— Eu tinha certeza de que você escolheria essa camiseta para ir hoje à palestra. Sei que é a sua preferida. Combinou muito bem com essa calça que compramos.

— Minha vó, sua mãe, quem me deu a camiseta...

— Sim, eu lembro como se fosse ontem seu aniversário do ano passado. Agora meu filho está quase um adulto — ela disse caminhando até mim. Quando chegou, apalpou meus ombros, como se quisesse arrumar mais ainda minha camiseta branca com um coração vermelho de Pixel estampado na frente.

— Foi meu último aniversário com o papai...

Joana colocou a mão em minhas bochechas, me encarou nos olhos e procurou toca-los profundamente.

— Não quero que relembre dele Nick... eu o amava também, mas o que ele fez não se faz com ninguém, — ela aconselhou quase deixando com que as lágrimas formadas em seus olhos caíssem.

— Não tocarei mais no assunto, eu juro!

E com um sorriso ela me deu alguns tapas leves em minhas costas e fui em direção da escada para descer e chegar ao carro, respondendo algumas perguntas durante todo o percurso.

— Escovou os dentes?

— Sim!

— A camiseta está amassada?

— Mãe, você acabou de verificar...

— Passou perfume?

— É só uma palestra MÃE! Para ALUNOS!

— Vai saber... meu filho tem que estar cheiroso para causar boas impressões! Tomou café?

— Mãe, você até tomou comigo... te ajudei com a louça...

— Ah sim, claro, é mesmo...

As perguntas terminaram quando nos demos conta de que estávamos dentro do carro.

— Vamos? — ela perguntou.

— Obviamente, — eu sorri.

Ela ligou o carro, deu a partida e fomos até a escola. Indo de carro fez com que a viagem fosse relativamente rápida, mas iria demorar um pouco mais de ônibus, o que eu teria que pegar todos os dias.

Chegamos e entramos. A escola era enorme e com suas paredes constituídas por tijolos vermelhos, era linda. Tinham vários alunos com seus pais entrando também. Como eu sabia o caminho até o auditório, automaticamente fui guiando mamãe até lá. Entramos e sentamos.

Tinham algumas pessoas lá dentro, na verdade não eram algumas, eram até que muitas, entretanto, o auditório era tão grande que as muitas pessoas que já estavam lá pareciam ser poucas.

Enquanto sentado, pude notar os adolescentes — meu futuros colegas de série — entrando e sentando com seus pais. De longe eu pude notar as tribos de estudantes: Os ricos, os populares, os rebeldes, os nerds, mas sem ser aquilo tudo de filme e histórias clichês, eram como na vida real mesmo, nada estereotipado, apenas sendo todos perceptíveis aos meus olhos de onde cada um pertencia.

Fiquei observando para ver se encontrava Ethan, e pela minha surpresa acabei encontrando ele entrando depois de um tempo que eu e Joana já tínhamos sentado. Ele não estava acompanhando nem com a mãe e nem com o pai. Estava sozinho.

"Será que ele é hétero?", pensei.

Confesso que estava esperando com que ele me visse e me cumprimentasse, afinal dei comissão a ele... seria legal retribuir o favor fazendo de tudo menos me ignorar, o que infelizmente aconteceu.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora