50 • Ano Novo

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Eu queria vestir logo a camiseta que Thomas me dera na noite de Natal, mas eu me fiz prometer a mim mesmo que a usaria apenas na noite da passagem do ano. Nunca fui muito supersticioso, entretanto, a ideia de usar uma camiseta branca com um coração de todas as cores me deixava aliviado para a chegada do ano seguinte.

Mamãe dissera que todos iríamos juntos andando até a praça do bairro, pois lá seriam lançados muitos fogos de artifício, assim como acontecia todo ano. Seria a primeira vez de Thomas e Jonathan lá, portanto, seria especial. Vovó garantiu que havia visto na internet uma notícia que naquele ano seriam lançados duas vezes mais fogos do que no ano passado. Estávamos ansiosos.

Nas poucas noites seguintes depois da ceia de Natal, Thomas e eu dormimos juntos em todas elas. Eu gostava de dormir com ele, pois ele me abraçava. E eu amo quando me abraçam; ainda mais enquanto durmo, pois este é talvez o momento em que mais estamos vulneráveis.

Na parede ao lado da cama, ele colou o desenho que eu lhe dera de presente e garantiu que enxeria aquela parede de lembranças. Foi interessante a sensação de ter influenciado alguém a fazer algo como aquilo, pois certamente ele se baseou na minha parede que havia visto quando dormiu em casa.

Logo cedo, perguntei para Amélia se comeríamos seu famoso arroz com lentilha antes de irmos à praça. Sempre tive medo de não jantarmos este prato e algo ruim acontecesse depois, mesmo eu tentando não ser supersticioso.

— Claro, Nick querido.

O dia em sua totalidade foi bem... chato. Passei praticamente o tempo todo ao celular com os olhos vidrados em meu feed do Instagram, enquanto Thomas no sofá próximo de mim fazia exatamente o mesmo.

Amélia, Joana e Jonathan haviam saído para dar uma caminhada e apresentar o bairro para Jonathan, portanto, Tom e eu estávamos sozinhos em casa. Entediados.

Num certo momento ele virou a tela de seu celular na minha direção, o que acabou tirando minha concentração da tela por algum tempo.

— Você já viu o perfil desse cara, Nicholas? Ele sempre tirando fotos em topos de prédios altíssimos.

— Por que você me chama de Nicholas?

— Não é seu nome?

Revirei os olhos e me contive em não levantar para lhe dar um soco quando ele riu em tom de deboche.

— Você tá ansioso pro ano que vem, Thomas?

— Por que você me chama de Thomas?

— Ah, cala boca e só responde.

— Então, pra mim é só um número que muda. Se você parar pra pensar, todo dia muda um número no calendário. É só mais um ano. — Era verdade. Fazia todo o sentido. — E você?

— Depois disso, acho que perdi toda a alegria e excitação, para ser sincero. — Ri sem graça.

— Talvez será um ano terrível pra você, Nicholas.

— Por quê?

Ele olhou para mim e eu para ele.

— Porque vai ficar muito tempo sem me ver.

— Ah já chega.

Levantei e fui até seu sofá para lhe bater.

— Tem certeza que vai fazer isso? — perguntou largando seu celular de lado e posicionando seus braços na defensiva.

Pulei em cima dele e ambos caímos no chão. Ele ficou em cima de mim, segurando meus braços contra o chão. Mas com meu joelho, acertei sua pélvis, assim o fazendo cair ao lado para que eu finalmente pudesse ficar em cima de seu corpo.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora