Depois de ouvir repetidas vezes as mesmas perguntas que mamãe sempre me fazia antes de eu sair de casa, consegui colocar a mochila em minhas costas e ir até o ponto para pegar o ônibus.
— Pegou o casaco? — perguntou minha mãe, ao que parecia ser sua última pergunta.
— Mãe estamos no verão, relaxa!
— Pois bem, então passou o protetor solar, certo?
— Sim!
— E o lanche para comer no café da manhã? Não quero que você passe fome!
— MÃE!
— Ok, vai embora logo antes que eu te faça chegar atrasado.
Comecei a caminhar em direção a calçada, mas quando olhei para trás e vi mamãe parada na porta me observando partir, não resisti em voltar para lhe dar um abraço.
— Muito obrigado por cuidar tão bem de mim durante todos estes anos mãe! Sou adolescente e sinto que agora posso andar com minhas próprias pernas! Enfrentar este primeiro dia na escola nova certamente me trará muitos aprendizados. Obrigado mãe!
E com um abraço bem apertado, procurei sair o mais rápido possível para que mamãe acabasse não sofrendo tanto com a saudade.
Quando cheguei no portão, consegui ouvir de fundo sua voz.
— No final do dia eu também vou te contar como foi no trabalho!
Novamente voltei correndo até ela.
— Conseguiu o emprego?
— Sim! — ela respondeu sorrindo não se importando em evitar com que as lágrimas deslizassem sobre seu rosto. — Eu queria te contar depois, mas é sempre melhor não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje não é mesmo?
As frases que minha mãe sempre dizia ficavam guardadas num lugar especial da minha memória. Sempre que eu podia em situações adequadas eu as usava, e muitas vezes era chamado de velho por isso, algo com o que eu nunca me importei.
— Agora realmente tenho que ir... tchau!
E num piscar de olhos eu já estava dentro do ônibus, pronto para meu primeiro dia. O medo ainda estava comigo, mas sua intensidade não me incomodava de modo algum.
~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~
Cheguei na escola. Havia alguns alunos em sua fachada, mas não muitos, e os que chegavam entravam sem hesitar.
De longe era possível identificar os alunos do segundo e terceiro ano. O tipo mais fácil era os do primeiro, pois assim como eu, aparentavam estarem perdidos sem saber direito por onde ir. A sorte de todos era que toda escola tem uma porta de entrada, e se há esta porta, provavelmente passando por ela resultará em corredores e salas de aula. Não tem como se perder.
Entrando pela porta eu me deparei com um corredor constituído por armários amarelos embutidos nas paredes. Facilmente a Jorge Dallas poderia ser confundida com uma escola americana.
Enquanto eu andava pelo corredor, eu procurava por Ethan Marquês para ver se conseguia encontra-lo e dizer um oi. Eu tinha o meu primeiro crush de ensino médio e estava sendo uma experiência interessante para mim. Muitos pensamentos invadiram minha cabeça a respeito de Ethan, sobre sua sexualidade e o nosso futuro juntos quando acabei sendo interrompido.
— Eae Pabllo!
— Pabllo? — Perguntei ao menino que implicou comigo no dia da palestra, que hoje estava com mais dois meninos o acompanhando, um de cada lado.
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O melhor ano do nosso colegial
Teen FictionNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...