4 • O primeiro dia de aula

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Depois de ouvir repetidas vezes as mesmas perguntas que mamãe sempre me fazia antes de eu sair de casa, consegui colocar a mochila em minhas costas e ir até o ponto para pegar o ônibus.

— Pegou o casaco? — perguntou minha mãe, ao que parecia ser sua última pergunta.

— Mãe estamos no verão, relaxa!

— Pois bem, então passou o protetor solar, certo?

— Sim!

— E o lanche para comer no café da manhã? Não quero que você passe fome!

— MÃE!

— Ok, vai embora logo antes que eu te faça chegar atrasado.

Comecei a caminhar em direção a calçada, mas quando olhei para trás e vi mamãe parada na porta me observando partir, não resisti em voltar para lhe dar um abraço.

— Muito obrigado por cuidar tão bem de mim durante todos estes anos mãe! Sou adolescente e sinto que agora posso andar com minhas próprias pernas! Enfrentar este primeiro dia na escola nova certamente me trará muitos aprendizados. Obrigado mãe!

E com um abraço bem apertado, procurei sair o mais rápido possível para que mamãe acabasse não sofrendo tanto com a saudade.

Quando cheguei no portão, consegui ouvir de fundo sua voz.

— No final do dia eu também vou te contar como foi no trabalho!

Novamente voltei correndo até ela.

— Conseguiu o emprego?

— Sim! — ela respondeu sorrindo não se importando em evitar com que as lágrimas deslizassem sobre seu rosto. — Eu queria te contar depois, mas é sempre melhor não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje não é mesmo?

As frases que minha mãe sempre dizia ficavam guardadas num lugar especial da minha memória. Sempre que eu podia em situações adequadas eu as usava, e muitas vezes era chamado de velho por isso, algo com o que eu nunca me importei.

— Agora realmente tenho que ir... tchau!

E num piscar de olhos eu já estava dentro do ônibus, pronto para meu primeiro dia. O medo ainda estava comigo, mas sua intensidade não me incomodava de modo algum.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Cheguei na escola. Havia alguns alunos em sua fachada, mas não muitos, e os que chegavam entravam sem hesitar.

De longe era possível identificar os alunos do segundo e terceiro ano. O tipo mais fácil era os do primeiro, pois assim como eu, aparentavam estarem perdidos sem saber direito por onde ir. A sorte de todos era que toda escola tem uma porta de entrada, e se há esta porta, provavelmente passando por ela resultará em corredores e salas de aula. Não tem como se perder.

Entrando pela porta eu me deparei com um corredor constituído por armários amarelos embutidos nas paredes. Facilmente a Jorge Dallas poderia ser confundida com uma escola americana.

Enquanto eu andava pelo corredor, eu procurava por Ethan Marquês para ver se conseguia encontra-lo e dizer um oi. Eu tinha o meu primeiro crush de ensino médio e estava sendo uma experiência interessante para mim. Muitos pensamentos invadiram minha cabeça a respeito de Ethan, sobre sua sexualidade e o nosso futuro juntos quando acabei sendo interrompido.

— Eae Pabllo!

— Pabllo? — Perguntei ao menino que implicou comigo no dia da palestra, que hoje estava com mais dois meninos o acompanhando, um de cada lado.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora