Caminhando pela calçada sem nos falarmos, ambos percebíamos o quão bonita era a vista aos arredores. O sol parecia brilhar mais do que nunca, assim como meus olhos toda vez que passavam pelos de Thomas.
Thomas andava na frente e eu o seguia por atrás. Eu queria conversar, mas não sei porque não conseguia soltar uma só palavra da minha boca.
— Quieto aqui, não? — Thomas finalmente disse algo.
— Sim...
— Vamos conversar!
— Vamos! — concordei, acelerando um pouco mais o passo a fim de andar ao lado dele.
— Me fala um hobby seu, Nicholas.
— Hmmm, ouvir música? E você?
— Gosto de ler livros de ciência, mais especificamente sobre o universo. Pareço ser um garoto burro mas posso surpreender bastante de vez em quando, sabe?
Viramos a esquina cujas casas por todo o quarteirão possuíam cercas de arbustos bem volumosos. As árvores da calçada da rua pela qual andávamos eram mais verdes que qualquer uma outra que eu já havia visto.
— Então me surpreenda, Thomas! — eu apostei brincando com o que ele dissera sobre surpreender de vez em quando.
Ele se virou para mim e me empurrou de costas para a cerca de arbustos da calçada de uma das casas. Assustado, meio perdido com toda a situação, fui surpreendido com um beijo logo quando notei tudo o que estava acontecendo. Tudo o que pude fazer foi aproveitar o momento e passar minhas mãos pelos ombros de Thomas, enquanto ele passava as dele pelo meu quadril e as pousava em minha bunda.
— Caramba — ele sussurrou no meu ouvido logo quando o beijo terminou —, você não sabe a fome que estou sentindo agora.
— Devia ter comido antes de sair de casa, garotão! — debochei da situação.
Empurrei levemente ele para trás e continuei seguindo em frente pela calçada até chegar na esquina.
— E então... viramos para a esquerda ou direita agora? — perguntei, ignorando o que tinha acabado de acontecer nos arbustos.
Thomas revirou os olhos e ambos viramos para a direita.
— Agora eu pergunto! — continuei com o lance de perguntas e respostas que Thomas havia iniciado. — Alguma vez você fez algo que nunca fizera antes, e que quando fez, percebeu que gostou e se arrependeu de ter passado tanto tempo sem experimentar feito antes?
— Sim! Beijar homens.
— Uau. — Eu certamente não estava esperando uma resposta como esta.
— É gostoso também beijar mulheres, você iria curtir!
— Eu mesmo acho que não, obrigado.
— Mas e você, Nicholas... qual é a sua coisa que nunca fez e que quando fez se arrepende por nunca ter feito antes?
— Humm, acho que tocar instrumentos musicais.
— Mas que coisa mais sem graça!
— Esta é a minha vida. Seja bem vindo a ela! — Ri da situação.
Finalmente paramos num quarteirão do qual para frente só se via mato, porém, com um pequeno caminho no centro entre as altas plantas em conjunto. O fim daquele percurso me parecia algo misterioso, algo perigoso... eu queria entrar!
— Você não vai me dizer que vamos passar por aqui, certo? — perguntei fingindo estar receoso, porém, com uma enorme vontade de aventuras reprimida em meu interior.
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O melhor ano do nosso colegial
Novela JuvenilNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...