40 • A ideia

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No dia seguinte, Gabriela faltou. Vinicius, Amalie e eu nos vimos com saudade, enquanto sentados na mesa durante o café da manhã. Estávamos sentindo sua falta, mas não estávamos tristes, pois sabíamos que seus pais a levaram ao médico e tínhamos certeza de que ela ficaria bem.

Depois que Gabi se foi, eu falei com uma das enfermeiras sobre o que aconteceria com ela, e obtive como resposta a possibilidade de ela ter que começar a ir ao psicólogo e, talvez, a um psiquiatra, mas não porque ela era louca, longe disso, mas para que obtivesse ajuda em seu emocional e talvez em alguns hormônios, pois de fato a falta ou o excesso de alguns podem causar mudanças reais no humor das pessoas.

Vinicius disse que havia passado quase a noite inteira pesquisando e se informando na Internet sobre Distúrbios Alimentares, e viu que ele está mais intrínseco em nossa sociedade do que pensamos; ele está na garota do caixa no supermercado, naquela prima distante que você quase não tem notícias, na sua vizinha que sempre lhe dá bom dia com um enorme sorriso no rosto, com a garota do Instagram com um milhão de seguidores e, também, na sua amiga que você pode ou não ter conhecido numa palestra de alunos novos da sua escola.

Amalie sugeriu em levarmos este assunto à Equipe de Ajuda da escola, formada por estudantes que prezam pelo bem-estar de todos, ajudando em lições de casa, questões pessoais, conflitos internos... de tudo. Gabriela faz parte deste grupo, portanto, é mais importante falarmos sobre isso, pois até os próprios integrantes, assim como todos os seres humanos, passam por problemas e, também, precisam de ajuda.

Eu havia perguntado para Vinicius se estava tudo bem entre ele e Caroline e tudo mais; ele explicou que de fato a relação que ambos tinham nem sequer podia ser chamada de relação, e ainda acrescentou que havia chorado pois, por fim, percebera que estava gastando tempo estando com uma pessoa da qual ele nem gostava mais e que poderia ter usado deste tempo para se reaproximar de outras pessoas das quais valeriam mais a pena. Por um momento pensei que "outras pessoas" que ele mencionara, seria sobre mim, mas obviamente não era; imagina, Vinicius Alencar já foi apaixonado por mim, mas agora isto seria impossível.

— Oi pessoal! — Isadora, uma das integrantes do Clube de Música e também garota que um dia foi à festa particular na casa de Gabi, saudou enquanto sentava-se em nossa mesa. Ela estava animada e feliz; nós arregalamos os olhos, mas não por causa da sua animação, e sim, pelos óculos rosa gigantes, maria Chiquinha em seu cabelo castanho, suéter de manga curta listrado com rosa e amarelo e sua bota amarela daquelas que se usa em dia chuvosos. Isadora sempre teve um estilo único.

— Olá — dissemos.

— Gente, que situação aquela de ontem, né?

— Oi, anjo? — Amalie parecia confusa com o que estava acontecendo; não a culpo, porque Vini e eu parecíamos estar numa galáxia distante tanto quanto a dela.

— Bem, eu estava no leito ao lado do de vocês ontem. Eu ouvi tooooooda a conversa de vocês. — Fiquei prestando atenção no seu aparelho nos dentes com cores vibrantes de verde, rosa, amarelo, laranja e azul claro. Olhei para baixo e vi que seus pés cruzados um no outro não paravam de balançar para frente e para trás. — A amiga de vocês vai ficar bem... mas o que vim contar aqui é uma coisa maravilhosa, a melhor ideia do mundo, vocês vão adorar.

— Garota você é maluquinha, hein! — Vinicius admitiu. — Diga.

— Teve uma coisa que a amiga de vocês falou que me fez me perguntar como vocês nunca tiveram pensando em algo parecido com o que eu pensei.

— Amor, se você não nos dizer logo, nunca vamos saber! — falei para que ela dissesse logo e tirasse a agonia em todos da mesa.

— Bem... não sei quem é quem, mas quando ela disse que vocês são um grupo composto por uma atriz, uma cantora e um músico... isso me fez ter a melhor ideia do mundo!

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora