16 • O fim de ótimos momentos

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O dia seguinte chegou e eu já sabia que Vini iria faltar, afinal ele havia me avisado por mensagem na noite passada. A primeira coisa que pensei quando vi sua notificação de mensagem foi no beijo que tínhamos dado um no outro. Obviamente um selinho nem é um beijo praticamente, mas foi demorado e me senti infinitamente especial.

Na tarde de ontem eu tentei conversar com Gabriela pelo celular, mas ela não respondia mensagem alguma, então a deixei em paz. Algo estava certo: tinha de fato mesmo acontecido alguma coisa com Gabi.

Faltaram apenas 20 minutos antes da primeira aula começar, eu estava parado esperando por Gabriela na entrada da Dallas. Já havia se passado bastante tempo depois do primeiro dia de aula, mas eu ainda via vários rostos desconhecidos se passarem por mim, assim como muitos conhecidos também, sendo um destes o de Ethan Marquês.

Ele estava caminhando com vários amigos, e a cada passo que o fazia se aproximar de mim, mais o frio em minha barriga aumentava sua intensidade. Ethan ria e parecia contar muitas piadas, pois todos os seus amigos também não paravam de rir.

Quando ele passou bem ao meu lado pareceu não notar a minha presença. Na verdade, desde o dia em que ele me socou na barriga, ele nunca mais me viu. Não sei ao certo se ele realmente não me via ou se apenas me ignorava.

As vezes eu pensava em contar para todos da escola sobre o que ele havia feito, mas eu tinha um grande receio. Com ele era diferente. Vamos fazer uma comparação entre Ethan e Antoine: Antoine possui notas ruins, suas companhias não são lá muito boas e ele deixa BEM claro para todos que me odeia, mas Ethan... bem, ele tem notas ótimas, seus amigos são as melhores companhias que alguém pode ter e ele é reconhecido por todos os professores. Ninguém NUNCA acreditaria em mim se eu dissesse o que ele já fez, e todos me odiariam se eu contasse. Ethan nunca me via, mas ele sempre estava ali para que eu relembrasse todo santo dia do que havia acontecido naquela Segunda-feira depois da ressaca.

Depois de passar certo tempo perdido em meus pensamentos, vi Gabi chegando. Sem pensar corri em sua direção para perguntar se havia acontecido alguma coisa.

— Não aconteceu nada Nick...— ela respondeu séria enquanto andávamos por um corredor de armários.

— Olhe para você! Está claramente se segurando o máximo que pode para não chorar... por favor Gabriela Monteiro, me conte o que está acontecendo.

Quando chegamos em seu armário, Gabi antes mesmo de abri-lo encostou suas costas nele e começou a chorar. Por instinto nos abraçamos na mesma hora. Gabriela não se preocupava nem um pouco naquele momento em se esconder para que ninguém a visse chorando, obviamente iriam ver, mas e daí? Todos choram, a diferença é que Gabi não estava sozinha num banheiro para fazer isso.

O sinal tocou e em questão de segundos aquele corredor esvaziou, fazendo com que restasse Gabi e eu sentados no chão enquanto apoiados no armário, nos abraçando.

De repente comecei a ouvir passos vindos em nossa direção. Quando olhei para o lado percebi que era o mesmo inspetor que havia me defendido algumas vezes de Antoine.

Ele agachou em nossa frente e ficou cabisbaixo quando percebeu que Gabi estava chorando, o que convenhamos que era algo perceptível de longe.

  — Vocês não podem ficar aqui... se alguém passar e ver que estão cabulando aula, vocês podem se dar bem mal! Venham comigo, rápido.

Nós três levantamos e seguimos o inspetor enquanto eu e Gabi andávamos abraçados um ao outro.

— Qual seu nome? — Perguntei sem hesitar.

— Firmino.

— Como em Carrossel?

— Você é o milésimo a dizer isso este ano.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora