"O que passou e o que virá se emanam em cruz no coração, pois quem ardeu ao sol de uma paixão sabe renascer das cinzas, da solidão."
Marcus Viana
MAIS OU MENOS 30 ANOS ANTES
Em um casebre perto da fazenda Las Diana's uma linda cena se formava. A lua alta brilhava com intensidade em sua fase cheia, o vento trazia o cheiro da erva nova e os pássaros faziam silêncio diante do breu.
Dentro do casebre uma mulher gritava em dores de parto, a cama com colchão de palha acomodava uma linda mulher de cabelos negros e olhos azuis como o mar. Sua pele branca estava repleta de suor e suas bochechas estavam rosadas pela dor do momento. Mas, ela não desistia de tentar trazer seu primeiro filho ao mundo. Somente ela e a mãe estavam naquele lugar, elas só tinham uma a outra e agora lutavam juntas por aquele bebê.- Vamos, Perpetua! Está coroando! - a mulher na cama fazia caras e bocas impondo toda força que podia, mas parecia insuficiente.
- Eu não consigo, mãe... - disse Perpétua respirando com dificuldade e pedindo socorro, com os olhos, para a mãe.
- É seu filho, anda! Faz força! Lute por ele! Anda! - a jovem respirou fundo e continuou sua saga, até quase desmaiar.
- Acorda, Perpétua! - a jovem mãe estava exausta e Rosa teve que apelar ao não natural.
Colocou as duas mãos sobre o ventre da própria filha e disse:
- Vamos, filha. Eu te ajudo. Perpétua! - a jovem abriu os olhos e apoiou os cotovelos na cama começando a lutar pela vida e pelo próprio filho. Olhos azuis e castanhos se encaravam firmemente, o tempo parou entre suor, gemidos e dor. Mãe e filha faziam força tentando por no mundo um lindo anjo e quando tudo parecia acabado, um grito de bebê foi ouvido e as expressões de dor se transformaram em expressões de alívio e o rosto de desespero se transformou em alegria.
- É menina, filha! Uma linda menina...
A jovem exausta, não disse nada, apenas observou a mãe cortar o cordão umbilical, cobrir a criança com uma manta branca e andar até ela. Esses minutos pareceram em camera lenta e quando Perpétua segurou a filha nos braços disse apenas uma coisa entre lágrimas.
- Minha linda Manuela.
Os minutos de alegria duraram pouco, depois de beijar a testa da filha pela primeira vez, três homens entraram no casebre derrubando a porta com tudo. Um deles seguraram Rosa que gritava inútilmente, Perpétua arregalou os olhos e viu uma mulher loira e bem vestida entrar, olhar para o casebre com cara de nojo e a encarar esnobe.
- Então é você. - um minuto de silêncio e a invasora se aproximou de Perpétua, olhou a criança e tentou a tomar da própria mãe. Por um minuto, mãe e desconhecida, brigaram pela criança, mas Perpétua, com medo de machucar a filha, soltou primeiro.
- Não a machuque, por favor, devolva minha filha.
- Filha... - disse Bernarda. - O sonho do meu marido e ela se formou em você.
Ambas se encararam novamente, Perpétua chorava, nunca tinha visto a mulher do patrão. Ela sempre soube sobre Dona Bernarda, uma mulher rica, poderosa, que amava viajar e que odiava manter contato com empregados, malmente falava com a governanta.
Bernarda, olhou a criança nas mãos e sorriu.- Linda, mas tudo tem consequências...
- Nos deixe em paz! - gritou Rosa e Bernarda nem mesmo fez um som para responder.
- Vocês nunca mais verão essa criança. - disse Bernarda encarando Perpétua a qual deixou mais lágrimas cairem.
- Por favor... - disse Perpétua sem força, enquanto Rosa gritava e chorava. - Não faça isso... Eu desapareço com ela, prometo. Por favor...

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Inês
FanfictionCertas coisas não fazem muito sentido, como por exemplo, como uns nascem para sofrer e outros para serem felizes... Muitas coisas na vida são mistérios e a minha está cheia deles, muitos dos quais eu morrerei sem desvendar. Por algum motivo, aparent...