XII - Será O Fim?

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"A maneira mais segura de ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros."
François La Rochefoucauld

Vendo o olhar fixo de Inês para o pequeno e arredondado ventre, olhei para a demonia; me senti petrificado. Débora levou as duas mãos até a barriga, a acariciando em círculos e lentamente, com um sorriso malicioso.
Meu olhar voltou a Inês, já havia lágrimas tentando sair de seus olhos e eu, petrificado, não conseguia reagir nem ao menos falar.

- Não vai falar com a mãe de seu filho? Ele sentiu saudades. - falou Débora cinicamente e eu quis matá-la.

Inês me olhou dura, fria e as lágrimas cairam. Seu olhar penetrante era de raiva, pura raiva e dor.

- Inês, me deixe expl... - ela me interrompeu, levantando uma das mãos em minha direção.

- Não há explicação suficiente... - ela suspirou depois de um soluço forte. Tentei falar, mas ela impediu. - Eu não quero te ouvir! - falou baixo, mas arrogante e se voltou para Diana Elisa, a qual estava nitidamente assustada com o clima de briga. - Vamos Elisa, calma, te levarei até seu quarto.

Ela me ignorou totalmente e sumiu com Elisa e as meninas, as quais a seguiram em silêncio; me olhavam com tristeza. Fiquei sozinho com Débora e a olhei com ódio, mas ela apenas sorriu e virou de lado mostrando a barriga.

- Você é uma miserável, Débora. MALDITA HORA QUE TE CONHECI! - ela se assustou e fraziu o cenho.

- Não grite com a mãe de seu filho. Eu carrego um filho seu, ela não. - ela apontou o dedo indicador em direção a escada por onde Inês se foi.

- Você não entende...

- Eu te amo. Não me importo com o fato de você haver comido essa sem teto. - ela se aproximou e com a ponta dos dedos subiu lentamente em meu braço até meu pescoço. Quis matá-la.

- Inês não é sem teto! E não vou casar com você. Eu amo Inês. - ela sorriu e aproximou a boca de meus ouvidos.

- E o seu filho? Vai deixá-lo sem pai e sem uma família? - a olhei nos olhos.

- Claro que não! Eu não te amo, Débora, isso não se enquadra ao meu filho.

-Mas, eu te amo e não vou te perder para uma mulher como essa.

- Cale-se! Vá embora depois nos falamos. - preciso de tempo para tentar sair dessa armadilha.

-Serei paciente com você, Victoriano. - ela tentou beijar meus lábios, mas virei a cabeça. Ela sorriu e beijou minha bochecha. - Mas, não será assim por muito tempo.

Nos enfrentamos com o olhar e ela se foi; limpei o rosto e quebrei um vaso na parede. Coloquei whiskey no copo e bebi de uma vez. Corri até o quarto de Elisa, mas Inês não estava lá. Corri ao quarto das meninas e ela também não estava lá. Fui a cozinha e Rosa não estava também, deduzi que estavam juntas.

- Cadê Rosa? - perfuntei a Rosário, tentando esconder que procurava, na verdade, por Inês.

- Saiu com dona Inês, patrão. - disse a meiga menina sem direcionar seus olhos azuis para mim, continuando a mexer a panela com carne.

- E sabe para onde foram? - ela me olhou e negou com a cabeça.

Corri até a porta principal da casa e perguntei a uns seguranças, eles me informaram que as viram subir em direção ao jardim e fui até lá. Cheguei silencioso e me escondi em umas moitas o mais próximo possível e pude ouvir o que falavam.

- Ele deve ter temido te perder, minha filha. Homens sabem a importância de um filho para uma mulher. - Inês chorava deitada nos braços de Rosa. - E Victoriano não deve estar disposto a ficar com Débora, ele te ama. Acredite em mim.

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