"Eu me apego à sua luz para estar junto. Recordo do tempo que éramos tão próximos. Eu me apego à sua luz para estar junto com você mais uma vez." Hold on - Alexia
A noite estava fria, o céu coberto de nuvens escondiam as estrelas, como a tristeza esconde a alegria, no entanto, ambos não deixam de ter, em parte, sua beleza. Inês entrava no carro com Rosa e Rosário, Benigno estava colocando as malas no porta malas do carro e Inês sentou no banco da frente. Todos estavam em silêncio, não podiam fazer barulho. Nesse momento ela olhou para o casarão. Todas luzes apagadas e as lembranças cortando seu coração. Era estranho o amor misturado com a mágoa, a saudade já evidente de suas filhas e... dele. Inês sabia que isso era inevitável. Então, o carro se foi e em poucos minutos tudo, todos últimos anos da vida de Inês ficou para trás e para sempre. Pelo menos foi o que ela pensava.
Ao chegar na Espanha, um moço alto, moreno de olhos castanhos erguia uma pequena placa escrito: Enfim, te encontrei. Não era necessário expor nomes, aquilo dizia tudo e Inês somente andou até ele e quando ela parou na frente de Eduardo, ambos se encararam por uns minutos até que as lágrimas rolaram e ele disse:
- Minha irmã... - ele a abraçou. Eduardo a levantou do chão com um abraço apertado e a girou no ar, dando uma gargalhada alta.
- Eu também estou feliz, agora me põe no chão. - ao ficar de pé, sem o apoio de Eduardo, Inês cambaleou e Eduardo a segurou.
- Você está bem? - perguntou ele, mas Inês não pode responder. Rosa apareceu logo atrás e gritou por Eduardo.
Era estranho estar em um lugar desconhecido, o espanhol da Espanha tem suas diferenças do latino e Inês, com tantas mudanças e tantas coisas para aprender não sentiu o tempo passar. Um mês se passou e então veio o primeiro desmaio, Inês logo deu a desculpa de algo que ela comeu, pois andava vomitando frequentemente, foi nessa noite que Rosa entrou no quarto de Inês a noite, antes de dormir.
- Posso entrar? - a porta estava entreaberta e Inês estava lendo um livro.
- Claro, vó. - Inês se ajeitou na cama e sorriu. Rosa caminhou e sentou na cama ao lado da neta.
- Não minta para mim. - Inês franziu o cenho. - Você está grávida?
O espanto foi espontâneo, pois Inês, apesar de já haver passado por isso uma vez, não se tocou dos sinais. Então, nesse mesmo momento tudo veio a tona, todos os dias com Victoriano, a tomada de pílulas concepcionais logo após a primeira transa, os dias que ela esquecia de tomar; esses dias eram frequentes e então lágrimas rolaram do rosto de Inês e ela colocou as mãos na barriga. Rosa chorou e sorriu, ao mesmo tempo que abraçou a neta, no entanto ambas sabiam que Victoriano nunca saberia sobre esse filho. Nunca. Mesmo que Rosa fosse contra, ela conhecia Inês o suficiente. Mas, nenhuma das duas contavam com o destino.
- Foi isso. - disse Inês tomando seu quarto copo de Whisky no bar próximo ao apartamento.
- Você tem fotos do parto? - Inês o olhou surpreendida.
- Você quer ver... - disse ela, levantando uma sobrancelha.
- Eu já te disse... Eu quero tudo.
Ambos estavam sentados no balcão, lado a lado, e se encaravam. Olhar profundo e lacrimejados. Aos poucos eles se aproximavam, Inês olhou os lábios de Victoriano e em um átimo o beijou. Ela se inclinou segurando o rosto de Victoriano e ele a puxou para ele e ambos ficaram em pé. Juntaram totalmente seus corpos, de lábios a coxas, totalmente juntos. Ambos sentiam o calor arder suas peles e o desejo aflorar. O beijo era intenso, com gosto de lágrimas, mas ainda assim totalmente saboroso. Victoriano pensava em como eram macios e molhados os lábios de Inês, pensava na saudade de tê-la assim, sem receios nos braços, dele. Ela bagunçava os cabelos dele com as duas mãos, enquanto o beijo era profundo e cheio de paixão. Não é difícil imaginar a ânsia que ambos tinham de se despir e deixar o fogo queimar, mas infelizmente aquilo era um bar.
- Desculpe. - Inês se afastou e voltou a tomar tudo que estava em seu copo.
- Porque? - indagou Victoriano confundido.
- Por perder o controle e te dar esperanças que não existem.
Victoriano se irritou com isso. Com essa mania de guardar essa mágoa para sempre, com essas recaídas que somente acendiam a paixão que ele tinha por aquela mulher. E agora, depois do filho ele não deixaria isso continuar.
- Vou contar a Patrício a verdade.
- Não.
- Sim. - Inês o encarou irritada, mas Victoriano estava convicto. - A menos que...
- A menos o que?
- A menos que façamos um pacto, meu amor?
- Um pacto? Que historia é essa Victoriano? E não me chame de seu amor. - Victoriano sorriu o que irritou mais ainda a Inês.
- O pacto é o seguinte. Para que eu não conte a Patrício que ele é meu filho e que você mentiu não só para ele mas para todos, principalmente para Alexandre que ficará tremendamente magoado, eu proponho algo muito simples.
- Alexandre não ficará magoado.
- Não se iluda, amor.
- Não me chame de amor! Eu já disse!
- Case-se comigo.
Inês, que ia beber mais uma dose de whisky, parou com o copo no meio do caminho entre o balcão e a boca, até que teve coragem de o encarar.
- O que? - ela estava pasma.
- É simples, você se casa comigo e esperamos o tempo certo para contar a verdade, enquanto isso Patrício e eu teremos uma vida perfeita entre pai e filho. Daremos a ele a opção de ter uma família unida. Isso fará bem para ele e para todos nós.
- Todos nós. E eu? Terei que conviver com você o tempo todo! Isso não.
- O que você quer em troca?
Inês parou para pensar. Ela sabia que Victoriano tinha razão, mas... Casar? Ela colocou as duas mãos na cabeça para pensar. De certa forma isso daria tempo a ela. Viveriam como uma família, Patrício chamaria Victoriano de pai, ela estaria todos os dias com Alexandre, Cassandra e Diana. De certa forma seria bom ter a ilusão de uma família, de ser esposa do homem que ela ame, ainda que ela não conseguisse perdoá-lo.
Depois de um tempo assim, de cabeça baixa e bagunçando os cabelos com as duas mãos, Inês respondeu.
- Sim. - Victoriano não acreditou.
- O que?
- Sim, droga, eu caso com você!
Ambos se olharam e Inês se assustou com o pulo que Victoriano deu, o sorriso e a gargalhada de Victoria. Ela suspirou, revirou os olhos, pegou a bolsa e caminhou, mas logo ele a seguiu e ambos foram para o carro. Victoriano ainda sorria feito um babaca.
- Será que você pode parar de rir? - disse Inês olhando pela janela.
- Posso, mas estou feliz demais para isso.
- Dormiremos em camas separadas e nada de tentativas para meu lado.
- Não prometo nada.
Ambos se olharam. Inês era safada o suficiente para rir desse plano e da cara de vencedor de Victoriano, mas se ele acha que será fácil tê-la de volta, ter sua confiança novamente, ele estava muito enganado. Ambos riram, no entanto, ela ria da reação dele e ele ria de alegria.
Continua
DE VOLTA.... rsrsrsrs

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Inês
FanfictionCertas coisas não fazem muito sentido, como por exemplo, como uns nascem para sofrer e outros para serem felizes... Muitas coisas na vida são mistérios e a minha está cheia deles, muitos dos quais eu morrerei sem desvendar. Por algum motivo, aparent...