"As vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais. Teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo que não me deixa em paz."
CazuzaEstou despedaçado. Faz duas
semanas que bebo sem parar e parece que passei a viver em meu escritório. Liguei somente uma vez para Alexandre, mas sei que ele está bem. Ele virou meu segredo e o pior é a dor de amar Inês.
Deitei no chão e chorei. Fechei os olhos e lembrei das palavras de Bernarda; lembrei de quando Inês me deixou da primeira vez.Cheguei em casa cansado depois de um dia inteiro vendendo queijo, era fim de tarde e nesse horário Inês terminava de fazer os queijos e eu a levava para a casa de Armando, onde ela vivia desde a morte dos pais.
- Inês? Você não sabe quem eu encontrei no mercado... O Vicente, lembra dele? - ela não respondeu e entrei no quarto, retirando a jaqueta e jogando sobre uma poltrona. . - Ele se casou e agora vai morar na fazenda que herdou do pai. Ele me ofereceu ajuda para qualquer coisa. Não é incrível? - andei em direção a pequena cozinha onde ela trabalhava e costumava estar nesse horário. - Inês?
Ela não estava lá. Ela não estava em nenhum cômodo da pequena casa na qual tantas vezes juramos amor eterno. Naquele mesmo instante fui até a casa de Armando e o encontrei recostado em sua cadeira de balanço velha, que sempre ficava no mesmo lugar da varanda.
- Armando, boa noite. - ele me olhou e franziu o cenho, inclinando o corpo e apoiando os cotovelos sobre as próprias coxas. - Inês, está?
- Você não sabe? - o olhei franzindo o cenho e retirando meu chapéu preto. E permaneci calado esperando a explicação. - Fiquei sabendo que ela se foi com Loreto.
- O que? - ele suspirou e levantou, dando alguns passos até ficar cara a cara comigo.
- Ela se foi sem mesmo se despedir de mim, Victoriano. Ela se foi com Loreto. Se foi...
- Isso... Isso é impossível... Ela... - ele abaixou a cabeça com uma expressão de tristeza e então vi que ele não mentiria para mim. - É verdade isso?
- Ela foi vista subindo em um carro com ele e também Loreto mandou recado para mim por um de seus cúmplices. O Leonardo. - meus olhos encheram de lágrimas e Armando bateu em meu ombro esquerdo, como consolo. - Ela não levou uma muda de roupa... A surpresa não é só sua.
Não consegui olhar mais no rosto dele. Sai da varanda e montei em meu cavalo. Cheguei em casa e quebrei umas coisas antes de beber toda tekila guardada até dormir embriagado e de coração partido. Estraçalhado.
- Victoriano... - me assutei. Não ouvi Rosa entrar. - Quero saber o que houve.
- Apenas despertei, Rosa. Somente isso.
- Inês se foi. Porquê? - olhei para cima, ainda deitado no chão e a vi de cabeça para baixo em seu vestido florido longo e um avental preso a cintura.
- Ela não te disse?
- Sim. Mas, quero ouvir a sua versão.
- Não se fala mais dessa mulher aqui nessa fazenda! - falei ríspido e tentei me levantar, mas quase cai e Rosa tentou me ajudar, mas eu a ignorei.
- Impossível. - a olhei irado e me joguei no sofá em frente a mesa do escritório.
- É uma ordem! - Rosa suspirou e se apoiou na mesa a minha frente.
- Elisa grita por Inês e ninguém consegue acalmá-la. Diana está com febre e chama por Inês. São mais de um mês sem a ver. Inês é como uma mãe para as meninas. - a olhei irritado. - Você está muito tempo sofrendo feito uma criança e se esquecendo de suas responsabilidades.

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Inês
Fiksi PenggemarCertas coisas não fazem muito sentido, como por exemplo, como uns nascem para sofrer e outros para serem felizes... Muitas coisas na vida são mistérios e a minha está cheia deles, muitos dos quais eu morrerei sem desvendar. Por algum motivo, aparent...