"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."
Mario Quintana
Na frente do apartamento de Inês, Patrício se despediu de Victoriano com um abraço e subiu. Inês aguardou para falar com Victoriano.
- Não envolva meu filho em nossa história. - disse Inês.
- Então, me prove que ele não é meu filho. Eu quero exame de
DNA.- Não.
- Nesse caso você não pode impedir.
- É CLARO QUE EU POSSO! - gritou Inês.
- SHI! Não grite! - repreendeu Victoriano.
- O que você quer? - indagou Inês em um sussurro e passaram a falar assim. - Deixe meu filho em paz! Me deixe em paz... - Inês se virou para ir embora, mas Victoriano a segurou por um braço e a obrigou a encará-lo.
- Não finja não saber o que eu quero. - disse Victoriano sussurrando, os rostos deles estavam próximos, Inês podia sentir a respiração dele bater em seu rosto e Victoriano olhou os lábios de Inês, sem medo de esconder seu desejo por ela, sem esconder o quanto se controlava para não toma-la em um beijo arrebatador. - Eu quero tudo de volta e eu sei que ele é meu também.
- Ele não é seu! - disse Inês puxando o braço e se afastando de Victoriano. Ambos se olharam intensamente. Victoriano a olhava com uma dor interminável no coração e Inês o olhava desejando que ele desaparecesse da vida e das lembranças dela. De um lado um amor intenso pronto para ser disfrutado e do outro um amor intenso sendo negado. - Patricio é meu filho... Somente meu.
Inês se virou e se foi. Dessa vez Victorino não a impediu de ir e ficou a observando entrar no predio. A reação de Inês provou que algo estava errado, havia mais que ela escondia, havia mais segredos ocultos para ele e Victoriano não deixaria passar. Ele queria tudo da vida de Inês, do passado, do presente e do futuro. Victoriano queria que Inês fosse a vida dele e ela seria. Assim, Victoriano correu e encontrou Inês entrando no elevador, foi então que ele a agarrou pelas costas a tirando no chão e a levando para dentro do elevador. A porta se fechou logo depois, Inês usou a força e facilmente se desgarrou de victoriano, mas antes de poder reclamar ela quase caiu com a parada brusca do elevador.
- O que você fez? - indagou Inês se voltando para Victoriano com raiva.
- Você não sai daqui sem me dizer a verdade.
- Você está louco! Reative o elevador!
- Não! Ele é meu?
- Não, Victoriano! Reative!
- Você foi embora gravida. Descobriu pouco tempo depois e decidiu não me dizer, eu não te culpo.
- Não! Não! Não, Victorino! - Inês foi para cima de Victoriano, tentando apertar o botão para reativar o elevador, mas Victoriano era mais forte e a impediu. - Patricio é só meu! Ahhh! - gritou Inês se soltando de Victoriano. Ela jogou a bolsa no chão enquanto gritava e se virou ficando de costas para Victoriano.
Ambos estavam com a respiração alterada. Inês se sentia horrível somente em pensar encarar Victoriano. Ele, por sua parte, a encarava, esperando que ela se rendesse, esperando que ela falasse a verdade. Os minutos se passaram e Victoriano sentou no chão. Isso fez Inês o olhar.
- Levante-se e pare com essa loucura. - Inês falou sem olhar nos olhos de Victoriano mas ainda assim, demostrando autoridade.
- Você continua mentindo para mim... - Ambos se encararam por uns segundos.
Inês voltou a ficar de costas, encostou a cabeça na parede do elevador, apoiou as duas mãos espalmadas cada uma em cada lado de sua cabeça e respirou uma, duas, tres, quatro vezes tentando não enlouquecer.
- Por favor, reative o elevador. - disse ela calmamente.
- Por favor, me diz a verdade. - Inês gritou assustando Victoriano e ela bateu forte na parede tres vezes.
- Eu não tenho nenhuma obrigação com você! - Inês gritou entrando em pranto e Victoriano se levantou; deu dois passos em direção a Inês e nas costas dela jogou tudo que podia para a convencer.
- Do que você tem medo? Você não perderá nada, Inês. Pelo contrário você fará Patricio mais feliz. Eu... Eu vejo nos olhos dele. Eu me vejo neles e eu sinto um amor enorme por essa criança, eu... Inês, eu... Eu o amo. O amo e não sei como. Eu sinto que ele é meu porque meu sangue sente, meu corpo sente a ligação entre nós. Não erre como eu. Não prive nosso filho de viver ao meu lado, um dia tudo virá a tona. Você sabe que a verdade sempre vem a tona e Patricio não te perdoará. Você não se perdoará.
Victoriano esperou um movimento diferente, mas Inês permaneceu de costas, chorando. A respiração dela era audível, nesse momento até victoriano deixou lagrimas caírem. Era um daqueles momentos de impacto. Um daqueles momentos que uma decisão mudará toda sua vida. Uma verdade que mudaria tudo.
Inês respirava profundamente. Seu coração batia a mil por hora e apertava como se estivesse sendo esmagado por mamutes. As lágrimas caiam sem o querer dela e ela sentia o olhar esperançoso de Victoriano pensando em suas costas. Foi quando o tempo parou. Na mente de Inês apenas imagens aleatórias de sua infancia rolaram, seu vestido rosa voando enquanto ela se balançava no balanço sob a árvore, o sorriso doce de sua mãe adotiva, o verde do campo sob o sol quente, a primeira vez que viu Diana Maria, a rosa que Diana jogou sobre o caixão da mãe, o cabelo loiro e esvoaçante de rosário, o abraço apertado de Benigno; lembrou da noite que fugiu, lembrou de cada momento até encontrar Eduardo, lembrou de Rosa chorando a sua frente, era marcante a memoria dos olhos castanhos de rosa brilhando enquanto as lágrimas caiam e Inês soluçou, o choro se tornou pesado e ela se ajoelhou com as mãos no peito. A dor era intensa e profunda. Victoriano a agarrou pelas costas e ela apoiou a cabeça no ombro dele aos prantos. Victoriano a fez se virar e a abraçou. A abraçou forte e Inês retribuiu. Era bom sentir-se protegida, sentir o cheiro do homem que ela ama, sentir a energia que fluía entre os dois. Sentir o calor dos corpos e o amor, o carinho. Quanto mais pensava no quanto era bom estar com Victoriano, mais ela o apertava, mais ela chorava...
- Você não precisa temer...
Ao terminar de falar, Victoriano começou a alisar os cabelos de Inês e os minutos passaram. Inês escondeu o rosto no pescoço de Victoriano e ambos sentaram no chão. Ela no colo dele como uma bebê e ele a abraçando como um anjo protetor e consolador, paciente, cálido. Foi quando depois de um suspiro ela disse:
- Eu descobri umas semanas depois de ir embora...
Continua
MENIN@S, DESCULPEM A DEMORA E O CAPITULO PEQUENO. Estou sem tempo para escrever, é final de semestre e estou cheia de provas e seminários para entregar, mas por pedido de vocês, resolvi postar o pouco que escrevi ( para matar a saudade). Logo o semestre acaba e voltarei a postar frequentemente. Espero que tod@s tenham paciencia e continuem lendo até o final. Obrigada por lerem e gostarem e pedirem para atualizar "Inês". Vocês me inspiram.
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Inês
FanfictionCertas coisas não fazem muito sentido, como por exemplo, como uns nascem para sofrer e outros para serem felizes... Muitas coisas na vida são mistérios e a minha está cheia deles, muitos dos quais eu morrerei sem desvendar. Por algum motivo, aparent...