Capítulo 18

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 "Olha eu aqui de novo.

 Olá, capitã. Então você resolveu deixar de ser teimosa? Demorou quanto tempo? Uma semana? Se foi menos estou orgulhoso por ter sido tão convincente, sei o quanto é teimosa, mas sei que também é curiosa.

 Então vamos lá, aqui no céu é muito bonito... Mas eu não sei porque estou falando isso se não sei como é lá porque ainda estou na terra escrevendo isso, mas finja que acredita okay?

 Fico feliz que tenha se convencido a seguir, saiba que não quero que se sinta culpada por isso, tem minha total permissão pra ser feliz, não ache que porque eu morri você tem que se matar por dentro a cada dia.

 Dessa vez não vou dizer onde está a carta, você terá que descobrir. 

 Okay, você odeia enigmas, mas está na hora de isso mudar, porque você vai precisar descobrir alguns daqui pra frente.

 *Nossa lugar*  Essa é a sua dica.

 Boa sorte e não esquece que te amo.

- Do seu fantasma Nien. "


 Eu ainda conseguia ouvir a voz dele lendo a carta e isso me tranquilizava, uma das coisas que me deixa triste é não lembrar da voz do papai.

 Sobre a lista, muito fácil, nosso lugar era o banquinho em frente a casa dele. Mas ja passava das três da madrugada e eu faria isso no dia seguinte. 

 Deitei e adormeci.


 O frio resolveu chegar mais cedo naquele ano, o dia amanheceu nublado e com ventos fortes. Levantei e coloquei um casaco. Eu precisava pegar o outro bilhete.

 Caminhei até a varanda da casa dele, e percebi que não tinha ninguém. Fui até o banco e coloquei a mão atrás do mesmo.

 Nada.

 Fui até a lateral, olhei dos dois lados.

 Nada.

 Só podia ser ali, por que seria em outro lugar?

 Nós temos outro lugar, mas sinto que é aqui.

 Me joguei no banco frustrada. Tinha que ter algo errado.

 Um vento mais forte soprou e vi quando um pequeno pedaço de papel voou.

 Era aquele.

 Corri atrás do papel que o vento insistia em levar pra cada vez mais longe. Depois de uns cinco minutos nessa corrida, eu o alcancei.


" Livros.

- Do seu fantasma Nien "


 Ótimo, mais uma pista fácil, a biblioteca me aguardava.


 Peguei o carro da mamãe que não falou nada. Melhor eu sair sem avisar do que me afundar na escuridão do meu quarto.

 Fui até a biblioteca pública. O Nien costumava ir lá as vezes. Quando cheguei procurei junto com a bibliotecária o último livro que ele tinha lido, mas seu último registro tinha sido a uns quatro meses.

- Obrigada - sorri fraco para a senhora e comecei a caminhar por entre os corredores cheios de livros.

 Não conseguia entender. Aquele era o único lugar que ele deixaria um bilhete. Fosse por entre as prateleiras ou dentro de algum livro. Mas não encontrei nada, nem uma pista.

 Não era ali.

 Voltei pra casa, frustrada, com a sensação de fracasso. 

 Eu tinha que encontrar aquilo, não podia simplesmente desistir de algo que tomou todo o último mês de vida do meu melhor amigo. 

 É! Um fantasma tinha mesmo me convencido disso.

"Eu estou bem."Onde histórias criam vida. Descubra agora