Acordei e a mamãe estava do meu lado, eu ainda estava brava com ela mas notei que o Guilherme não estava mais no quarto.
- Onde ele está? - perguntei. Minha voz ainda estava fraca mas finalmente funcionava.
- Precisou ir em casa, mas disse que volta o mais rápido - ela segurou minha mão - disse que não vê a hora de te ver acordada.
Assenti.
Depois disso me levaram pra fazer milhares de exames, no início fiquei assustada, depois resolvi ignorar.
Tornei a perguntar a mamãe o que estava acontecendo e ela insistia em mentir pra mim.
Eu teria que descobrir sozinha.
Depois que saí de uma tomografia fui levada de novo ao meu quarto.
Nada do Guilherme.
Comi um pouco, tomei banho, pedi pra ver TV mas não deixaram.
Tinha algo muito estranho acontecendo.
Mamãe disse que a tarde uma psicóloga viria me visitar, fazer umas perguntas, me interrogar, sei lá, ela viria encher meu saco e mentir ainda mais pra mim.
Tentei pensar em outra coisa, tentei focar em saber que o Guilherme havia aparecido, mas meus pensamentos me levavam de volta pra todo aquele mistério.
O que estavam escondendo de mim? Porque com toda certeza algo não me contaram.
Por volta das 13 horas a psicóloga apareceu, se apresentou como Carolina.
- Eny. - e apertei a mão que ela tinha estendido pra mim.
Precisava fingir educação ao menos ou minha mãe surtaria se soubesse.
- Oi Eny, fui chamada aqui pra conversar um pouco com você, okay?
- É eu to sabendo. - suspirei.
Ela pegou um bloco, uma caneta e então voltou a me encarar sentada ao lado da minha "cama".
- Então, como se sente? Pode ser sincera.
Me aproximei um pouco como se fosse lhe contar um segredo, ela fez o mesmo.
- Sinto que todos estão me enganando e que você vai fazer o mesmo.
Me recostei novamente na cama e a encarei com cara de tédio.
Mais sincera impossível.
- Realmente você está enganada, Eny - ergui as sobrancelhas - está enganada porque estou aqui pra ajuda-lá, você só precisa responder minhas perguntas, okay? Não vou pedir pra ser sincera porque já percebi que você é.
Ela ergueu as sobrancelhas e eu dei de ombros.
- Então qual a última coisa que você lembra antes de ter acordado nesse hospital?
Cruzei os braços e a encarei.
- Lembro de estar na praia com a última carta do Nien, então tive uns flashes de lembranças e consegui lembrar de momentos do meu passado que eu não lembrava depois do acidente em que perdi meu pai, acho que você sabe disso - ela assentiu - então o Guilherme gritou meu nome, quando eu o vi desmaiei, não porque vi ele, mas porque eu tava a muito tempo sem comer e teve o choque emocional - expliquei - basicamente isso.
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"Eu estou bem."
Mystery / ThrillerO sonho de toda garota é viver um romance, o de Eny Clar é apenas não viver o drama que é sua vida. Quando criança Eny perdeu o pai e um ano de sua memória em um acidente de carro, mas conheceu seu melhor amigo pela segunda vez. Até então aquilo par...