Bips rondavam meus ouvidos, tentei abrir os olhos duas vezes e só na terceira consegui. Paredes brancas me rodeavam e meu vestido azul de bolinhas brancas - o da formatura - estava pendurado em uma espécie de cabide. Uma agulha estava dentro de minha veia e ao redor dela estava roxo, quando tentei me mover notei que também estava dolorido. No lado esquerdo do quarto, já um pouco distante, havia uma cadeira reclinável e lá alguém - provavelmente o Guilherme - estava deitado de costas pra mim com um moletom onde o capuz estava em sua cabeça. Sorri grata por ele está ali.
Tentei levantar, mas foi em vão, mal consegui me mover dois centímetros. Bufei e minha garganta queimou.
Que Maravilha.
Depois de uns cinco minutos encarando aquele quarto mamãe entrou pela porta de cabeça baixa, não viu que eu estava acordada, então fechou a porta apoiou a cabeça na mesma e respirou fundo, parecia preocupada.
Tentei chama-lá mas minha voz não saiu, então um instante depois ela virou e me viu a olhando. Ela praticamente voou até mim, quando vi ela já estava chorando e me abraçando, tentei abraça-lá mas as forças eram poucas. Um momento depois ela me encarou com lágrimas nos olhos.
- Você acordou. - e apertou minha mão de forma carinhosa.
-É eu... - tentei falar mais uma vez e só saiu um sussurro.
- Não faça nenhum esforço meu amor - ela acariciou meu rosto - você precisa descansar.
Mamãe sorriu e aquilo meio que me acalmou.
Virei o rosto em direção ao Guilherme e ela logo entendeu a pergunta.
- Ele está aqui desde o início, mal saiu e mal dormiu, então vamos deixar ele descansar um pouquinho, depois vocês conversam - ela voltou a apertar minha mão - sei que devem ter muito o que conversar.
Sorri, dei de ombros e então lembrei.
- Preciso... - mas que droga de voz que não funciona.
- Filha, não se esforce.
Respirei fundo, eu precisava contar.
Escrevi qualquer coisa no ar pra vê se ela entendia que eu precisava de uma caneta. Já que não dava pra falar eu tinha que escrever.
Ela franziu a testa e eu repeti o gesto.
- Você quer escrever?
Confirmei.
- Quer que eu pegue uma caneta e papel?
Confirmei novamente.
Ela foi até uma mesinha perto do Guilherme pegou papel, caneta e me entregou.
Eu lembrei de tudo. - escrevi
- Tudo o que? - ela perguntou. Parecia confusa.
Tudo, aquela época que eu não lembrava, de quando eu era criança.
Quando mamãe terminou de ler um grande sorriso se abriu em seu rosto.
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"Eu estou bem."
Mystère / ThrillerO sonho de toda garota é viver um romance, o de Eny Clar é apenas não viver o drama que é sua vida. Quando criança Eny perdeu o pai e um ano de sua memória em um acidente de carro, mas conheceu seu melhor amigo pela segunda vez. Até então aquilo par...