Capítulo 12

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*Leiam o capítulo ouvindo a música fixada, depois vejam como a tradução diz tudo*

 Só tirei os saltos, que estavam matando meus pés e me joguei na cama. Me neguei a chorar, já estaca chorando demais ultimamente.

 Certo que as coisas não andavam fáceis, mas chorar me fazia me sentir tão fraca e eu odiava aquela sensação, por mais que fosse verdade, eu sempre tive a necessidade de parecer bem para o mundo, isso sempre fez parte de mim.

 Meus olhos pesavam, eu estava cansada, com sono. Antes que meus olhos fechassem completamente ouvi um barulho de algo batendo na minha janela.

 Me assustei, mas não fui até lá de primeira.

 Outra vez.

 Então levantei pra ir olhar.

 Era o Nien jogando pedrinhas. Como antigamente.

 Ele ainda estava com a mesma roupa, assim como eu.

 Coloquei a mão no peito para mostrar que tinha me assustado. 

 Ele sorriu e apontou para a varanda da sua casa.

 Nosso banquinho.

 Assenti com a cabeça e desci.

- Está tudo bem? - perguntei antes de sentar ao seu lado.

 Ele estava sentado coberto por um edredom, afastou para que eu sentasse ao seu lado e nos cobriu com o mesmo.

 A noite estava fria.

- Digamos que sim - ele sorriu.

 Mais um daqueles sorrisos falsos.

- Ahh...

 Foi a única coisa que consegui dizer.

 Como de costume o silêncio nos envolveu e ficamos encarando a rua que estava deserta.

 Depois de um momento me virei para ele.

- Tem certeza? - olhei para o seu rosto, parecia cansado.

- Na verdade eu não sei.

 Nossos olhos se encontraram e eu acariciei sua bochecha.

- O que anda acontecendo com você, Nien?

 Ele fechou os olhos, como se precisasse daquele toque mais do que tudo.

- Tanta coisa, capitã, estou confuso - ele abriu os olhos e me encarou por um momento, então foi sua vez de acariciar meus cabelos e um sorriso brotou em seu rosto.

- Eu tenho culpa nisso? - fechei os olhos já sabendo da resposta.

- Eu não queria ter que te deixar - ele encostou a testa na minha - quem vai cuidar de você agora?

 Eu queria tanto congelar aquele momento, poderia viver a vida inteira ali, naquele pequeno pedaço de vida.

- Eu aprendi a me cuidar Nien - sussurrei e abri os olhos, fixando nos dele - como você pediu, como sempre faço quando me pede algo - um nó se fez em minha garganta e precisei respirar fundo para continuar - não por mim, mas por você - falei com a voz rouca demais.

- Obrigado - ele sussurrou.

 Respirei fundo e encostei minha cabeça em seu ombro. Lágrimas quentes escorriam por meu rosto e chegavam até o seu ombro. Eu não precisava de mais nada! Até em silêncio ele me fazia bem, por mais que doesse, passou a doer menos.

 Sua presença ainda me acalmava como antes.

 Passamos uns trinta minutos ali, apenas cuidando um do outro em silêncio, até que ele resolveu falar.

- Melhor eu ir dormir, preciso acordar cedo amanhã.

 Assenti com a cabeça e levantei

 Ele fez o mesmo.

- Não esquece nunca que eu te amo capitã, nunca, em hipótese nenhuma.

 Antes que eu pudesse responder ele me abraçou forte e soltou todas as lágrimas que havia segurado durante todo esse tempo, mas ainda em silêncio. Nien era discreto.

- Eu te amo mais - sussurrei e as lágrimas também vieram, mais uma vez.

 Ficamos ali, abraçados, nos comunicando por lágrimas por uns cinco minutos. Pude sentir seu calor, que era o que eu mais sentia falta, até que ele se afastou e o frio voltou a me envolver.

- Seja feliz - eles respirou fundo e secou minhas lágrimas - se cuide e cuide da sua mãe, capitã, não esqueça que ela só tem a você - então ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e beijou minha testa.

- Se cuide que assim eu cuidarei de mim.

 Sussurrei e mais uma vez ele me abraçou, dessa vez segurou as lágrimas.

 Quando se afastou me olhou como se precisasse se lembrar daquilo.

- Ahhh - ele levou a mão até a nuca e tirou seu cordão - isso é seu.

- Nien - neguei com a cabeça - não, eu não posso aceitar.

- Se não aceitar eu vou ficar chateado - ele foi até atrás de mim e envolveu o colar em meu pescoço.

 Segurei o pingente de prata em formato de uma pequena chave.

- Mas ele foi do seu bisavô.

- E do meu avô, do meu pai, meu - ele me virou para olhá-lo - agora seu - ele sorrio - e um dia do seu filho mais velho.

- Ta longe - sorri o olhando.

- Mas será - ele beijou novamente minha testa - agora vai.

 Ele secou uma lágrima que escorria por meu rosto.

- Te amo - sussurrei.

- Eu te amo mais.

 Caminhei até a porta de casa, não antes de olha-lo por uma última vez, ele sorrio e fez uma continência com os dois dedos na testa antes de entrar, então fiz o mesmo.

"Eu estou bem."Onde histórias criam vida. Descubra agora