Capítulo 33

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 O dia amanheceu novamente nublado e junto a ele o meu humor também. Resolvi que colocaria algumas coisas no lugar e começaria pelo meu quarto.

 Arrastei uns móveis, troquei outros de lugar, arrumei os livros, o guarda roupa, varri, espanei e deixei a velha cadeira de canto por último. Nela tinha de tudo, várias roupas, mochilas e qualquer outra coisa na qual eu estivesse sem coragem de colocar no lugar. Guardei os livros na estante e fiz o mesmo com as bolsas que encontrei. Algumas roupas no cesto de roupas sujas e estranhamente um casaco a mais entre eles.

 Um casaco a mais ?

 Tirei do cesto e encarei o mesmo por alguns segundos antes de me dar conta.

 Sim! Um casaco a mais! O casaco do Gui, o casaco que ele me deu quando o encontrei na floresta, no dia da balada. Claro! 

 Por algum motivo abracei o casaco e senti o cheiro dele me envolver, fiquei ali, de olhos fechados, inalando seu cheiro, por uns dez segundos até sentir que havia algo no bolso.

 Será que seria invasivo demais se eu desse uma olhada?

 Ah, mas não deve ser nada importante já que nesse tempo todo ele não perguntou sobre.

 Abri o pequeno flash e tirei uma pulseira em tons de verde e rosê, minha combinação preferida. 

 Minha combinação preferida?

 Como uma pulseira com as minhas cores preferidas haviam ido parar no bolso do casaco do Gui?

 Coincidência?

 Pulseira...

 Corri até o guarda roupa e peguei a caixa onde guardava todas as cartas do Nien e vasculhei até encontrar uma específica.


 "Eu comprei essa pulseira em uma feirinha, espero que a use. Comprei pra mim também, mas a perdi no mesmo dia, então essa daí é única. O vendedor disse que ele mesmo as fez e eu perguntei se haviam outras dessas e ele disse que não, então pedi para que não fizesse mais, queria que fosse unicamente nossa, mas agora é unicamente sua..."


 Corri mais uma vez, dessa vez até a escrivaninha. Abri e vasculhei até encontrar a pequena caixa e a abri.

 Bingo!

 Elas eram idênticas!

 Mas o que raios a pulseira do Nien estava fazendo com o Gui? Não fazia sentido.

 Então vultos de lembranças passaram pela minha cabeça e eu quis que não fosse real.

 Esse jogo estava indo longe demais.

Claro que tinha dedo do Nien nisso.

 Liguei pro Gui, pedi pra ele me encontrar onde eu sempre encontrava o Nien, na floresta.

 Ainda eram dez da manhã, então ele sugeriu que nos víssemos a tarde, pois estava com uns problemas em casa.

 Patético.

"Eu estou bem."Onde histórias criam vida. Descubra agora