Capítulo 44

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 Me aproximei dos dois e o rapaz parecia que tinha visto um fantasma. Ninguém falou nada.

 Encarei Mary e ergui uma das sobrancelhas.

- O que está acontecendo?

 Mary estalou os dedos na frente do rosto de quem deveria ser o namorado dela e ele meio que acordou de um sonho, ou de um pesadelo, vai saber pela cara dele!

 Olhei pra Mary quando ela começou a falar:

- Eu falei que eu não tava ficando maluca.

 Mas ela não tava falando pra mim e sim para o garoto, olhei pra ele esperando sua resposta.

- Mas não é o programado.

 Olhei pra Mary.

- Mas ela está aqui, eu disse que estava e você disse que eu estava ficando doida.

 Olhei pro namorado da Mary.

- Mas eu achei que estivesse mesmo, já disse que não faz sentido.

 Olhei pra Mary.

- Mas eu...

- CHEGA. - praticamente gritei, os dois me encararam assustados - da pra vocês me explicarem o que tá acontecendo?

 O garoto - ao qual eu ainda não sabia o nome - tirou do bolso algo e me entregou.

 Era uma foto minha com o meu nome e sobrenome atrás.

 O encarei.

- Posso imaginar como conseguiu isso.

 Ele engoliu e deu um meio sorriso.

- Sou Jack. - estendeu a mão.

- Você já sabe meu nome - apertei a mão dele - mas por que vocês estavam discutindo mesmo?

 Mal terminei a pergunta e Mary começou a falar - o que não era novidade.

- Jack disse que eu estava maluca - ela o encarou e ergueu as duas sobrancelhas.

 Ele sorriu e ergueu as duas mãos, como alguém que se rende.

- Desculpa Diana, só que sua amiga se atrasou um pouco.

 Continuei os encarando, ainda sem entender metade do que estava acontecendo.

- Eu explico - Mary falou - a um tempo atrás apareceu um maluco aqui dizendo que precisava de ajuda - percebi que Jack revirou os olhos - deixou essa foto sua, um envelope e pediu que a entregasse quando você aparecesse, eu não queria, sabia-se lá o que tinha naquele envelope, mas então ele conversou a sós com Jack e ele decidiu SOZINHO - ela enfatizou o encarando - que o ajudaria, mesmo contra a minha vontade. Ele disse que logo você chegaria, mas você nunca chegou, pensamos até em jogar fora, na verdade Jack ficou com medinho depois de um tempo e quis jogar fora, mas depois que ele me explicou o caso eu decidi que era melhor não jogar. Quando a conheci não a reconheci você esta diferente na foto, só achei o nome familiar, mas aí você disse seu sobrenome e precisei ter certeza com o Jack. Desculpa não ter falado antes.

 Ela parecia mesmo sentida, mas eu não me importava, só precisava do envelope.

- Onde o envelope está?

- No meu quarto - respondeu Jack - moro em um quartinho aqui mesmo no hotel com meu pai, acho que você o conheceu.

- O Cássio?

- Sim - quem respondeu foi Mary - ele mesmo.

 Assenti.

- Será que pode pegá-lo pra mim?

- Ah, claro. Você pega Mary?

 Ela sorriu, deu de ombros e saiu.

 Jack se aproximou.

- Ela não sabe a verdade, que ele... É...

- Morreu?! - perguntei e afirmei ao mesmo tempo em uma frieza que nem eu reconhecia.

 Ele assentiu.

- A história que ela sabe é que ele ia precisar se mudar pra longe e queria fazer uma surpresa.

 Adorei a surpresa, Nien, obrigada.

- Essa era a história que eu sabia também. - sorri mas era de desgosto - na verdade ele realmente me surpreendeu, comprou uma passagem só de ida.

 Jack colocou a mão no meu ombro pra me confortar.

- Eu sinto muito. Como você não apareceu eu achei que ele tinha melhorado, por isso fiquei tão assustado ao te ver, mesmo não o conhecendo estou triste pelo que aconteceu.

-  Eu também, mas não se preocupe, eu estou bem.

 Forcei um sorriso.

 Mary mal se aproximou e já começou a tagarelar.

- Sempre tive vontade de abrir - ela vinha com um envelope amarelo em mãos - mas o Jack nunca deixou.

- Ele pediu que não fosse violada. - Ele explicou.

 Mary revirou os olhos e me entregou.

- Obrigada - dei dois passos para sair com os olhos cheios de lágrimas então me virei - Obrigada de verdade por nunca terem desistido e jogado fora, é muito importante pra mim.

 Abracei o envelope.

 Eles sorriram.

- Por nada. - Jack disse.

- Não esquece de me mostrar o que tem aí depois - disse Mary.

 Sorri e uma lágrima desceu na minha bochecha.

 Dei um tchausinho e sai em direção ao meu quarto, mas ainda ouvi de longe a Mary comentar:

- Espero que eles dois consigam se encontrar de novo.

 Era tudo que eu mais queria doce Mary, tudo que eu mais queria.

 Caminhei mais rápido até o quarto e pude sentir seu cheiro ainda na carta.

 Quando entrei fui para a varanda, talvez olhando pro mar fosse mais fácil passar por aquilo.

 Abri o envelope e peguei um dos papéis que havia lá.


" Olá, capitã.

 Prometo que é a última coisa que fará por mim. Siga o mapa e encontrará a última carta. Eu te amo.

- Do seu fantasma, Nien."


"Eu estou bem."Onde histórias criam vida. Descubra agora