Consequências De Uma Vingança

Capítulo XXXIV

                 Mary Lohan...

- Você tem certeza que eles estão envolvidos na morte dos meus pais ?

- Eu que paguei aos policiais, levei o carro para o auto mar e o lancei lá.
Trabalhei para eles por muito tempo aqui no Brasil. Nem a Júlia sabia que eu mexia com coisas erradas. Fiquei responsável por tudo em relação aos negócios deles aqui. Eu recebia as garotas que eles traziam para trabalhar no cassino como prostitutas, drogas, armas. E tudo era transportado por barcos.

- Mas lá não era uma boate ?

- A boate era só fachada. Tudo acontecia no térrio, e lá encima funcionava como uma espécie de hotel para os compradores que vinham de longe.

- Joshe, ninguém pode saber que tivemos essa conversa, entendeu ?

- Deus que me livre, se eles descobrem que te contei algo...
Eu só contei mesmo, porque foi a Flora quem te mandou aqui. Se a Júlia estivesse viva, ela com certeza queria que eu fizesse isso por vocês.
Mas tenha muito cuidado com eles, Mary. Vocês estão correndo um grande perigo ! Eles não tem misericórdia de ninguém, não tiveram nem do pai, quem dirá de vocês.

- Eu sinto muito pela sua perda. Mas como assim não tiveram misericórdia do pai?

- Esqueça isso. Eu já falei demais ! Espero que a Flora não tenha guardado rancor de mim, eu não imaginei que lhe causaria tantos danos. Se eu soubesse que minha vida seria assim, eu não teria nem posto os pés nesse maldito país, não teria nem aceitado a proposta de amizade daquele canalha do Max.

- Tudo bem. Não se preocupe, Joshe. Ninguém nunca saberá que nos conhecemos. Agora eu tenho que ir... Meu vôo é daqui a 2:00. Dê um beijinho no garotinho por mim. Ele é a cara da mãe ! Até mais.- Saiu do muquifo que ele chama de casa.

- Brett's, Brett's, Brett's... Vocês não perdem por esperar.
Vou tirar tudo de vocês, se possível, até das próximas gerações.
...

- Gabriel, você pode vir me buscar aqui no aeroporto ?

- Depois eu te explico. Só não demora muito, porque estou muito cansada.

...

- Você não escutou quando eu disse que era pra vir rápido ?- Meu irmão dá o ar de sua graça.

- Eu ouviu, só que eu não te devo nada, ou devo ?- Ele para em um quiosque e pede um café.

- É sério, Gabriel? Eu estou aqui há 2:00 te esperando e você ainda quer parar para tomar um café ? Me poupe, se poupe e nos poupe.- O sorriso dele é de deboche.

- Eu estava tendo uma noite maravilhosa até você me ligar. Logo hoje que eu poderia ser pai... Então não me enche ! Eu só vim pela Karol, caso o contrário você pegaria um ônibus bem cedo e iria para onde quiser.- O homem trás o café e uns biscoitos. O cheiro do café me causa náuseas.

- Aposto que se fosse a caçulinha... você pararia o que estivesse fazendo e viria correndo,porque sempre foi assim. Tudo é pra ela, sempre foi ela. Eu e a Mayra sempre ficamos com os restos, e é por isso que eu acho bem pouco o que aconteceu com ela.- A caneca se espatifa sobre a mesa, mesmo com toda a delicadeza do meu irmão.

- Quando você vai parar com isso, Mary? Isso não é mais competição de quem o irmão mais velho ama mais. Vocês já são mulheres, eu não tenho obrigação de cuidar de vocês não, eu tenho minha própria vida ! E quer saber porquê eu tenho mais afeto por ela do quê por você e a Mayra ? Porque ela nunca foi irmã de vocês de coração. Quando foi que vocês param para perguntar quem era o garoto que ela gostava, ou qual era a cor favorita, ou se ela já tinha tido a primeira vez, se ela queria algo emprestado de vocês, se ela gostaria de sair com vocês ? E quando ela mais precisou de vocês...
Em todo esse tempo que nos conhecemos, quando foi que você me ligou para saber como eu estava ? Quando ? Nunca ! Eu amo as três por igual, mas não gosto das três do mesmo jeito.
E nunca em toda minha vida, eu desejaria o mal a vocês, ou acharia bom o mal feito a vocês.
De vocês três, ela foi a que mais sofreu com a perda dos pais, porque pelo menos uma tinha a outra. E ela ? Quem ela tinha ? Só um irmão que morava praticamente do outro lado mundo.
Agora vamos embora, Mary. O meu dia acabou de piorar.- Ele paga o café e a xícara que despedaçou e seguimos para a saída do aeroporto.

- Ela tem os pais biológicos, tem a você e agora a Emily. Então não me diga que ela não tinha nada, ou não tem, Gabriel. Você só se identifica com ela, porque você foi abandonado por sua mãe. Então não espere que eu derrame lágrimas de arrependimento por não sentir afeto e pena da minha irmã caçula.

- Já chega ! Você vá a pé ou de táxi . É tudo por sua conta. Agora... se vira. E pra lhe mostrar que você não se importa com ninguém além de si mesmo. A Mayra sofreu um acidente e por enquanto está na cadeira de rodas, mas felizmente você estava muito ocupada para atender o celular.
Porque não teríamos tempo para os seus choros de falsidade.- Gabriel entra seu carro e dá partida, e não me dar mais informações sobre o estado de saúde da nossa irmã.

...

- Olá, Caçulinha. Como andam as coisas por aqui ? Não me diga que quando a Mayra foi atropelada, ela estava com você. Acho que você tem uma chama para acidentes de carro, não achas não ? Eu tenho até medo de ficar aqui na porta e um carro desgovernado subir a calçada e me atropelar bem aqui.- Posso ver a raiva através dos seus olhos.

- Infelizmente, a generosidade de Deus não é para comigo. Mas eu não o culpo, realmente não vale a pena perder tempo com você.- Ela vira as costas e entra deixando a porta aberta, eu entro e a fecho.

- Uou, café da manhã em família. Que coisa mais linda ! Me deu até vontade de formar a minha. Que tal começarmos a nossa, Thierry ?- Acaricio o meu ventre, que carrega a nossa pequena semente. Todos me olham perplexos, até a pequena Emily.

Como eu disse... Os Brett's não perdem por esperar.

                       Recadinho...

Olá, meus amores. Me desculpem pela demora ! Prometo que voltarei a postar os capítulos com mais freqüência.

Espero que gostem ! ❤