Em Nome da Dor - Livro 2 (Série Em Nome do Amor)

Capítulo 5

O sol estava a pino e Jonathan continuava a descarregar os blocos de feno do caminhão. Era um serviço que qualquer um de seus funcionários poderia fazer, mas nenhum deles estava à vista.

- Em todos esses anos, sempre quando te vejo trabalhando sozinho é porque algo aconteceu entre você e a Savie. – Carlos se aproximou, se apoiando na caçamba da caminhonete.

Jonathan parou seu serviço por um momento e passou a toalhinha que pendia do bolso traseiro do seu jeans na testa encharcada de suor.

- Desembucha Carlos, quero terminar isso antes do almoço. Ainda tenho muita papelada pra lidar no escritório e não tenho tempo para suas brincadeiras.

Carlos suspirou, como sempre Jonathan era difícil de lidar, mas ele não desistiria fácil. Tornara-se seu braço direito, seu amigo, seu irmão mais velho e ainda agia super protetor como se fosse seu pai. Na opinião dele, apesar de ser um homem maduro, às vezes agia como uma criança perdida. O garoto precisava de orientação, afinal.

- Jon, não precisa agir desse jeito comigo pois eu não irei sair daqui enquanto você não me falar o que está acontecendo e parar de assustar todo mundo ao redor. Você não percebe o quanto está atrasando o trabalho de todos, porque ninguém consegue ficar a mais de três metros perto de você? – Perguntou Carlos, no limite de sua paciência.

Jonathan bufou e em seguida soltou vários palavrões.

- Bem, isso é minha culpa. Quem mandou eu contratar esse bando de maricas né? – Jogou o feno com força dentro do celeiro e Carlos balançou a cabeça, decepcionado.

- Estou esperando... – Falou, com os braços cruzados e desencostando da caminhonete.

Jonathan chutou algumas pedrinhas que estavam em sua frente, totalmente frustrado consigo mesmo. Na verdade, tinha vergonha de dizer o que sentia a Carlos. O homem era vivido e se envergonharia da sua postura com Savannah. Mas precisava conversar com alguém, precisa colocar para fora todos seus pesadelos mais sombrios, só que ele não gostava do pensamento de ser exposto dessa forma para ela.

- Savannah quer ter um filho.

Carlos seguiu calado, como forma de demonstrar que estava ouvindo atentamente.

- Eu... eu não posso. – Jonathan estava com o bolo na garganta e o forçou a engolir.

Seu coração palpitava forte e agora suava, mas não em decorrência do calor de trinta e oito graus que fazia ali fora e sim pelo nervosismo.

- Filho, como assim? Vocês dois se amam, tem um casamento maravilhoso, são estáveis financeiramente e sua filha logo estará indo para a faculdade. Não há nada desfavorável nessa situação Jon.

Jonathan sentou-se na beirada da caçamba e passou novamente a toalha pelo rosto. Ele olhou para Carlos, que viu em seus olhos o medo e a dor escondidos profundamente.

Ele queria contar tudo para o amigo, mas decidiu que não conseguiria. Não agora. Não sem antes falar com sua mulher.

- Eu nunca contei para Savannah sobre isso Carlos, queria muito poder desabafar com você, mas eu sinto que é algo que preciso resolver com ela primeiro. – Suspirou pesadamente – O problema é que eu não estou pronto pra isso e a mulher tem me deixado louco com essa história de filhos. Hoje de manhã tivemos uma grande discussão sobre isso e eu fui um grosso. A deixei falando sozinha e vim trabalhar. Sei que ela se sente solitária, que ela abriu mão da vida na cidade pra ficar aqui cuidando da casa e da Gigi. Ela nunca reclamou, é a porra da esposa perfeita pra mim.

- Então você precisa dar um jeito de contornar essa situação, filho. Porém, ela não pode pensar que essa decisão só convém a ela ou com o que ela quer. Vocês precisam decidir isso juntos e esse conselho serve para você também. Quando uma mulher fica entediada até esse ponto, coisa boa não vem por aí. Eu te garanto isso. Se você não pode lidar com o fato de conversar com ela sobre ter um filho, é melhor estar preparado pra aceitar o que quer que ela planeje para distrair a cabeça. E eu te juro, ela arrumará algo. – Falou Carlos com convicção.