Cinco anos depois...
Preparava o café da manhã cantarolando com o garotinho de olhos idênticos ao do pai. Ezra mexia os ovos um pouco sem jeito, não tinha muita prática com omeletes, seu negócio era colocar os ingredientes em cima de mini pizzas que ele adorava fazer e comer mais ainda. Olhou a mãe com um carranca e um pedido de ajuda nas orbes de um brilho meigo.
_ Você é um pequeno teimoso, Ezra.
Limpou as mãos com o pano de prato e apertou o nariz perfeitinho do pequeno, Ezra riu rodeando o pescoço da mãe com os bracinhos miúdos, beijou seu rosto e se afastou com a cara mais lavada do mundo.
_ Eu não consigo.
Encolheu os ombros e fez careta. Sua mãe paciente deu o garfo na mãozinha direita dele, a mania de mexer com a mão esquerda o perseguia, por isso não conseguia fazer um giro perfeito.
_ Você é destro filho e não canhoto.
Manuseou a mão do garotinho devagar até ele conseguir fazer o giro perfeito sozinho, Ezra sorriu eufórico por conseguir.
_ Agora eu sei fazer omelete!
Estendeu a mão pedindo chão, Alice pegou o garotinho de cima da bancada o colocando no chão como ele queria, o pequeno correu até a estante de livros e pegou um pequeno caderno, voltou subindo sozinho da cadeira da bancada para abrir a agenda infantil.
_ Mamãe, soletra pra mim?
Sem olha-lo por ter o foco na omelete no fogão soletrou já sabendo o que o garotinho fazia.
_ O.M.E.L.E.T.E.
Era bem sistemático, totalmente concentrado e detalhista, anotava suas conquistas e seus projetos futuros. Agora ele mordia a ponta do lápis pensativo, tinha algo na sua lista que lhe foi prometido e não cumprido.
_ Mãe, é hoje que o tio Hudson vai me levar no jogo do Marshall?
Virou a omelete no prato bem na hora que o marido adentrou roubando lhe um beijo no rosto, ela riu revirando os olhos pelo atrevimento, concentrou em Ezra que segurava o queixo demonstrando um tédio por esperar.
_ Não meu bem, mamãe já falou que é semana que vem.
Estreitou os olhinhos coçando os cabelos dourados, não conseguia compreender.
_ Mas mamãe, ontem foi semana passada, hoje já é semana que vem.
Indagou persistente, se inclinando na bancada para segurar o queixo pensativo, queria tanto ir no jogo naquele dia.
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Ezra
RomanceViver um trauma intensamente assustador todos os dias é extremamente aterrorizante. Johnny é um homem adulto de trinta e dois anos que frequentemente vivência aquela maldita noite. O coração crepitar e muitas noites sozinho com a sombra de um passad...