Capítulo 20

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Catarina

Ao despertar, procurei por Afonso ao meu lado, mas não o encontrei. Provavelmente sua presença no conselho ao lado de sua avó era requisitada, então busquei fazer meus afazeres matinais. Despojei de um bom banho preparado por Lucíola e me vesti com trajes da cor do reino de Montemor, meus novos vestidos encomendados estavam por chegar e não via a hora de vê-los, roupas dignas de uma rainha. Tomei o meu desjejum trazido por Lucíola e algo a mais estava presente na bandeja, uma bela flor cor de rosa.

- O príncipe mandou para vossa alteza.

- Muito gentil da parte dele, tendo em vista de que nosso casamento é basicamente um contrato e o que fizemos ontem, era algo q íamos fazer, para provir herdeiros.

- Por que vossa alteza diz isso? Não está contente de vosso marido sentir algo pela senhora.

- Não é isso Lucíola. – Olhei para ela irritada. – é que me apaixonar por ele, torna tudo mais difícil. Estou apenas tentando me convencer de que não sinto nada.

- Se me permite, princesa. Deveria deixar sentir isso, sei que reis e rainhas devem pensar com a cabeça, mas nem todos possuem essa oportunidade que está tendo.

- Como vou fazer isso Lucíola? se sou responsável por tirar o amor da vida dele.

- Senti remorso?

- Pior que não. Afonso não ia me humilhar dessa forma, escolhendo uma plebeiazinha ao invés de uma princesa como eu. Não posso deixar esse sentimento crescer, em algum momento vou querer contar a verdade, para que não haja segredos entre nós. Mas quando o fizer, vou perde-lo.

- Sinto muito senhora.

- Não sinta, estamos aqui por escolhas. E não me arrependo das que eu fiz. – Após acabar o desjejum, li um pouco e perambulei pelo quarto, fiquei me perguntando o que estaria acontecendo na sala do trono, queria muito participar não ficar apenas sem fazer nada nesse castelo. Mas não dizia respeito ao meu reino ainda, então não podia fazer nada. Apenas o essencial seria repassado depois a mim. Então fui atrás do alfaiate real, para saber se minhas peças já haviam chegado.

Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, me deparei com uma conversa animada na sala de reuniões, parecia ser a voz de Afonso e de alguém mais, porém não soube identificar, me aproximei para entrar, mas então escutei a voz estranha mencionar o nome da minha mãe então hesitei e continuei apenas escutando detrás da porta.

- Elena era linda Afonso, pena que sua morte foi trágica.

- É um verdadeiro pesar para qualquer reino. Mas me responda uma coisa tio, o assassino de Elena, foi capturado ou morto?

- Ele foi morto, assim que capturaram ele, o rei decretou sua morte, não esperou nem que chegassem ao palácio. Você não faz a menor ideia de quem tenha sido Afonso?

- Não, apenas os boatos de que foi um nobre, mas não sei nem a qual reino ele pertencia.

- Pois lhe contarei este segredo, sua avó guardou por muito tempo, é algo que você deveria saber e a sua esposa também, antes mesmo de terem se casado meu rapaz. Não sei como sua avó permitiu esse matrimônio.

- O que?

- O homem que matou Elena foi o seu pai. – Me assustei com aquela revelação. Não podia ser não tinha como, eu escutei errado, só pode.

- Não a como ter sido o meu pai, ele amava minha mãe. Tenho convicção disso. E minha avó nunca choraria por Augusto ou seria sua amiga por muito tempo se isso fosse verdade, não faz sentido.

- O que acha que ele foi fazer com você e Rodolfo, naquela região de Artena. Uma viagem a passeio, com dois príncipes, algo que ninguém suspeitaria. Levar os dois filhos.

- Por que está me dizendo isso?

- Porque você merece saber a verdade. E seu pai só se apaixonou por ela, porque ela era uma feiticeira. – minha mãe uma bruxa não é possível. - Seduzia qualquer homem, que cruzasse o seu caminho, ela reinou sobre Artena, mas por pouco tempo, quando as suspeitas e suposições começaram tudo veio por água abaixo.

- Já chega não quero mais saber.

- Mas precisa, sua esposa. Ela pode ser...

- Já CHEGA. – Me espantei com o som da voz de Afonso e me afastei o mais rápido, sem terminar de ouvir a conversa, corri em direção a outro corredor. Me encostei na parede e respirei calmamente, o que aquele homem estava falando, não, não podia ser. Eu não podia estar casada com o herdeiro do assassino da minha mãe. Não isso não é possível, não fazia sentido. Precisava ir até a sala das pinturas reais, precisava saber se o que aquele homem dizia era verdade. Precisava ver o rosto do rei Victor Monferrato. Enquanto andava, tentei afastar aquela conversa da minha cabeça, mas parecia que essa história da minha mãe era um assunto inacabado, quando estava chegando na sala me deparei com a figura que vi em meu casamento congelei de imediato, ele estava distante, mas olhando para mim, de uma forma que parecia ver o meu interior e que o que via era algo que repudiava. Não pensei duas vezes e sai dali, queria distancia daquele homem, ele me dava medo, por mais difícil que fosse admitir. Corri pelo corredor e esbarrei em Eros, que me ajudou a levantar.

- O que foi Catarina? Está pálida.

- Me tira daqui, por favor eu preciso sair desse castelo. – Foi a única coisa que saiu da minha boca naquele momento.

*Desculpa qualquer erro :)

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