Capítulo 18

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Catarina

Assim que cessamos o beijo, ele apenas continuou me olhando e sem dizer nada saiu. O que era isso que eu estava sentindo? Não podia, não queria, controlar meus sentimentos sempre foi algo que consegui, mas agora eles estavam se demonstrando de forma tão intensa na presença de Afonso, que isso me assustava, não queria gostar dele, queria apenas casar para conseguir o que mais almejava, mas me apaixonar não estava incluído, ia me tornar fraca e tola.

Não contei a Afonso, mas Eros foi uma grande decepção nos meus dezesseis anos e achar que iria ficar com ele para sempre era algo que me enchia o coração, mas então percebi que ele só queria se divertir e me usar, me entreguei e ele reagiu com chantagens, dizendo que iria contar para todos que a princesa de Artena, não era mais pura, uma tremenda bobagem na minha opinião, casamentos serem medidos por isso, mas o que eu podia fazer ? se importava. Cedi as chantagens infelizmente, porem Demétrio descobriu e me ajudou a resolver tudo aquilo e com os anos me esqueci deste trágico acontecido, mas lembrar dele doía. Depois de passar por tudo isso foi que percebi o quanto a paixão era tola e como não queria senti-la, nunca mais. Nem mesmo por Afonso.

Ainda encostada na parede pensando sobre o acontecido não percebi a entrada de Lucíola no quarto, ela me chamou, mas não escutei de primeira.

- Vossa alteza? Vossa Alteza?

- Sim. – falei despertando do transe dos meus pensamentos.

- A rainha me pediu para avisar que vira aqui em seus aposentos, lhe fazer um comunicado.

- A sim, claro. Certo Lucíola pode ir. – Ela se reverenciou e saiu. Depois de um bom tempo em meu quarto lendo perto da cabeceira, esperei a rainha. Não entendia porque ela queria falar comigo tão tarde da noite. E foi pensando isso que escutei batidas na porta, me levantei da cama e fui até a porta abri-la, assim que entrou, ela falou.

- Serei breve minha cara. Não quero estender essa conversa, sei que já é tarde, mas estava nos aposentos de meu neto, dizendo a ele justamente o que vim lhe falar.

- Mas o que seria? majestade.

- Apenas uma mudança no cronograma, a sua coroação e a de Afonso não acontecera amanhã no casamento. Justamente porque alguns problemas surgiram, problemas aos quais eu mesmo quero resolve-los.

- Compreendo majestade, mas não poderia revelar tal problema? talvez eu e Afonso possamos ajudar a lhe dar com tal impasse.

- Obriga Catarina, vejo que se preocupa com este reino, mas esse infeliz acontecimento é algo que eu realmente tenho que resolver sozinha e veja um lado bom pelo menos dará um tempo para você e Afonso após o casamento, poderiam até viajar para Artena, para conhecer mais do povo que agora será dele também. – Percebi que Crisélia não queria me contar e provavelmente não falaria a Afonso, algo que me deixava muito curiosa, porque não contar ao futuro rei pelo menos o que está acontecendo? – Claro, porque não ir a Artena.- finalizei sorrindo.

- Agradeço por sua compreensão minha cara. E gostaria de lhe presentear com este simples medalhão, é um colar simples e discreto, mas é um presente para que use no casamento. Diz a tradição que toda noiva deve ter algo novo, emprestado e velho.

- AH! Eu não sabia de tal tradição e não tenho algo velho ou emprestado.

- Não se preocupe minha cara, Afonso já se encarregou do velho, coisa que eu nem deveria estar falando. – Sorri daquele comentário, o que seria?

- Bom não devo me estender, sei que você deve estar casada minha cara, afinal nem pode cear com todos nos. Já está melhor?

- A sim, eu estava um pouco indisposta, mas já estou bem melhor. E não se preocupe em estender a conversa rainha, a senhora não é incomodo.

- Tudo bem, mas devo ir mesmo assim, tenha um boa noite. – Ela me beijou a testa e deixou o meu quarto, assim que saiu fechei as portas e me deitei na cama e dormir tranquilamente esperando o dia seguinte.

*

Lucíola me chamou bem cedo, para que eu pudesse começar a me arrumar para o casamento, até Lucrécia apareceu para ver como eu estava e ver meu vestido, confesso que ela era uma mulher bem alterada e que as vezes suas loucuras me incomodavam, mas ela sempre conseguia me fazer rir. Antes de vestir o belo vestido, coloquei o pequeno colar que a rainha havia me presenteado e fui até minha penteadeira e permaneci sentada enquanto Lucíola fazia um penteado de tranças em meu cabelo.

- É um belo medalhão vossa alteza.

- Obrigada, a rainha disse que eu precisava de algo novo para casamento. Pelo visto aqui em Montemor existe uma tradição. As noivas devem portar algo velho, novo e emprestado.

- Mas o que a senhora usara de velho e emprestado?

- Ela disse que Afonso providenciou o velho, mas o emprestado. Eu acho que era algo que eu pretendia usar já.

- E o que seria?

- A pulseira da minha mãe, eu havia peço para usar em um dia quando fui até seu quarto e ela me mostrou as joias que papai havia lhe dado, ela disse que eu podia usar essa bela pulseira. Mas ... infelizmente nunca pude devolve-la . – Abaixei os olhos ao lembrar de tudo que havia acontecido.

- Sinto muito alteza.

- Não sinta, não é culpa sua. – Depois daquela conversa confesso que fiquei um pouco triste, mas logo melhorei quando me vi totalmente pronta, estava linda. Me apressei quando um mensageiro disse que estava um pouco atrasada e seguimos para a igreja, com a escolta real.

Quando cheguei, não pude deixar de admirar toda a estrutura da igreja com varias janelas e flores ornamentando, desde de o inicio até aonde as portas eram vistas. Fiquei parada enfrente as portas por um bom tempo, até que, para alguém que estava atrasada, estava demorando demais a começar. Enfim escutei a musica nupcial e as portas foram abertas, entrei um pouco nervosa devo confessar, mas algo que instantaneamente passou, assim que vi Afonso a minha espera, ele estava maravilhoso em seus trajes reais. Devo admitir que olharia o tempo todo para ele, se não fosse uma figura conhecida que havia me chamado atenção num ponto bem distante de algumas pessoas, parecia que estava meio escondido, para que não percebessem a sua presença ali. Mas quando estava chegando perto de Afonso paralisei, consegui ver o rosto da figura distante e sabia exatamente quem era. Era o homem que assassinou a minha mãe.

* Desculpa qualquer erro.  :)

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