Capítulo 22

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Catarina

Descobrir que o pai de Afonso não era o assassino da minha mãe foi um grande alivio, confesso que cheguei a duvidar de minha própria memória, mas ter certeza agora me deixava muito mais tranquila. Só com essa afirmação que consegui olhar nos olhos de Afonso novamente, ele precisava saber que seu pai não era quem seu tio estava alegando, mas acho que de alguma forma ele teve certeza de que não era. Apesar de nenhum momento ter me questionado sobre isso, ele sabia que conhecia o rosto do assassino e me encontrar na sala onde tinha o quadro de seu pai o deixou tranquilo de alguma forma.

Algumas semanas haviam se passado e algumas coisas estranhas começaram a acontecer perto do castelo, boatos de terem encontrado corpos mutilados como oferendas nas florestas próximas a região. Confesso que isso era novidade em Montemor, aqui nunca tinha acontecido tais eventos, mas já tinha ouvido falar em outros reinos da Cália, acredito que o real bandido por trás disso nunca foi pego, mas que provavelmente, se escondeu por um bom tempo até começar de novo. Estava em meu quarto a espera de meu desjejum quando Lucíola entrou um pouco agitada.

- O que foi Lucíola?

- Mais uma vitima majestade.

- Aonde encontraram o corpo? – perguntei curiosa.

- No castelo, parece que esse bandido anda a espreita, não estamos mais seguros. – Assim que proferiu tal frase não pude deixar de lembrar do homem do capuz o assassino da minha mãe, que me assombrará a alguns dias e depois sumirá, será que seria ele? – Chamam ele de Amaldiçoado.

- Porque? Inventaram esse nome?

- As pessoas dizem, que aquele que matar uma bruxa será amaldiçoado.

- E ele matou.

- A muito tempo atrás, a maldição de que aquele matar uma bruxa, vera o mal dentro de qualquer pessoa e com isso uma compulsão de matar.

- Como as pessoas inventam essas coisas sem nem mesmo saber qual foi a bruxa ou quem ele era Lucíola? Tenha calma, vamos achar o assassino e quanto aos boatos sobre a maldição não leve tanto a sério, as pessoas gostam de inventar.

- Claro majestade.

- Agora vamos tenho que me ajeitar, me aguardam na sala real.

- Ah, mas uma noticia parece que o príncipe Eros retornou a Montemor e chega hoje para fazer negócios.

- Duvido muito que Afonso queira algo relacionado, mas ele também não pode levar tudo para o lado pessoal, em breve ele será rei. – Continuei me vestindo e por um momento fiquei tonta, olhei para Lucíola.

-Está tudo bem Majestade?

- Sim estou, foi só uma tontura, eu acho. – Terminei meu desjejum e fui para a sala do trono, recebi Demétrio com os assuntos de Artena e resolvi tudo que estava ao meu alcance, também ajudei Afonso em alguns detalhes, sobre o aqueduto e enfim finalizamos alguns dos problemas. Até chegar a noticia da morte de um dos funcionários.

-Rainha Crisélia, deve lhe comunicar que estas mortes que estão acontecendo na floresta, agora se encontra aqui no castelo. – Cássio alertou. – Preciso começar as buscas pela floresta e pelo palácio imediatamente.

- Sim claro, precisamos solucionar isso. O povo está ficando atordoado com esta situação e agora até mesmo nos.

- Se me permiti Majestade, esse tal de Amaldiçoado, já esteve rondando outros reinos da Cália. Mas fazia muito tempo que ele não aparecia. Não acha que os outros reinos precisam ser informados?

- Claro minha jovem, esta certa Catarina. Mas por enquanto vamos tentar resolver, caso o problema perca o controle comunicaremos ao conselho. – Assenti com aquela resposta, achei estranha a rainha não querer resolver isso de uma vez. Ela sabia de algo provavelmente, mas porque não compartilhava? Afastei esses pensamentos e sai da sala do trono e enquanto caminhava avistei Eros.

- Retornou a Montemor.

-Sim, majestade. Acho que sua presença neste reino faz com que eu queira vir sempre aqui. – Ri daquilo.

- Essas suas tentativas de galantear são ridículas, até mais Eros. – E sai deixando-o com um sorriso no rosto. Fui para o jardim e permaneci por lá um bom tempo lendo, até que avistei a figura de capuz novamente olhando para mim, perto de uma das entradas para o jardim, assim que o baixei o livro e me levantei, ele sumiu. Olhei para um lado e para o outro ainda procurando e então sai dali. Andei por um bom tempo e depois me encostei em um dos pilares, estava ficando tonta novamente então me segurei o máximo que eu pude para não cair, até Afonso se aproximar.

- Catarina, você está bem?

- Estou sim. – Respondi um pouco fraca. Ele parece que ficou em duvida com a minha resposta.

- Está ...? – e antes de deixa-lo terminar desmaiei em seus braços e tudo escureceu.

*

Quando despertei estava em meu quarto, deitada. Lucíola não estava, mas Afonso se encontrava ao meu lado em uma cadeira sentado, segurando a minha mão, sua expressão era de preocupado, mas melhorou assim que me viu acordar.

- Como está se sentindo?

- O que aconteceu?

- Você desmaiou. Está se sentindo melhor meu amor?

- Estou sim, foi só uma tontura.

- Lucíola disse que você teve uma hoje mais cedo. Chamei o doutor Lupércio pra te examinar.

-Não precisa Afonso, eu já estou bem. Quer ver. – me levantei rápido demais e quase caio, sorte que ele me segurou.

- É estou vendo. Deixe de ser teimosa. – Revirei os olhos, esperei Lucíola voltar com Lupércio, Afonso não saiu do meu lado e assim que o medico chegou fomos aos exames.

- Eu suspeito de algo, mas não tenho certeza. Não se preocupe não é nada grave, mas vamos deixar para ver como ela vai estar nos próximos dias. Não se preocupe alteza, ela esta muito bem. Porem recomendo que ela deva descansar é só um pouco de nervosismo  .

- Eu não disse. – Afonso sorriu com a minha resposta e me beijou, depois saiu para voltar aos seus deveres reais.

Permaneci na cama e logo adormeci, um pesadelo adentrou em meus sonhos, mas não era mais o que eu estava habituada a ver e sim o homem encapuzado em um dos quartos do castelo com uma faca, prestes a ferir alguém, mas eu não conseguia identificar quem era essa pessoa, mas presenciei a cena de sua morte e com o susto de tal violência acordei. Olhei para os lados e não vi Afonso ou Lucíola, provavelmente não era tão tarde da noite, então me levantei e caminhei pelos corredores, precisava de ar. Sai do quarto e caminhei, quando já estava me sentindo melhor, um barulho me fez parar, resolvi seguir o som fui em direção ao outro corredor e quando cheguei na porta do quarto, os barulhos violentos se tornaram mais fortes, sem pensar abri a porta e a mesma cena que vi em meus sonhos se tornou real, o homem de capuz matava alguém mais uma vez e dessa vez eu pude ver a pessoa era Eros.

*Desculpa qualquer erro, espero que gostem :)

*Adoro os comentários :D

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