Afonso
Confiar, era tudo que precisava, acreditar que Cássio iria me tirar desta cela. Não conseguia parar de lembra da reação de minha avó, ela ficou devastada quando assumi a culpa na frente de todos, a rainha sabia que eu não tinha feito aquilo, mas não podia contar para ela sobre o plano, precisava de sua reação, para que Sebastian não suspeitasse. Apesar de tudo estava um pouco receoso em relação a segurança de Catarina, mas sabia que Delano iria protege-la, em uma batalha ele valia por muitos, era o melhor guerreiro do exército de Montemor. Colocar uma escolta atrás de Catarina levantaria suspeitas e atrairia a atenção de todos, inclusive do próprio culpado. Era arriscado deixa-la com um único soldado, mas com vários também. Além do mais se a rainha de Artena não está protegida dentro do próprio castelo quem está?
Continuei à espera de alguma notícia, mas nada acontecia. O tédio e a agonia me rondavam, mas a única coisa que podia fazer ali era esperar. Até que tudo fosse resolvido. Adormeci em meio a tais pensamentos e quando acordei uma figura encapuzada me olhava, não conseguia ver o seu rosto direito, porque meus olhos estavam turvos, por causa da sonolência, mas sabia que conhecia, quando pisquei e tentei melhorar minha visão só vi apenas um relance. Uma parte do rosto da pessoa tinha cicatrizes ou queimaduras, não sabia ao certo. No entanto o que fazia tal criatura ao me olhar, onde os guardas estavam que não a impediram de se aproximar. Será que era uma bruxa ou bruxo que causava tais mortes? Não tinha como, eu sabia quem era o assassino e não era aquela figura.
- Guardas! – imediatamente apareceram e foram até mim.
- Sim alteza.
- Vocês viram alguém se aproximar desta cela?
- Não vossa alteza. Mas é interessante o senhor perguntar, porque a rainha Catarina fez a mesma pergunta, se tínhamos visto alguém se aproximar. – Então alguém esteve aqui, como nenhum deles viram. – Está tudo bem vossa alteza?
- Sim, sim. Sabem me dizer quanto tempo estou aqui?
-Já passa do meio dia do dia seguinte a sua chegada a está cela. – Tudo isso. Devo ter passado a noite acordado e adormecido agora de manhã.
- Obrigada. – Eles se retiraram. Voltei a me sentar novamente onde estava e não conseguia parar de me perguntar por que Catarina não havia me dito sobre a pessoa que ela havia visto na cela, acho que depois de tanta coisa, ela não queria mencionar isso. Até porque os guardas não viram. Como não vi o rosto não sabia se era homem ou mulher, mas achei a estatura pequena para um homem, continuei perdido em tais pensamentos até que ouvi a porta ser aberta e Lorenzo adentrar na cela.
- Vamos, príncipe Afonso. Sua sentença já foi dada. – Me levantei.
- E qual é?
- Você irá para a pedreira de Angór.
*
Já havia saído da cela e permaneci a espera perto das escadas, com dois guardas a minha escolta, e minhas mãos atadas. Eles provavelmente estavam planejando a minha partida do palácio, aquela espera me deixava angustiado, onde estava Cássio? Foi dada ordem para irmos e comecei a caminhar pelo corredor até deparar com Catarina vindo até minha direção. Vê-la era a melhor coisa daquele dia, ela estava linda como sempre. Ela fez menção de se aproximar, mas Lorenzo apareceu e interviu.
- Nem pense nisso vossa majestade. – ela se distanciou e me olhou triste, apenas gesticulou com os lábios que me amava e eu retribui o gesto, me aproximei o máximo que eu pude para chegar perto dela e nossos lábios ficaram a centímetros, mas foi como sentir a maré e não poder desfrutar do mar. Partir sentindo um peso no coração, mas sabia que estava fazendo o certo.

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Destinos
FanfictionDe um acordo rompido, um elo surgirá entre os dois reinos. Mas para isso o jovem tem de se casar - disse a mandingueira.