Catarina
Aquela criada achava mesmo que iria continuar me atormentando, engano dela. Tracei uma armadilha para pega-la no flagra e consegui, assim como um rato preso em uma ratoeira, consegui captura-la. A única coisa que eu não contava era com Afonso aparecendo. Quando descobri que era Amália o que eu mais queria fazer era me livrar dela, eu havia avisado a meu pai, que deveríamos ter certeza de sua morte, mas como tinha costume de nunca me escutar, estava agora com esse problema. Mas eu não ia ficar pedindo a atenção de Afonso ou o seu perdão, eu não era daquele jeito e se ele gostava de mim, ia ter que aceitar o que eu fiz.
Apesar de pensar isso, não queria admitir que sentia a sua falta, eu o amava e sabia que a possibilidade de o perder existia quando descobrisse o que eu fiz, mas não ia me rebaixar, por algo que não me arrependo. Continuei agindo normalmente pelos três dias seguidos que se passaram e a frustração me atingiu, ele não vinha me ver ou falar comigo, nem mesmo nas refeições estava presente, sempre indisposto. Percebi que ele estava agindo com falta de maturidade tentando me evitar ou apenas aproveitando a presença da criada dos infernos. Enquanto fazia meu desjejum, as batidas na porta interromperam os meus pensamentos e por algum tempo me animei com a possibilidade de ser Afonso, mas logo minha frustração voltou quando percebi que era a rainha que entrava em meu cômodo.
- Vossa majestade, bom dia. A que devo a honra? – ela olhou ao redor.
- Achei que meu neto estaria aqui, deve ter saído logo cedo. Bom estou aqui para comunicar do baile de recepção.
- Perdão?
- O banquete que iríamos dá não lembra? Falamos disso no salão real minha cara. Por acaso não lembra que é o seu aniversario e que hoje vamos receber vários reis e rainhas, para a comemoração. – A olhei surpresa.
- Me desculpa Crisélia. Eu havia esquecido.
- Está tudo bem Catarina?
- Sim está. Estarei pronta logo e encontro com vossa majestade, no pátio.
- Mas antes. – Ela me parou. – Feliz aniversário. – E me abraçou. – Tenho certeza que meu neto está preparando algo especial. – Tentei da o melhor sorriso que pude, pois sabia que não era verdade aquilo, mas se ela estava achando, porque não parecer que concordava. Assim que Crisélia sai do quarto me arrumei e fui para o pátio, para a espera dos reis e me deparei com Afonso parado conversando com Amália a distância, ela estava encapuzada, fiquei em meu posto e tentei não demonstrar interesse por tal cena, mas era difícil passar essa imagem, quando a pessoa que você gosta está dando atenção a outra que nem se quer presta. Estava tentando focar nas carruagens ao longe e nem percebi que a rainha se aproximava de mim.
- Quem é aquela dama com Afonso?
- Acredite não é uma dama. A perdão majestade é que...
- Não me diga que meu neto, está com uma amante? Por céus ainda bem que Rodolfo volta hoje. Pra ver se coloca juízo na cabeça dele. É até estranho falar isso, já que Afonso sempre teve a cabeça no lugar.
- Não se preocupe Crisélia. Está tudo bem. – Quando Afonso virou e me viu, ele permaneceu paralisado, assim como eu não o tinha visto todos esses dias, creio que ele também não tenha me visto, acho que Afonso tinha medo de me pergunta sobre o que eu sabia a respeito de Amália. Ele me achava perfeita e quando viu que era cheia de defeitos, quis manter aquilo que ainda parecia real. Porém pobre Afonso, estava tão enganado. Ele saiu do transe e se aproximou de onde eu estava e ficou ao meu lado a espera dos reis, que já estavam chegando. Ele nem mesmo me olhou depois disso ou me disse qualquer coisa, sei que não gostou do que lhe foi revelado, mas também, não precisava me tratar como se não existisse, eu praticamente o tinha feito um favor. Quando a rainha e rei de Alfambres se aproximaram, nos cumprimentaram e felicitaram pelo casamento.
- Não havia melhor futura rainha para Montemor do que você Catarina, um sábio casamento. Sei que devemos esperar até o momento da festa, mas feliz aniversario minha cara. – Ela me abraçou e não pude deixar de sorrir. – Você deveria agradecer por essa mulher em sua vida Afonso. - Ele me olhou e depois retornou a olhar para a rainha e sorriu educadamente, como um gesto de agradecimento e eles entraram, cumprimentamos os outros reis e depois entramos para um singelo almoço, comparado ao que nos aguardava a noite.
*
Enquanto me trocava para a cerimônia com a ajuda de Lucíola, ouvi a porta ser aberta e alguém entrar de surpresa, ao contrário de qualquer outra pessoa que sairia correndo para se cobrir eu permaneci parada apenas olhando quem entrava, não me importei se estava apenas com as roupas de baixo. Não precisava de tanta preocupação, já que era o meu marido.
- Saia Lucíola – ele disse e ela se retirou nos deixando a sós. Fui até a minha penteadeira e coloquei um simples casaco de dormir e esperei Afonso falar. – Sei que não estamos muito bem, mas é o seu aniversario e eu precisava lhe dar o que eu havia encomendado pra você, era algo que eu queria que usasse na ocasião, mas já não tem tanta importância assim. Colocou a caixa e fez menção de sair, a peguei e abri. Eram belicismos braceletes dourados.
- Se não tinha importância, porque trouxe? – ele virou em minha direção e percebi a confusão em seus olhos.
- Você sabe do que eu sinto por você, mas essa situação, não é fácil. Você mandou matar uma família e destruiu a mina.
- Eu sei Afonso, mas você não percebeu que não teve praticamente nenhum ferido e Amália sobreviveu.
- Isso não muda nada. Foi uma atitude que eu não esperava de você. – Me aproximei dele e o olhei nos olhos.
- O que você esperava Afonso, que eu fosse que nem Amália. Você nem sabe o que ela fez... – Ele fez menção de sair então o segurei pelo braço. – E não quer pelo visto, que manter essa imagem de que todos somos bons e perfeitinhos é ai que você se engana. Você é um monarca aja como tal. - ele virou o rosto em minha direção.
- Então me diga Catarina o que Amália fez? – Sorri para ele.
- Apenas planejou aquele atentado contra o seu irmão. O que fizeram vocês se conhecerem.
*Desculpa qualquer erro, espero que gostem :)
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Destinos
FanfictionDe um acordo rompido, um elo surgirá entre os dois reinos. Mas para isso o jovem tem de se casar - disse a mandingueira.