Capítulo 32

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Catarina

Ela estava com uma faca em meu pescoço me ameaçando, dizendo que ia me matar. Afonso pedia calma a Amália, mas ela estava chorando, deixando seus sentimentos e frustrações transbordarem. Como isso pode acontecer, como ela conseguiu, me render de forma que eu nem percebi.
Antes de tudo isso acontecer Afonso e eu estávamos muito bem, a noite havia sido maravilhosa, ter um homem que amo ao meu lado me fez sentir alegre outra vez e a solidão no meu peito foi diminuindo aos poucos. Acordei com um pesadelo a qual não conseguia lembrar, tudo estava meio turvo, apenas alguem tirando o capuz era o que conseguia recordar. Mas o que essa visão queria me avisar, frustrada me levantei e fui até a mesinha com água e uma tigela cheia de frutas frescas, comi algumas uvas e bebi água. Depois disso me direcionei de volta a minha cama, mas antes de deitar não pude deixar de admirar o belo homem que ali estava. E enquanto o olhava dormir não percebi a pessoa que se aproximava por detrás de mim.

Era Amália com uma adaga apontada para o meu pescoço.

-Víbora. - Ela me disse ao pé do ouvido.- Você conseguiu enganar até mesmo o Afonso, com suas mentiras.

-Está enganada Amália, a única pessoa que mentiu aqui foi você. Só abri os olhos do meu marido, para a pessoa que você é.

-Cala a boca, não de mais nenhum piu.- Disse isso aumentando a pressão da adaga em meu pescoço.

-Como entrou sem os guardas perceberem?

-Quando se passa um tempo fora do seu reino você aprende algumas coisas e conhece algumas bruxas. Você não achou que eu ia deixar os guardas me impedirem. - É claro que não pensei, ela seria muito burra em entrar aqui sem um plano de fuga.

-O que pretende Amália me matar? O que vai dizer a Afonso se fizer isso? acha que ele irá casar com você se assim o fizer? - Eu tinha que irritá-la para que fizesse barulho e Afonso acordasse. Sei que podia gritar, mas ela podia passar a faca na minha garganta e mesmo que eu tentasse me desvencilhar, ela conseguia manter os meus braços presos de alguma forma.

-Cala a boca. Se possível eu vou te matar sim, já não tenho mais nada a perder. Porque até ele você conseguiu manipular.

-Calma Amália - Disse Afonso já estava acordado e encontrava-se de pé bem diante de nós.

-Como posso ter calma Afonso.

-Eu nunca pensei que fosse capaz de fazer isso Amália. Com uma pessoa. Com o meu irmão.

-Foi ela que fez isso comigo Afonso, me transformou nesse monstro. Olhe pra mim. Eu nunca fiz nada com o seu irmão, como não consegue acreditar? - percebi a dúvida nos olhos de Afonso, mas logo ela foi embora.

-Eu até poderia se não estivesse fazendo isso. Parece que está tentando deter a única que diz o oposto de você.

-Quando acordei do incêndio, sabia que tinha que descobrir quem fez isso comigo e quando descobri a única coisa que pensei era em destruir essa pessoa. Catarina tirou tudo de mim. Ela tirou meu pai e você, minha vida. Eu era a garota que você pensava sim e qualquer coisa dita por essa criatura obtusa é mentira. Agora isso que você vê agora foi ela quem fez comigo e o mínimo que posso fazer é matá-la.

-Amália não por favor eu lhe peço, eu amo Catarina. - Afonso a olhava com desespero e eu fiquei assustada, pude sentir as lágrimas dela caírem sobre o meu rosto ela realmente o amava. Mas apesar de tudo não me arrependia. Ela poderia ter escolhido outro caminho, que não o da vingança. Sabendo que Amália chorava por tal situação percebi que havia ficado distraída me aproveitei para empurrá-la para longe e desta forma conseguir me desvencilhar, me afastei o máximo que pude e quando ela correu para cima de mim novamente Afonso a impediu e tentou tirar a adaga de sua mão, mas ela insistia em permanecer segurando, quando Afonso conseguiu tirá-la de sua mão se afastou dela e ficou na minha frente como forma de proteção. -Vá eu a deixarei ir, como prova de arrependimento de Catarina e perdão por tudo, nunca mais apareça no reino de Montemor ou Artena. Você conquistou meu coração, no momento em que apareceu na minha vida, mas tudo que descobri e vendo a pessoa que se tornou, destruiu a imagem que tenho de você. Apesar disso pelo que eu sentia antes, lhe dou essa chance, não volte a pisar aqui, ou vou mandar prendê-la ou pior… matá-la. - Ela o olhou entristecida e se aproximou vagarosamente, o olhou nos olhos e tocou sua face.

-Eu te amo. - Afonso estava com a adaga na mão apontada para Amália, para que ela se distanciasse, mas ela pegou a nuca de Afonso e o abraçou fazendo a adaga penetrar em sua carne.

- Amália, Amália. - Só conseguia ouvir Afonso chamá-la. Ele estava ajoelhado agora ao lado de seu corpo caído, sem acreditar no que havia acontecido, nem mesmo eu estava acreditando no que ela havia feito, estava em choque apenas olhando. Afonso no entanto depois de chamá-la tantas vezes parou e ficou em silêncio de cabeça baixa por um tempo. Se levantou e foi chamar os guardas e criados para limparem e levar o corpo sem vida de Amália.

Ele estava abalado eu conseguia ver e sentir, mas tive medo de me aproximar e ele repelir meu gesto. Ele não me disse nada apenas saiu do quarto e seguiu para algum lugar para pensar. Eu não queria ficar naquele quarto e por isso fiz o mesmo chamei Lucíola e pedi para que ela me acompanhar em uma caminhada pelo jardim, eu não ia conseguir dormir. Então ia conversar com ela.

-Mas como tudo isso aconteceu majestade?

-Ela foi esperta, fez com que os guardas do lado de fora do nosso quarto dormissem e entrou, me fez de refém a única coisa que não entendo é porque ela não me matou quando teve chance.

-A senhora sabe que Amália jamais mataria alguém majestade, o que descobrimos sobre ela era verdade, mas ela jamais tentou matar Rodolfo, ela na verdade não sabia quem ele era e o plano foi do ex noivo, ela o impediu de alguma forma quando pediu por socorro e como ficou em dívida com ele, pediu dinheiro a Afonso.

-Eu sei Lucíola, mas eu tinha que fazer parecer que ela tinha total culpa e não parcela, Afonso precisa aprender que não pode confiar em todos, só dessa forma ele será um monarca melhor. E Amália não foi a única que passou por situações difíceis, entendo o motivo dela ter voltado agora. Era o seu destino apenas isso, assim como eu queria ver o homem que matou minha mãe morto, ela queria ver a mim. Estamos todos ligados nesse círculo de ódio e violência e a única coisa que podemos fazer é aprender a lidar com isso.

*Desculpa qualquer erro espero que gostem :)
















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