Eu não tenho certeza se foi realmente o som que me atraiu para aquele lugar barulhento e cheio de pessoas se espremendo uma nas outras de um jeito quase vergonhoso, mas se as pessoas insistem em repetir que é o destino que escolhe, acho que um argumento muito bem elaborado e com a realidade como base não iria fazer qualquer um mudar a opinião já ficça na cabeça.
Mas cá estava eu, indo em direção ao palco onde cantava um rapaz até que bonitinho no karaokê de um bar que nunca tive vontade de pisar na vida, tenho que realçar que ele estava indo muito bem com toda aquela dança e carisma. Não sou muito fã de rock anos 60 então se me perguntassem eu diria que ele estava cantando uma música daquele cara lá que insistem em dizer que não morreu.
Enfim, eu estava pronta para ir embora porque realmente não entendi o que me levou ao desvio de rota, quando de repente um microfone surgiu na minha frente. Geralmente momentos em que do nada um zumbido surge em meus ouvidos e eu congelo tinham parado de acontecer desde o casamento do Patrick. Situações pavorosas fazem nosso corpo reagir de forma curiosa, então, ao microfone apontado pra minha cara? Foi lá mesmo onde ele ficou.
Eu não diria que era o que eu mais temia,só que tudo o que eu mais temia aconteceu quase em questão de segundo, e eu digo segundo e não incluo o "a" junto, porque a platéia também estava impaciente, as pessoas e o rapaz estavam olhando para mim querendo que eu cantasse e infelizmente por essa razão tentaram me incentivar o que não deu certo, acho que deve ter algum tipo de estudo que comprova que fazer a pessoa reagir sobre pressão vai dar em merda, não sei se existe mas com certeza vou pesquisar.
Eu estava no automático quando respondi:- Desculpe, mas não conheço essa música.
E do jeito mais esnobe (porém não intencional) possível, eu sai caminhando como se nada tivesse acontecido.
Talvez não fosse algo educado, mas eu não havia mentido e muito menos estava fazendo charme para o rapaz bonito que pode estar pensando exatamente isso no momento. É só que socializar é uma virtude que eu jamais terei e não estou falando apenas de festas "jovens", mas qualquer tipo de interação comunicativa. Minha avó fala que provavelmente morrerei sozinha o que realmente é uma possibilidade. Ela também fala que vai comprar um gato para iniciar o meu processo da "louca dos gatos", porém creio eu que nem um gato gostaria de viver ao meu lado.
Quando se tem uma visão negativa do mundo acho que ele acaba virando o monstro que vive de baixo da cama e que te aterroriza até o fim das eras.
Eu estava no meu carro prontinha para ligar a ignição e voltar a minha rotina chata, porém muito reconfortante, quando do nada, um cosplay do Cisco daquele seriado The Fhash apareceu quase que morrendo na minha janela. Tenho quase certeza que estava correndo ou então tinha asma ou coisa do tipo.
- Por Favor... Não vai... Meu...Aí!.- Ele se agachou tentando recuperar o folego.
Tenho certeza que aquela não era a cor natural dele.
- Você está bem?- Perguntei de forma que soasse preocupada e até sai do carro para ver se ele tinha algo mais grave , mas sinceramente eu não estava muito interessada no estado de saúde dele, apenas não quero que ele caia duro na minha frente porque terei que chamar socorro quem sabe até a policia e eu realmente não tenho tempo e muito menos paciência para isso.
- Estou... É você que não sabe cantar Faith não é?- Fiz uma careta expressando não saber do que ele estava falando.- Pela sua cara é você mesma, eu sou Carlo muito prazer.
Ele tentou me cumprimentar, mas minha única reação foi olhar para sua mão e em seguida para o seu rosto, duas vezes.
- Então, eu gostaria de te fazer um convite, meu amigo estava cantando e...
- Me desculpe, mas do que se trata esta conversa Car...?
- Carlo. É um nome bem fácil até, mas enfim, é que meu amigo Jason, o rapaz que estava cantando, gente bom viu, ele gostou de você e queria saber o seu nome e talvez até sair ou sei lá, quem sabe ele também possa ter um aperto de mão esnobado.
Ele deu um sorriso que não parecia falso, mas tão pouco verdadeiro.
- Olha você é uma gracinha, de verdade, até seu amigo tem certo charme a oferecer, mas não estou interessada.
Entrei novamente no meu carro e dessa vez dei a partida.
- Espere! Qual o seu nome?
- Fulana de tal.
Depois disso sai cantando pneu.
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Quando a Hora Chegar
Teen FictionAs vezes precisamos aceitar o destino, mesmo que doa, mesmo que te mate. Olívia Jones nunca gostou muito de conversar ou qualquer tipo de interação,era certinha, tímida e um pouco fria. Nascera em Virgínia e aceitava a vida que levava até que Jason...