Jason

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- É complicado, e ao mesmo tempo é bem simples, sabe, é aquela velha história do romance proibido entre a moça rica e o rapaz pobre, talvez seja a maior figurinha repetida da história, mas ela é colada em vários álbuns diferentes.

Lhe dei um sorriso, sem certeza se foi verdadeiro, ou apenas por educação.

" Eu tinha a sua idade quando nos conhecemos, ela era tão bonita, tenho certeza que nos dias de hoje ainda é. Também era extrovertida como só ela, Deus, como eu amava.

Não sei como aquela beldade foi ter qualquer tipo de interesse em mim, mas acho que nunca iremos entender de fato essa merda que é o destino. Nos dias atuais tenho condições graças a Deus e acho que a mim mesmo, mas quando era mais novo trabalhei alguns anos de jardineiro em sua casa, foi assim que a conheci, mas sempre fiquei atrás das cortinas, ninguém me via e eu não via ninguém.

Só que isso mudou em uma das muitas festas que aquela família dava, ela tinha um noivo e ele acabou brigando feio com ela, não tive culpa de escutar a conversa, estava podando as orquídeas do jardim, lugar esse em que estavam discutindo, quando ele a deixou chorando fui ver se ela precisava de ajuda, foi então que nossos olhos se encontraram por um breve momento, mas foi o suficiente para ambos.

Era tudo escondido, é claro que era, eu um simples empregado e ela uma dama da mais alta índole, só que mesmo sendo proibido e muito errado para a época, isso nunca foi um obstáculo.

Nós nos amávamos muito e ela estava feliz ao meu lado, mas isso não importou para os seus pais, para falar a verdade, isso não importou para o pai dela".

Ele fez uma pausa.

Uma longa pausa.

Acho que a dor de suas lembranças o estavam consumindo.

" Ela ficou grávida, e por um dia inteiro eu me tornei o homem mais feliz de todo o mundo., mas é como eu disse... "UM" dia apenas, o pai dela me encontrou no final daquele mesmo dia e tirou toda aquela felicidade de mim".

- O que ele fez?

- Me mostrou a realidade, disse que eu nunca iria ter condições de fazer a filha dele e muito menos o meu filho, feliz, não de um jeito financeiro, ele estava certo.

- Ele então conseguiu convencer o senhor, não foi?

- Infelizmente.

Pobre homem, para ser sincero, não estava muito afim de conversar com mais ninguém e muito menos de escutar uma história de um velho que nunca vi na vida, eu achava que estava na pior, mas com certeza ele venceu.


- Eu fiz o que ele pediu.- Connor tentava conter as lagrimas.- Me afastei da mulher que mais amei em toda a minha merda de vida e quer saber?- Ele me encarou com os olhos marejados.- Ainda amo. Se a encontrasse hoje, me ajoelharia aos seu pés implorando por um perdão que tenho certeza que ela não iria me dar, e não a culpo, eu mesmo não me perdoei. 

E nunca soube mais nada em relação ao meu filho, que deve ter se tornado um homem com raiva de um pai covarde que não soube lutar contra a merda de um obstáculo. Que não lutou pelo bem da sua família.

Não sabia ao certo o que dizer, estava com medo de piorar as coisas.

Eu podia nunca mais ver esse homem na minha vida, não iria fazer diferença nenhuma, todavia eu sentia que tinha que confortar aquele pobre velho.


- Sinto muito, Connor, de verdade.

  Ele enxugou o rosto e sorriu.

- Tudo bem filho, isso foi à muitos anos.- Ele colocou os braços nos meus ombros. - Escute o conselho deste velho que já viveu muita coisa e aprendeu com seus erros, se realmente ama essa garota, não a deixe. Sei que agora as coisas podem ser bem complicadas, mas o amor pode ser bem mais do que beijos e uma noite de loucura e paixão. Não cometa os mesmos erros que esse velho estranho infeliz.

Ele estava se levantando para ir embora.

- Connor, espera!

Ele esperou um pouco.

- Sim?

- Qual er... qual é o nome dela?

Ele sorria ao pensar em seu grande amor.

- Emília. O nome dela é Emília.


A história de vida do velho Connor mexeu comigo, quer dizer, eu não sei se iria conseguir aguentar passar por tudo o que ele passou.

Estava levantando do banco onde me encontrava, quando meu celular tocou.

Era Olivia.

Seria o destino? Se for ele tem um péssimo senso de humor.

- Live?

- Jason onde você está?

Sua voz parecia muito nervosa.


- Já estou voltando para o hotel, aconteceu alguma coisa?- Perguntei aflito.


- É o Carlo. Ele, ele não está bem! Eu achei que estivesse bêbado, mas acho que pode ter sido drogado!


Meu Deus! Como assim? Carlo, justo Carlo, meu doce e inocente amigo Carlo? Não, não. Ela estava equivocada, era a única explicação.

- Olivia devagar! Como assim Carlo foi drogado?

- Ele não está bem, eu... eu não acho... ele 

- Onde vocês estão?

- No hospital perto do hotel.

- Estou a caminho.

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora