Jason

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- Ela disse que se sentia diferente perto da gente.

- Tá bom. E depois?

- Me deu um beijo!- Digo o mais empolgado possível.

Em resposta ele levantou as sobrancelhas duvidando da minha palavra. Obviamente aquilo me ofendeu.

- Tudo bem que foi na bochecha, mas mesmo assim conta.

Contava com toda certeza.

Ele riu, porém imediatamente ficou sério.

- Só não estraga tudo, tá bem?. Eu gosto dela e não quero perder sua amizade.

  Estragar as coisas era uma especialidade minha, não sei como é que isso acontecia, mas eu quase sempre pisava na bola. Então realmente precisava me esforçar muito pra ter todo o controle da situação dessa vez.


- Eu não consigo só ser amigo dela. Pode parecer bobagem, mas algo nela me faz... me faz perceber que tudo antes estava incompleto, ela tem algo de diferente, não sei se posso me contentar apenas com sua amizade. É egoísmo e nem precisa me lembrar há quanto tempo nos conhecemos, ah Carlo!- suspirei agoniado. - acho que um sentimento assim nunca me invadiu com tanta força.

- Da pra entender a intensidade desse seu sentimento Jason.- pareceu cansado, desanimado. - Mas sei lá, busque lados positivos, por exemplo, Chandler e Monica eram amigos.


  Droga! Golpe baixo esse!

  Acho que talvez ele tenha razão e eu devesse deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Não.

Isso não soa nada como algo que eu faria.

 - Você pode parar aqui.

Eu estacionei ao seu sinal.

- Tem certeza de que não quer entrar?

- Por mais que eu ame sua abuelita, acho que não estou muito no clima de abraços e tudo mais que ela acaba fazendo quando me vê.

A abuelita de Carlo me amava muito, mas não de um jeito de vó, ela gostava de mim de uma forma mais carnal.

  - Você é quem sabe.-Disse saindo do carro.

Carlo entrou na casa fingindo tropeçar, ou tropeçou mesmo a diferença era nula. Depois de sua gracinha eu estava prestes a ligar a ignição quando o vi.

Não faço ideia de quantos anos se passaram, mas agora  ele estava bem aqui na minha frente, parecia que acabara de se mudar pra cá. Estava com uma mulher mais nova, ela estava grávida e tinha um menininho de pelo menos uns 8 anos correndo ao redor da "casa nova".


Todos aparentemente felizes com essa vida perfeita que demonstravam gratuitamente.

Eu poderia apenas ligar o meu carro e fingir que não havia visto nada daquela cena patética, mas como eu já comentei anteriormente, estragar as coisas é minha especialidade.

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora