Quando a Hora Chegar

Jason

Estava empurrando ou melhor dizendo, correndo com Olívia pelos corredores do hospital, as enfermeiras com toda certeza estava morrendo de raiva por causa da nossa bagunça, porém não estávamos ligando muito, era engraçado e ao mesmo tempo fascinante ver aquela linda garota sorrir, sempre a achei maravilhosa em cada detalhe, e o melhor de tudo é que tudo aquilo era real, senti por aqueles insuportáveis segundos que a tinha perdido para sempre, que a luz que apareceu na droga da minha vida tinha se apagado, mas tenho a tendência em estar errado e graças a Deus eu estava, porque perder Olívia seria... Eu nem gosto de pensar nessa possibilidade.

- Eu não quero morrer.

Suspirou ela baixinho assim que paramos perto da janela da sala de descanso dos acompanhantes, paramos naquele local, pois a enfermeira estava fula atrás de nós, o que é hilário diga-se de passagem.

- Ei.- Me agachei do lado de sua cadeira.- Você não vai morrer, quer dizer não agora, não hoje, todo mundo vai morrer um dia, porque ninguém é imortal ainda.- Falei todo atrapalhado, as vezes acho que não devia nem abrir a boca, mas independente disso, ela sorriu, triste, mas sorriu.

- Se o meu pai estivesse aqui agora, com certeza iria citar uma passagem da bíblia para que eu me sentisse melhor.

- É religiosa?- Perguntei surpreso.

- Na verdade não, mas quando ele falava, eu gostava de ouvir.

 De repente ela começou a encarar a janela.

- Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, 

não temeria mal algum,
porque tu estás comigo;

- Salmos 23:4 - Disse ela reconhecendo o versículo e agora sorrindo com certa paz. - Sabia que meu pai tem isso tatuado no braço?

- É mesmo? Acho que as vezes é bom permanecer com fé.

 Olivia me encarou por um segundo e então segurou minha mão, logo depois bem baixinho começou a cantar:

- I need some time off from that emotion
Time to pick my heart up off the floor ... Cause I gotta have faith

I gotta have faith Yes, I've gotta have faith, faith, faithI gotta have faith, faith, faith 

 ( Eu preciso de um tempo livre dessa emoção
Hora de pegar meu coração do chão... Porque tenho de ter fé

Tenho de ter...Fé Preciso ter fé, fé, fé

Ter fé, fé, fé ).

- Isso é Faith. - Disse sorrindo.

- George Michael, baby.

- Acha que ele era religioso?

- Quem?- Perguntei confuso.

-  A rainha da Inglaterra... George Michael, Jason!

 Mesmo estando naquela situação ela não perdia o senso de humor.

- Quem sabe? As vezes as pessoas tendem a surpreender.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

 - Pensei que não conhecesse essa música.

- Não conhecia, mas um dia eu entrei em um bar e tinha um cara cantando ela.

- Ah é? E como era esse cara?- Perguntei agora me sentando na poltrona que estava do lado da janela.

- Sinceramente? Um babaca.

Ri porque era verdade, talvez ainda seja.

- Todo esse trabalho para decorar uma música que te faz lembrar de um cara babaca?- Falei com deboche.

- Posso te contar um segredo?

- O livro? Ah eu já li, muito bom diga-se de passagem, está disponível no Wattpad se não me engano. 

- Jason! - Disse ela brava dando um soquinho em meu ombro, mas como ainda estava muito fraca o soco não teve muito efeito, mas fingi que teve.

- Me desculpe, pode contar o segredo.

 Ela respirou fundo, mas estava sorrindo.

- Estou me apaixonando pelo babaca do bar.

 Sorri mordendo o lábio inferior.

- Acho que ele seria um louco se também não estivesse apaixonado por você. 

 Ao dizer isso me aproximei dela, estávamos muito perto um do outro agora, sem qualquer tipo de espaço para nos separar, todavia a vida, ou melhor dizendo, a merda do destino tem sempre a artimanha de atrapalhar nossos planos.