Emília

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Nunca pensei que veria aquele homem novamente, mas cá estava ele na minha frente.

- Por favor, pare de fazer esse escândalo, senhor Connor, caso contrário terei que chamar a segurança.

- Emília... Eu... Eu

- Tem que passar no RH.

- O que?

- O senhor foi removido do quadro de funcionários deste hospital, por favor, passe no RH, depois suma daqui, e devido ao seu histórico... Isso não vai ser algo difícil de fazer, não é mesmo?

Respirei fundo e me virei para ir embora, eu não precisava do connor, nunca precisei, e de certo Olivia não precisava que ele fosse seu médico.

- Emília! Escuta-me! Escuta-me, por favor. - Ele correu atrás de mim e nem a enfermeira que o impediu de entrar conseguiu conter ele.- Você não sabe, não sabe a verdade.

- A verdade?- Ri com deboche. – Por muito tempo eu tentei ignorar a verdade, Connor, eu... Eu sempre tentei... Sempre tentei achar uma explicação, mas...

- Ele me disse que você iria casar com o Damon Matthew, disse que ele iria assumir a criança e que não iriam precisar de mim, Emília. Por favor, por favor, tenta me entender... Eu vi vocês da sacada do jardim, ele estava ajoelhado e ele era um homem rico...

- Acha que dinheiro é tudo?

- Você comprou um hospital para não me deixar chegar perto da minha neta...

-Ela não é sua neta! Nunca foi!

- Eu sei que cometi erros, Emília! Estou longe de ser perfeito, mas eu nunca quis abandonar você e o nosso filho.

- Meu filho! Meu!

- Emília, estou implorando, por favor...

- Olha só até onde chegou, senhor... Ops! Doutor Connor, não é mesmo? De jardineiro a médico... Me pergunto como conseguiu dinheiro para chegar a esse patamar.

- Acha, acha que seu pai me deu dinheiro para ir embora?- Ele me encarou chorando, só que eu não ligava para o seu teatrinho. – Foi isso o que ele disse pra você, não foi? 

Fiquei em silêncio, apenas o fitei como se fosse superior, coisa que eu era.

- Doutor Connor, precisamos de você agora! - De repente Patrick apareceu.

- O que foi? O que aconteceu? É a Olívia?- Jason perguntou desesperado.

- Infelizmente. 

- Qual a situação?- Perguntou Connor.

- O quadro...

- Patrick cala a boca. Esse homem não não trabalha mais aqui, ele não tem o direito de atender a minha neta.

- Emília...

- Calado, Patrick!

- Está disposta a perder sua neta por causa do seu ego?- Perguntou Jason.

 Aquele rapaz estava começando a me irritar.

- Já disse que você...

- Não tem lugar nessa história... é  eu já me cansei de escutar isso, quer me expulsar desse hospital? Muito bem, o faça, mas Connor é reumatologista, e sua neta está muito doente e precisa dos cuidados dele, se algo acontecer com ela, vai mesmo querer isso na sua consciência? Tudo porque o seu orgulho não te deixa enxergar que esse homem está falando a verdade? Sim! Ele cometeu erros, mas demiti-lo, não deixar ele chegar perto da Olívia, não faz você muito melhor que o mesmo.

 Fiquei encarando aquele a rapaz e o desespero em seus olhos, eu não o conhecia, apenas o vi uma vez e ele estava pouco vestido quando isso aconteceu, mas lembro-me de que nesse dia, ele estava com Olívia em seu pequeno estúdio de balé, lembro bem do olhar de minha neta, ela estava feliz, fazia anos que não dançava, mas estava dançando com ele e estava sorrindo, estava feliz. 

 Eu já passei por muita coisa, e tudo que passei me fez entender a vida, não por completa, obviamente, mas consegui entender que são as pequenas coisas que importam, e o sorriso da minha neta era tudo que mais me importava e eu sentia que importava para Jason também.

- Muito bem, doutor Connor, o senhor tem uma paciente a sua espera.

 Ele me olhou com alivio, logo em seguida foi correndo ver minha neta, Patrick foi logo atrás.

 O garoto tinha ficado e estava voltando para a saída do hospital.

- Jason.

 Ele se virou surpreso.

- Sim?

- Tem um minuto? 

Apesar de surpreso, ele sorriu.

- Sim, sim eu tenho. 

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora