Patrick

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 - Ela está tendo um Taquicardia!

- Aceleração das pulsações cardíacas, acima de 85bpm.

Isso não podia estar acontecendo, não, não podia. Não era para ser assim, não era para ser com ela, se eu pudesse trocar de lugar com Olívia Jones, eu o faria agora mesmo, sem nem pensar.

- Connor, o que está acontecendo?

- Ela está entrando em choque, algo está errado! Não acho que seja apenas taqui...

- Mas é o Lúpus? Pensei que só afetasse os rins! Isso não é só a doença, é?

- Ah droga! Não, não, não! 

- O que foi? O que foi agora?

- A circulação sanguínea na artéria está bloqueada.

Ah não, isso não era bom.

- O bloqueio de uma artéria que leva o sangue até a medula espinhal evita que esta medula receba o sangue e, assim, oxigênio. Como resultado, os tecidos podem morrer, assim como a Olívia. Não é Taquicardia, ela está tendo um infarto!

- Patrick, eu fiz medicina, já sei de tudo isso.

- Desculpe, só estava tentando ajudar.

- Eu sei garoto, eu sei.

 Antes que pudéssemos fazer mais qualquer coisa, escutamos aquele tão temido barulho, aquele agudo informando que o coração do paciente havia parado de vez, esse sempre me pareceu um som comum, mas hoje, hoje escutar esse som foi a pior coisa que podia ter acontecido. 

- Desfibrilador, agora!

- Na contagem! Um, dois, três... Afasta!

Nada, nada aconteceu.

- Novamente, um, dois, três... Afasta!

E de novo, nada aconteceu, ela não estava acordando, não estava respondendo, estava morta. 

O coração tinha parado.

- Mais uma vez, um, dois, três... Afasta!

 Connor ficou sentido, percebi isso em seu olhar, o mesmo olhou para o relógio, eu sabia o que isso significava, ele estava prestes a dizer a hora do óbito.

 Ela parecia apenas estar dormindo.

Estava mais linda do que nunca, é difícil ter que aceitar que sua hora tenha finalmente chegado, realmente parecia só estar dormindo, um lindo anjo que podia muito bem acordar, mas infelizmente isso não iria acontecer.

- Connor? Se importa se eu...

- Todos tem o direito de dizer "Adeus", garoto.

- Obrigado. - Me aproximei de seu leito, segurei a sua mão, ainda estava quente. - Me desculpe, me desculpe por não poder fazer nada, sei que não tenho o direito de te chamar de meu amor, mas é isso o que você sempre foi para mim, as vezes temos apenas que aceitar o destino, queria que tivéssemos mais tempo, só que sempre, entre nós dois... Eu nunca consigo o que eu quero.- Por fim dei um beijo em sua testa.

O quarto ficou em silêncio, porém gritos surgiram no corredor.

- Eu quero vê-lá! Eu preciso!

- Senhor, tem que se acalmar, estamos em um hospital!

- Ele tem permissão para entrar, enfermeira e eu também. - Essa voz era a de Emília.

Segundos depois ela e Jason entraram desesperados no local.

- O que... O que está acontecendo aqui?- Perguntou Jason nervoso.

Eu o olhei, e ele percebeu a minha tristeza, automaticamente começou a chorar.
Nunca senti empatia por esse sujeito, só que agora, não existia a possibilidade de não me colocar em seu lugar.

- Não! - Saiu da porta e foi correndo para o leito da Olívia.- Não, não, não! Live! Live acorda! Live!- Sua lágrimas eram como uma cachoeira. - Não! Não pode ir, não pode me deixar! Por favor, por favor acorda!

Emília estava sem reação, era a primeira vez que eu a via daquela maneira, sem qualquer tipo de luz ou alegria em seu olhar.

- Ela, ela não resistiu. Sinto muito.

Minha velha amiga me olhou e logo depois sua ficha caiu e então desabou ali mesmo na porta.

- Live! Por favor, por favor acorda!

- Jason, ela se foi. - Disse Connor, ele estava chorando.

- Não! Não! Não pode ter ido! Ainda não é sua hora! Por favor, por favor, Live!

Fiquei observando aquela cena, ele
realmente, realmente a amava, não o culpo, amar Olívia foi a melhor e a pior coisa que acontecerá em minha vida.

De repente seu amigo também havia entrado no quarto e se chocou com o que presenciou.

- Live... Meu Deus... Não...

Jason estava destruído, verdadeiramente acabado.

- Por favor... Não me deixe. - Ele se inclinou e beijou seus lábios. - Quando a hora chegar, o céu terá o mais belo dos anjos, mas sinto no meu coração que sua hora ainda não chegou, pode me chamar de louco, todos somos um pouco, não é mesmo?- Ele sorriu triste e fez uma pausa.- Eu sempre questionei meu propósito, Olívia, e agora sei, sei que meu propósito é você.  Por favor, não pode me deixar agora que achei o meu propósito, por favor...

Não sei como isso aconteceu, mas o monitor trocou seu som agudo continuo, para um pausado e calmo ruído indicando a volta da saturação, foi quando a equipe médica inteira viu que Olívia Jones tinha voltado, ela estava viva.

- Como isso é possível?- Perguntou Connor chocado, porém acredito eu, que ele tenha perguntado aquilo para si mesmo.

Ela... Ela não estava morta.

- Connor.

- Sim?- Peguntou ainda tentando absorver toda situação.

- Seria isso o efeito Lázaro? - Era a única explicação razoável.

- Nunca tinha presenciado antes, é... É um milagre de fato.

- Não. Não é um milagre, você sabe muito bem que depois que o cérebro para de receber oxigênio por meio da circulação sanguínea, não morre imediatamente, ela não está morta graças ao desfibrilador, e não a um falso milagre.

- Patrick, cala a boca. As vezes as pessoas não querem a resposta mais racional, as vezes ela precisam do seu próprio milagre.

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora