Eu estava me divertindo tanto com Jason que nem percebi o passar do tempo.
Ainda dançavamos quando a tarde chegou.
Eu acabei escorregando e Jason me pegou em seus braços. Nos encaramos por alguns segundos.
- De quem é aquela camisa secando na lavanderia?
Olhamos para porta e minha avó estava em choque, ótimo! Agora mesmo que ela não ia me deixar em paz!
Acabei esquecendo da camisa do Jason.
Como pude esquecer que ele estava sem camisa! Esse é um detalhe que não tem como esquecer!
Parei e refleti que nossa situação podia ser entendida de forma muito errada.
- Vovó... Não é nada do...
- Ela não está lá em cima...
- Patrick.
Ele nos olhou, eu ainda estava nos braços de Jason,que estava sem camisa.
- Desculpa devíamos ter ligado.-Disse minha avó.
Patrick continuava imóvel.
E aparentemente eu também porque não sai dos braços de Jason até agora!
- Isso foi um erro.- Disse Patrick para minha avó e foi embora em disparada.
Essa foi minha deixa, finalmente me soltei do rapaz seminu em minha antiga sala de balé e sai correndo atrás do meu... médico, fico feliz em dizer que o alcancei.
- Patrick espera!
Ele ficou imóvel assim que escutou minha voz.
- O que é?- Meu Deus alguém me da um copo d'água porque as palavras secas dele me afetaram.
- Por que veio aqui?
- Pra fazer papel de idiota aparentemente.
Ele sempre fazia isso, sempre era a vítima da história e eu sempre era a vilã, não importa a situação.
- Não sei a razão de você ficar assim, afinal foi você quem gritou comigo porque eu não vivia, dizia que eu precisava "socializar" mais.- O deixei sem palavras. - Estou fazendo exatamente o que o senhor doutor recomendou. Estou fazendo amigos, me divertindo pra caramba, "vivendo" é essa a palavra que define isso, não ?
Patrick sempre teve muita paciência comigo, mas era aparente nele que não tinha mais.
- Vivendo. - Disse secamente e também senti um deboche.- Mas por quanto tempo? Três? Talvez cinco meses?
O conheço tempo suficiente pra perceber que ele queria chorar, mas segurou bem.
- Está vivendo mesmo?
Não consegui decifrar suas emoções nessa ultima frase.
- Por que se importa?
- Porque eu amo você!- Disse sem ao menos hesitar. - Ainda amo, mesmo depois de tudo o que você me fez passar, e sei que sou o maior dos idiotas do mundo por isso.
- Patrick...
- Quer saber?- Ele estava quase desabando.- Você não vai lutar contra essa droga de doença? Tudo bem, não vou mais insistir, mas quero que saiba que quando a hora chegar... Eu não estarei mais ao seu lado.
Já dizia Shawn Mendes: "Suas palavras cortam mais fundo do que uma faca"
Eu entrei novamente em casa e minha avó estava sentada no sofá, mas eu não via o Jason, coitado, eu não o culpo por ter ido embora, ficar perto de mim era ruim para qualquer ser vivo, ele me parecia uma boa pessoa, mas eu não sou uma.
- Ele foi embora.
- Eu imaginei.
Me sentei no colo da minha avó, não ligava se estava muito grande pra isso.
- Você quer conversar?
- Não.- Eu não queria morrer, muito menos pela mesma doença que matou a minha mãe, ela tentou lutar e sofreu tanto. - Sinto tanta falta dela. - Disse em meio as lágrimas.
- Eu sei, eu também.- Minha avó acariciava meu rosto.- Sabe, a cada dia vocês se parecem mais.
Eu sorri.
Teve um tempo em que eu tentei de tudo para não me parecer com ela, odiava me olhar no espelho e ver seus olhos, seu cabelo, sua sobrancelha ,pintei o cabelo de várias cores, cortei. Tentei de tudo, mas sempre que olhava no espelho, lá estava ela, mas acho que o que mais me irritava eram os parentes, não me chamavam de Olívia, me chamavam de Margarida, mas eu não era a Margarida porque a Margarida está morta! Está morta e não vai voltar, não importa o tanto que... nada importa, porque ela não está mais aqui.
- O que quer fazer agora?
- Chorar.
E foi isso que eu fiz, até que acabei dormindo.
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Quando a Hora Chegar
Teen FictionAs vezes precisamos aceitar o destino, mesmo que doa, mesmo que te mate. Olívia Jones nunca gostou muito de conversar ou qualquer tipo de interação,era certinha, tímida e um pouco fria. Nascera em Virgínia e aceitava a vida que levava até que Jason...