Patrick

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- Patrick... O que está... O que está fazendo aqui?

Eu sou mesmo um idiota, como pude acreditar que ela ainda me amava, se é que amou um dia.

- Olha Olívia, essa é uma excelente pergunta, por que não a faz para sua avó?

Ela olhava Emilia agora, acho que a mesma ainda não tinha notado a presença dela.

- Vovó... Você, você está aqui também.

- Sim meu amor, infelizmente acho que não tenha sido uma boa ideia vir.

- Não Emilia! Não! Foi... Foi maravilhoso! Sabe, agora tudo está claro, pra mim sempre esteve, mas agora você pode ver também! - Gritei e não me importava com as pessoas ao nosso redor me julgando.

- Patrick... Me escuta...

- Cala a boca, Olívia! Por favor cala a boca! Eu não aguento mais!- Cheguei um pouco mais perto, eu não sei por que gritei, mas eu o fiz e vi em Olívia um medo, medo de mim.

- Fica longe dela.

O idiota do Jason entrou na frente da Olívia, quem ele pensa que é, eu nunca a machucaria, posso ser um chato, mas um babaca, um babaca nunca.

- Fica fora disso, seu projeto de... Eu nem sei o que você é, mas com toda certeza não pertence a essa história.

- Aparentemente qualquer um tem mais espaço que você.

 Não sei o que me deu, mas tive que socar a cara desse escroto, só que não sou um lutador, sou um médico, supostamente eu nem devia ter dado o primeiro soco. 

 Obviamente o rapaz que tinha um preparo físico melhor que o meu, reagiu. E doeu, doeu bastante, infelizmente essa dor era superficial, não se comparava com a dor que eu estava sentindo dentro do meu coração, para ser sincero não tenho certeza se tem alguma parte dele restante para doer, mas ainda...

- Jason! - Ela correu para ele. Correu pra ele, não pra mim.- Você está bem?

  Deus o que estou fazendo aqui?

- Acho melhor você ir. - Uma voz surgiu na conversa, era um cara moreno, devia ser amigo do Jason, não sei.

- Eu... 

- Patrick, por que fez isso? Por que está agindo assim? O que tem de errado com você? Não é esse o rapaz com quem cresci.

 Ah só pode ser brincadeira!

- Eu? Eu Olivia? Você que é o motivo de tudo isso, eu nem sei porquê te mantive na droga da minha vida!  Tudo o que eu passei... Tudo o que você me fez passar...Sugou todas as minhas forças, quebrou a merda do meu coração...

- Patrick, olha...

- Chega! Pelo amor de Deus, chega! Não me escutou? Eu não tenho mais forças! Chega!

 Eu estava chorando, mas era de raiva mesmo.

Não fazia ideia a razão de não ir embora, ao mesmo tempo que o ódio me consumia, eu ainda amava aquela garota.

- Olívia, por acaso... Por acaso... Me escute. Escute bem a pergunta que vou fazer, porque quero saber a resposta, mas quero só a verdade... Por que... Por que me fez acreditar que você me amava? Por que? Por favor, me diz!

- Eu te amei, amei como nunca amei ninguém, Patrick.- Ela estava chorando.- Você foi meu primeiro amigo, meu primeiro amor, meu primeiro tudo... Eu... Eu tenho conhecimento que os meus atos, atos esses que cometi no passado, te magoaram, te quebraram, como você mesmo diz, mas a culpa... A culpa não é minha, sei que não... Não sou a pessoa mais aberta do mundo, mas eu nunca, nunca fui fechada com você.

- Sabe muito bem que isso não é verdade! Me respoda... Me responda mais uma pergunta.

- Escuta doutor, está assustando todas as pessoas aqui, se gritar com a Olívia mais uma vez, juro que te dou outro soco! - Falou Jason.

- Cala a boca! Eu estou conversando com a Olívia! Quer dizer, quem chamou você?  Vai lá com seu amiguinho e nos deixe em paz!

- "Nos"? A única pessoa que tem que nos deixar em paz é você!- Ele me empurrou.

- Jason, por favor... Por favor não machuca ele.

O rapaz olhou pra ela e assentiu.

- Eu... Eu realmente sinto muito ter causado essa situação toda.- Disse Emilia completamente desconfortável. - Mas olha... Vocês dois gostam da minha neta, e ela retribui o sentimento, se vocês conversarem direitinho, da pra todo mundo ser feliz.

- Vovó agora não é hora dessas suas piadas.

- Desculpe querida.

O que ainda estou fazendo aqui.

- Patrick, eu nunca... Nunca quis te ver sofrer desse jeito, juro que nunca foi a minha intenção.

- Por que aceitou casar comigo? Por que aceitou se desde do começo sabia que ia dizer "não".

Ela gelou. Acho que não esperava essa pergunta.
Olivia respirou fundo. Parecia nervosa, não queria me responder.

- Aceitei casar com você porque te amava... Mas... Mas tinha sim outra razão.- Ela respirou fundo novamente. - Eu... Eu estava grávida.- Ela queria chorar mas estava segurando. - Dois dias antes do casamento descobri que se eu tivesse o bebê... Ele... Ela poderia nascer morta, ou com sequelas muito, muito graves, isso se eu não morresse no parto... Então... Então eu tive... Tive que matar o nosso bebê, Patrick, eu... Eu matei a nossa filha... Não... Não consegui dizer sim no altar, não depois do que eu tinha feito.

- Olivia...

- Me desculpa, Patrick! Eu... Eu sei que devia ter te contado, sei que não devia ter feito aquilo com você mas... Mas...

- Olivia?

Ela estava pálida.

- Live? - Jason se aproximou dela.

- Olivia!

Ela estava desmaiando, Jason correu e a pegou nos braços.

- Live! Live! Hey... Hey acorda! Live!

Corri em sua direção.

- Não toca nela! Isso é culpa sua!

- Pode até ser, mas sou médico, esqueceu?

- Fiquem longe vocês dois! Eu já chamei socorro, minha neta não precisa de vocês agora.

- Emilia, Emilia isso não é justo.

- A vida não é justa Patrick, nunca foi e nunca será.

A ambulância chegou não muito tempo depois.

Eu não conseguia parar de sentir dor, uma dor enlouquecedora, talvez eu esteja ficando louco...

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora