Emília

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- Que palhaçada é essa?!- Perguntei jogando aquele papel estúpido na mesa de Patrick.

- Bom dia pra você também, Emília.

- Você pediu demissão?


  Ele me encarou, pude perceber o deboche em seu olhar.

  - Por acaso você quer que eu diga não?- Soou um tanto sarcástico.

- Eu não aceito seu pedido de demissão.

Ele respirou fundo.

- Emília...

- Qual a razão disso? Esse hospital não é suficiente para você?  Pensei que fossemos família.


Ele estava magoado, porém também estava com raiva. Dói admitir, mas eu compartilhava de seus sentimentos.

- Quer que eu continue aqui? Fingindo que toda essa situação não me incomoda?

  Dessa vez quem respirou fundo foi eu e em seguida me sentei de frente à ele.

- Já faz muito tempo que descobrimos a doença.- Eu fiz uma pausa.- Talvez não esteja mais afetando ela.

  Ele me encarou por um longo momento.

- E você realmente acredita nisso?

- Eu quero acreditar.- Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto agora.

Ele se levantou, se aproximou, agachou na minha frente, segurou minhas mãos, apoiou o rosto em meus joelhos, logo depois... Começou a chorar.

Pobre criança.

A dor o estava consumindo, estava consumindo cada um de nós.

- Eu não entendo... Quer dizer, não é justo! Emília, ela não merecia isso! De todas as pessoas dessa droga de mundo, ela era a que menos merecia isso!

Novamente eu compartilhava de seus sentimentos.

O pior de tudo é que lutar contra essa coisa que está matando minha neta, era inútil.

Dói admitir, mas eu não a culpo por não tentar impedir o inevitável, afinal do que adianta lutar se você sabe que vai perder?

Odeio ter esse sentimento, no entanto não havia mais nada a se fazer.

Quando a Hora ChegarOnde histórias criam vida. Descubra agora