Com a lança, que no caso era bem afiada, apontada para mim, disse mais coisas sobre deixar o local e nunca mais aparecer por lá. Mesmo com todo o clima, não prestei muita atenção em suas palavras, reparei mais em seus detalhes, que por acaso me lembravam de alguém que já tinha visto várias vezes na minha vida. Cabelos estáticos e loiros, uns óculos feitos com madeira de carvalho, voz bastante autoritária, roupas refinadas e um salto pequeno de dois centímetros. Esses foram os únicos detalhes que reparei antes de perceber de quem aquela raivosa moça se tratava.
Ela não gostaria que eu mencionasse o seu nome para outras pessoas! Também nunca descobri seus motivos! Diziam pessoas por aí que a mesma tinha casos com autoridades! Nunca ousei perguntar, já que era notável que ela queria que ninguém soubesse. Esse ser que me acusava de furto e me ameaçava com uma lança, era ninguém menos que a grande Sílvia! A mestra em exatas, dava aulas para os estudantes curiosos pelos métodos mais eficazes de burlar as leis de matemática! As vezes dava aula de física, todavia, esse não era seu ponto forte.
A conheci logo com meus primeiros anos na adolescência, na minha terra natal. Adorávamos o desconhecido, por isso nós damos tão bem! Sempre tentei convencê-la de escrever uma história assim como eu, mas por ser de exatas, ela não sabia usar as palavras de modo que atraísse o público. Lembrando de todos esses fatos, iniciei uma conversa agradável:
-Pensei que você tinha partido assim como os outros! Que surpresa incrível te ver logo em Vila Boa! Que eu me lembre... você adoraria estar em um lugar grande! Cheio de estudantes onde todos ouviriam suas aulas! - Terminei minha fala abaixando as minhas mãos.
Com olhos que demonstravam estranhamento e surpresa ao mesmo tempo, recuou levemente sua arma e avançou rapidamente sua cabeça, fazendo uma suave curva caracterizando sua próxima fala como sendo uma pergunta:
-Como você sabe dessas coisas? Andou me conhecendo para descobrir minhas fraquezas? - Voltou como antes, diminuindo a distância entre mim e sua lança - Renda-se ou usarei meu conhecimento contra você!
Estranhamente não houve reconhecimento da minha pessoa. Continuei tentando:
-Como sobreviveu ao ataque dos desconhecidos? Pelo menos sabe quem eram? Como achou esse lugar? - Eu sabia que perguntas demais irritam as mulheres, então mudei um pouco minha fala - Mesmo com todas essas provas de que eu sei quem tu é, não me reconhece!
A arma foi erguida e preparada para ser lançada em mim. Para não sofrer nenhum ataque, revelei minha identidade:
-Vai atacar mesmo o filho dos Nobres da sua terra natal? Vai atacar mesmo o Britão, da Cidade Do Reis?
Um silêncio pairou no ar. Depois de alguns instantes as frases voltaram a serem soltas:
-Parece que não fui a única que conseguiu sobreviver ao ataque! - Disse Sílvia abaixando a lança.
Depois desse clima de uma "quase batalha", sentamos e conversamos sobre tudo. Me contou que por seu pequeno conhecimento de magia, conseguiu que na hora da caída do muro fazer uma barreira, impedindo sua morte. Expliquei o que restava da minha história e sobre minhas curiosidades, me centralizando logicamente em minhas perguntas. Após de uns trinta minutos, ela se lembrou de um fato que tinha visto recentemente:
-Andando lentamente em uns dias desses, me reparei com um encontro de comerciantes de estavam discutindo sobre assuntos comuns entre as feiras e os mercados. Um deles falou com voz alta e bastante notável a metros que estava cansado de sempre ter que atualizar seu mapa - Desviou seu olhar para o alto, era como se estivesse tentando buscar memórias - Os outros também demonstraram raiva diante dos fatos, era como se.... Era como se...
-Se a guerra estivesse se espalhando... - Completei sua frase - Antes da destruição da capital, não havia tantos relatos de batalhas... algum equilíbrio foi quebrado...
A minha primeira pista já tinha sido descoberta. O que restava era buscar informações com esses comerciantes para tentar entender os mistérios que andavam pelos destroços das casas do povo. Compartilhei essa ideia com a única que estava na sala, a mesma me deu um aviso:
-Você não conseguirá conhecimento tão fácil! Precisamos de um disfarce... - Estava com face pensativa - Um estudante não é uma boa escolha... não temos muitas opções... você terá que ser um deles!
Com o término dessa frase, sabia que era hora de me fantasiar.
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O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)
FantasyVejo que está procurando uma história! Algo que te deixe completamente viciado em saborear cada canto de uma fantasia! Então me encarreguei te trazer essa lenda tão rica e cheia de detalhes até ti! Esqueça esse mundo onde tudo é tão comum, repetitiv...