Capítulo 29: A Grande Feira

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Via com clareza a riqueza de detalhes no local, existia mercantes de várias formas, tinhas os que brincavam com os clientes, os que brigavam entre si pelos melhores preços, os que faziam mágica para chamar a atenção de todos e até os que deixavam os próprios compradores decidirem os preços da mercadoria. Não havia confusão por mais que aqueles barulhos se parecerem com gritos. Não existia brigas na fila pelo primeiro lugar, assim como também era inexistente qualquer ato irracional, tais como empurrões desnecessários, não alertar o troco errado, roubar o lugar mais perto de ser atendido antes e reclamar pela demora. Pelo contrário, quando um erro acontecia, não havia sequer um tom de desrespeito. Quando a fila estava enorme, eles conversavam entre si agradecendo pelo fato do seu vendedor favorito ter muitos clientes, quando o troco via mais do que a quantia certa, eles devolviam com medo do seu fornecedor falir e quando os produtos acabam, eles reverenciam pelo ótimo negócio e vão comprar no concorrente.

Os furtos eram raros, graças a autoridade que a cada esquina movimentada estava presente acompanhados de trajes que combinavam com o lugar e com símbolos de alguma realeza. Lanças pontudas e uma cara fechada era o bastante para evitar grandes alarmes indesejáveis. Um toque me assustou, era um vendedor ambulante oferecer flores por pequenas quantias de moedas de ouro. Na sua pequena cesta ele carregava uma porção de lindas rosas estranhas, todas sem espinhos e com cores exóticas. Avisei que infelizmente não era possível gastar com flores, já que não estava em época de fartura. Ele se assustou e me deu uma pequena muda de rosa azul, disse que os compradores não gostavam de mudas muito pequenas, então aquele presente não seria um prejuízo de sua parte. O vendedor ambulante saiu de minha vista atrás de compradores ansiosos por rosas nas suas decorações. Inspirado, me aproximei de uma árvore no meio do caminho e plante a pequena muda ali.

-Caro viajante, bem-vindo ao mundo esquecido! - Andério, de repente, falava isso em voz alta com os braços levantados ao ar - Gostou do que viu? Pelo menos, do pouco que é observável?

-Tem certeza que isso não é efeito de alguma de suas poções? - Perguntei com ar de sarcasmo não acreditando no que se passava em meus olhos.

-Ainda acha que tudo isso é mentira? - Abaixou os braços e fixou seu olhar em mim.

-Não é possível que exista um povo tão evoluído assim... inacreditável até para o mais sábio. Nem mesmo a capital tinha tanta classe! - Fala para o mesmo enquanto me levantava da tarefa de plantar a muda.

Seus olhos viraram em minha direção, naquelas lentes novamente uma luz azul brilhou rapidamente, ele parecia feliz e curioso ao mesmo tempo. Deu uma volta com os olhos na feira e percebeu os mesmos detalhes que minha pessoa. Voltou a olhar para mim com uma resposta em mente:

-Esse povo não é tão evoluído assim.... São os Seres Humanos que, por natureza, tem alguma dificuldade nesse aspecto de evolução, não se assuste. Enfim, aproveite, você é um de nós agora. Sinta-se feliz! - Um sino tocou ao fundo, ele parou de falar.

Aquele sino simbolizava algo importante, pelo menos para Andério. O mesmo desviou sua atenção, ergueu sua cabeça como se estivesse ouvindo algo de longe, mesmo com aquele barulho todo da feira. Senti a tensão do momento em minha espinha, o suor gelado passava em meu corpo.

-Vamos, eles te esperam! - O Homem Misterioso terminou a frase pulando para cima de mim e me pegando pelo braço, iniciando uma longa corrida cujo o fim era desconhecido para minha pessoa.

Em alta velocidade vi com mais clareza o movimento do lugar, no caminho, o dono de uma tenda de poções, um senhor, percebeu nossa rápida passagem e falou para seus clientes que olharam com ar de curiosidade:

-Vejam! Não é em qualquer tenda que se vê um Magium trabalhando! - O senhor barbudo parecia admirado com a nossa velocidade e com esse tal de "Magium".

Lembrei dos outros que no velho livro escreveram, seria aqueles, outros escolhidos que o Homem Misterioso escolheu assim como ele fez comigo? Seria os nomes deles riscados naquele livro antes do meu? As novas perguntas ficariam na minha cabeça para sempre, mas foi fácil esquecer, já que nunca tinha visto um lugar tão alegre como a tal Grande Feira. Corremos para o fim da mesma, mesmo assim, ali e aqui ainda se viam alguns mercados menores ainda mais afastados, simbolizando expansão do comércio. Também se via no horizonte um pequeno povoado, um local de moradia muito iluminado, até existiam residências no pico das árvores, com ligações feitas por teias de escadas, onde mais casas se encontravam abaixo, logo adiante com mais casas no chão. Uma vila muito bem estruturada e desafiava a própria natureza.

No caminho passava carregadores montados em cavalos, mais fortes e saudáveis do que o normal, que puxavam carroças detalhadas com ferro para proteção. Flores e pequenas árvores nos acompanhavam, ao seu lado um pequeno riacho cortava a mata verde e colorida. Os sapos pulavam de um lado para o outro procurando insetos equilibrando o ecossistema. Um moinho logo mais afrente deixava a água fresca para as mulas que carregavam barris de produtos. Do outro lado, plantações imensas eram encontradas em todo o lugar, sem regadas por um desvio pequeno no riacho que não o quebrava, como também mantinha as plantas satisfeitas. Cercas perfeitas se estendiam por todo o vale, enquanto os membros daquela sociedade davam graciosos cumprimentos enquanto caminhavam.

Em um momento o movimento se acalmou, sendo reparável apenas algumas patrulhas feitas por guardas como antes descritos. Parecia que a resistência de Andério em correr nunca iria se acabar, a Grande Feira estava agora longe o nosso trajeto dava fim em um posto mais elevado, ainda distante. No mesmo se encontrava uma torre visível a grandes distantes, onde em sua ponta situava-se um grande sino. Seria aquele lugar um posto real?



O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora