O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)

Capítulo 41: Meu Primeiro Dia

Depois daquela bagunça toda gerada por sonhos estranhos, ou sonhos "místicos", o meu primeiro dia na Casa de Treinamento da Eva chegou. O sol apareceu no meu quarto com raios fortes e firmes, lindos por sinal. O quarto tinha ganhado outra cor, era o mesmo ambiente, porém com tons alegres e vivos. Com cobertas, que cheiravam a coisa guardada a anos, abri meus olhos com total clareza que aquilo que tinha acontecido na noite passada deveria ser esquecida para preservar a tranquilidade e a paciência dos seres daquele mundo. Gordus ainda roncava alto demonstrando que minha pessoa havia acordado antes do horário combinado.

A minha mente não tinha ainda engolir o fato de tudo mudar rapidamente, de um mundo sem nada até outro que poderia destruir minha visão de vida. Nada era tão assustador e fantasioso ao mesmo tempo do que aquela sensação de não estar em casa. Antes que meus fragmentos de razão formassem um pensamento digno de anotação, porta foi aberta agressivamente, causando um grande susto no meu companheiro, finalmente alguém tinha feito Gordus acordar.

-Suas maricas, ninguém dorme até tarde aqui! - Era Romildus acompanhado de Fransi que tinha batido a porta - Não se acostumem com a preguiça, meus bravos! Ela mata! - Continuando a falar algumas coisas que não faziam sentido, ele começou a abrir janela por janela até não houvesse mais sombra no local.

Fransi, estava alegre e feliz como ontem, tocava em uma sanfona uma música motivadora acompanhada de uma bela letra, assim nos fez levantar animados, pelo menos a minha motivação subiu aos montes, já não posso afirmar se o mesmo aconteceu com meu novo amigo. Perguntei a eles qual seria minha primeira prova dentro daqueles pequenos campos. Os dois que estavam acordados a muito tempo, demoraram para responder, mesmo assim disseram que era uma "surpresa". Comemos outra das estranhas comidas daquele mundo e partimos para um destino desconhecido que não passaram daqueles muros de terras e florestas.

Sem alimentos, água e armas, tínhamos que ir até o começo daquele enorme pico da única pequena montanha que ali se encontrava. No início do caminho, onde três membros e um humanos iniciavam uma conversa, Fransi me alertou sobre um curioso assunto:

-Meu caro, ontem você nos assustou! - O bem vestido falava com tom de curiosidade - No meio da... "Madrugada".... É assim que eles falam? - Perguntou ao velho que respondeu um mero "sim" - Sem temor nenhum, você se levantou e, como uma múmia, saiu andando para longe da casa dos hospedes!

-Você quer dizer que o Britão é sonâmbulo? - O anão ferreiro bruscamente perguntou.

-Ah, esse era o nome que Romildus me falou ontem! Estávamos jogando uma partida de cartas, aquelas da taverna mais próxima, do seu Jaquinos! O velho babão estava ganhando, afinal rouba que nem um diabo! Do silêncio absoluto você, meu caro, brotou com um morto-vivo!

Comentei sobre o assunto como se não tivesse a mínima noção do que tinha acontecido. Nas entrelinhas de uma pausa para a outra fiquei me perguntando se as vozes eram reais ou parte do meu sonho, se Andério falou comigo ou se era um personagem criado pela minha mente.

Aquele tema foi rapidamente trocado por outro, eles se sentaram num banco de tinha no meio do caminho que possibilitava aos olhos uma vista ótima. Romildus pediu-me para que eu prestasse atenção em suas palavras, era a hora das lições de mestre:

-Primeiro preciso explicar as nossas táticas de batalhas, antes que tudo comece pelo lado errado da história! - Os dois que também acompanhavam parar de falar sobre outros assuntos.

-Eu sei, fui um dos soldados no meu mundo, resumindo é só pegar uma espada ou um arco e atingir a cabeça ou o coração e pronto! O modo rápido de acabar com um inimigo indesejável! - Queria aparentar que possuía grande bagagem de conhecimento sobre qualquer assunto, afinal minha pessoa deveria mostrar que era o escolhido de fato!

Humanos e seu modo de vida primitiva! - Ele zombava - Temos muita coisa para aprender! Não é só pegar uma espada ou um arco! Há toda uma teoria por trás, nas mentes dos lutadores e guerreiros veteranos! Se seguir seu resumo numa guerra de verdade, acabará morto rápido e sem muita dignidade.

-Enquanto isso, vou ali ver um colega! - Gordus estava fugindo, todavia Fransi interrompeu sua fuga segurando uma ponta de seu cinto.

-Sempre a mesma coisa! O ferreiro tem que saber quais são as dificuldades do aprendiz para anular cada uma em cada peça de roupa ou de armas! Parece que é a milésima vez digo isso você! - Fransisquídio falava revoltado com o anão. Era entendível, provavelmente era a milésima vez que ele estava escutando a mesma explicação do mesmo velho.

Romildus se incomodou fazendo que os dois parassem a conversa paralela. Logo depois voltou sua atenção para a explicação, mas percebeu que aquele lugar não iria render mais que alguns temas discutidos. Então, voltamos a caminhar para um campo de prova mais acima daquele nível de altitude.