Capítulo 7: Refletindo As Bolas De Fogo

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O fogo parecia ter aumentado quando entrei lá, era impossível todo aquele estrago ser feito por uma única pessoa, então logo me preparei para mais inimigos. Finalmente poderia vingar tanta gente? Finalmente poderia me vingar? Mesmo nunca tendo participado de uma batalha real, naquele momento, estranhamente uma coragem brotou em mim. Andando como se fosse uma onça atrás de sua presa, percebi que o calor ficava mais quente, revelando que o centro de toda aquela desgraça estava se aproximando. 

A única arma disponível era a tal da espada do simpático vendedor, ou seja, minha preciosa encomenda. Porém, na minha cabeça eu a usaria por uma causa nobre, vingando todas as pessoas que já morreram pelos Bárbaros, até mesmo a família daquele que me entregou a arma. Cheguei a um ponto da moradia onde sabia que se virasse a cabeça, já veria os vermes. Na minha frente, uma sombra enorme estava sendo refletida por uma parede de pedra. Parecia um ser alto, contudo, não foram mostrados mais detalhes por causa de sua roupa que cobria todo o seu corpo, apenas mostrando sua silhueta.

Girando um pouco a ponta da espada, me virei para iniciar a batalha tão esperada. Tendo pelo menos uns dois metros e meio, um sombrio ser estava com as mãos em chamas olhando para mim. Sua roupa era indecifrável, era como se fosse um manto de cor cinza com vários símbolos estranhos, indo até de desenhos trabalhados a simples figuras geométricas. Em seu rosto uma máscara que seguia esse padrão estranho existia, parecia que ela tinha sido quebrada várias vezes e alguma criatura sem coordenação motora a montasse novamente. Suas mãos, onde grandes bolas de fogo ardiam, tinham aspecto de casca se esfarelando, algo bem similar como o que acontece com alguns insetos, todavia, ao invés de uma nova pele por baixo, havia uma carne podre e negra como a noite.

Com olhos brancos tendo sua iluminação baixa comparado a luz refletida por todo aquele calor das casas que estavam sendo incendiadas, disse quase que rindo e ao mesmo tempo chorando:

-Ora... Ora! - Não tinha somente uma voz emergindo daquela boca escondida, era pelo menos três falando ao mesmo tempo, falando a mesma frase. Algo diabólico, porque cada voz tinha um tom, cada voz demonstrava um sentimento - Mais um! Mais um que queimará como os outros! Seres patéticos como você nunca entenderão a verdadeira verdade! A verdadeira verdade! 

Apertou um de seus punhos com uma força violenta, produzindo uma grande onda de vento fazendo todas as chamas se inclinarem por alguns segundos. Com os dedos fechados, rapidamente levantou sua mão para o alto e, de repente apontou para mim. A bola de fogo que emergia misteriosamente daquela carne podre, começou a traçar um rumo que me atingiria causando-me um enorme dano. Meus únicos movimentos foram de levar a espada até uma posição defenderia meus olhos. Por sorte, aquele feitiço tocou a minha arma, e foi refletida para o feiticeiro. Deduzi que seria por causa que a espada não teria nem algumas horas de vida, então sua qualidade seria imensa.

O estranho exibindo seu poder, estendeu a mão novamente para conseguir o controle de seu feitiço, contudo, ao novamente apertar seu punho quando a bola de fogo o atingiu, perdeu o foco, pois surpreendentemente as chamas começaram a se espalhar pelo seu corpo, dando a ele uma dor terrível. Virou a cabeça para cima e soltou um gritou de fúria, olhou para mim e repetiu o processo, elevando cada vez mais a velocidade e a força de sua magia. Consegui refletir grande parte dos projeteis lançados a mim, até o momento que a temperatura da minha arma seria capaz de derretê-la. O corpo do "Bárbaro" também já tinha sofrido muito dano.

Graças ao meu conhecimento básico em Cidade dos Reis, fiz com apenas algumas palavras, levantando minha espada, o ar se transformou em vento, levando todo aquele calor e chamas a diminuírem para assim, ter mais visão do inimigo. Bruscamente, gritando outras palavras, rachei o chão com a ponta da espada, transferindo suas altas temperaturas para o chão, consequentemente rachando e levando o poder em forma de mais dano ao estranho, que caído no chão, mostrou fadiga diante da batalha. Meu último ato foi de enfiar a arma em seu peito, acabando de vez com sua vida.

Tocou a cabeça no solo seco e disse suas últimas palavras:     

-Olha... Preciso admitir... - Apenas prevaleceu uma voz, tendo seus detalhes como sendo de um rapaz que estava feliz com alguma coisa - Pelo menos... Esse aqui... Sabe lutar... Obrigado, filho... Tu me concedeste alguns minutos de consciência... - O corpo do mesmo começou a desaparecer, sobrando apenas sua máscara que, durou mais alguns segundos, porém, foi se esfarelando e sendo levado com o vento. 

As cinzas do local estavam espalhadas no ambiente, e estranhamente depois que a máscara do "Bárbaro" desapareceu por completo, todos os minúsculos pedaços se juntaram na minha frente, criando algum objeto. Depois de uns instantes, foi criado duas páginas, sendo elas a página três e a página quatro de um livro que continha no total dez páginas. Antes de entender qualquer coisa que estava escrito nelas, precisava entregar a minha encomenda para esse cliente exigente.   


O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora