O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)

Capítulo 30: As Longas Escadas

Conforme nossa corrida se aproximava daquele lugar que mais se parecia um pequeno castelo, era notável a presença que se aumentava de guardas e soldados marchantes. As plantações e moinhos de água cederam o lugar para altas bandeiras e simples campos de provas, onde novos guerreiros treinavam suas capacidades. Alguns usavam fechas e outros espadas, todavia, todos estavam acompanhados de um grande general que gritava em todas as oportunidades inspirando lealdade e persistência. Brotavam de todos os lados, de todos os campos de treinamento, os fortes berros das tropas que batiam as solas de seus sapatos já gastados devido ao cansaço de um longo dia de preparação. As bandeiras sempre seguiam o mesmo padrão, cores alaranjadas com um grande símbolo triangular no centro, sempre com outros símbolos em volta do mesmo.

Quando chegamos no portão do destino onde o sino tocava em nossa ausência, percebi que não era um pequeno lugar. Se tratava de um local digno de habituar a autoridade mais alta daqueles campos. Soldados estavam na pontas, tanto na esquerda quanto a direita, esperando por novidades duros como nobres estátuas. Paramos de correr quando esbarramos nossa vista no portão de ferro que nos impedia a passagem, aqueles que garantiam a segurança do mesmo perceberam nossa vinda em alta velocidade, porém não nos receberam com simpatia.

-Apenas se entra aquele com autorização vinda dos comandantes de Cantos Ordenados - A voz vinha daquele situado mais à esquerda, que falava com segurando uma lança em uma mão e na outra levantava para o alto demonstrando disciplina.

O Homem Misterioso não reagiu com alegria, sua face mostrava claramente que aquilo já tinha se repetido diversas vezes, ou seja, para ele toda a burocracia era inútil devido as várias vezes que ali apresentou seus dados. O mesmo respirou com profundidade tentando encontrar alguma paz interior para prosseguir civilizadamente.

-Não reconhece um Magium? Olhe no meu colar e repare a própria autoridade encrava nos desenhos que compõe esse objeto! Além do mais, faz centenas de anos que passo pelo mesmo portão, pelos mesmos guardas e isso se repete toda vez! Vosso comandante não pode lhes avisar que se deve lembrar da face de seres que trabalham para a própria realeza? - Enquanto falava, repetia alguns gestos com as mãos e com o corpo expressando indignação.

Os guardas empunharam suas lanças e as cruzaram no portão, impedindo ainda mais nossa passagem. Eles bufaram de raiva, porém não é fácil reparar em detalhes quando o ser, que é o foco, está mascarado. Uma voz vinda da direita disse que Andério não era o problema da demora, todavia aquele que o mesmo carregava precisava de autorização para entrar, isto é, minha pessoa. O Homem Misterioso riu, e disse com voz alta que o seu companheiro era mais um do tipo humano. Ao receber uma resposta, que me causou estranhamento graças ao modo de eles estavam se referindo a minha pessoa, os dois retirar suas lanças e pediram para outro, que estava no alto do muro que cercava o térreo, para que o mesmo abrisse o portão. Feito isso, iniciamos novamente a caminhada, novamente cercados de guardas por todo o nosso caminho.

Como um verdadeiro castelo digno, a estrutura era feita por pedras grande e bem polidas, com grandes tapetes vermelhos no chão e tochas acessas nas paredes dando um ar de fantasia ao momento. Entramos numa sala pequena, onde a única coisa que se via era uma grande porta e ao seu lado, um balcão com outro guarda atrás. Sinal que mais burocracia era necessária para realmente entrar. Quando nos aproximamos, aquele que guardava a porta nos parou como o previsto. Dessa vez era notável que ele não era um soldado de guerra ou de caça, contudo era um trabalhador real devido as diferenças na sua vestimenta, tais como os detalhes bordados a ouro e emblemas espalhados pelos seus ombros. O mesmo reparou mais rápido do que os anteriores:

-Andérium Magium, o querido da Realeza? Dessa vez o senhor demorou mais para retornar a este simples palácio. Percebo que as coisas não andam como o costume, normalmente vossa pessoa demora menos que três anos para achar alguém, porém dessa vez seu recorde foi quebrado. Fazendo as contas, quase duas décadas! - O diferente guarda falava enquanto reverenciava com alegria.

-Nada melhor do que lembrar dos tempos de glória. Afinal, não parece que demorei tanto assim. Talvez lá se demore menos do que neste nosso mundo. Enfim, bom dia para você também - Quando o Homem Misterioso terminou sua fala, a porta se abriu.

Aquele que lembrou de tantos detalhes, se afastou para retornar em sua bancada, colocou suas mãos para trás e estufou o peito demonstrando mais um sinal de disciplina. As escadas eram longas e curvadas, os degraus eram feitos de outro tipo de pedra e haviam janelas espalhadas por todos os cantos no lado esquerdo da parede. Subindo, era possível ver no horizonte novos biomas totalmente novos, povoados igualmente grandes, estradas de terras cujo o passeio seria magnifico de percorrer, no horizonte mais longe, via-se sem foco um enorme castelo, todavia era quase que uma silhueta no ar. As estrelas também davam as florestar um ar de beleza natural. Raramente passava um bando de pássaros exóticos acompanhando o vento, todos com penas brilhantes e reluzentes.

A escada era longa e continha quantidades gigantescas de pequenos degraus, com esforço e cansaço, totalizando quase que meia hora andando sem parar, subimos até o topo onde mais uma porta, com o mesmo desenho das bandeiras antes vistas, impedia nossa passagem, ao lado dela, dois guardas altos e fortes estavam. Não houve conversa causando uma horrível tensão naqueles instantes. Os dois apenas olharam para baixo, devido as suas alturas, com olhos que poderiam assustar o mais terrível dos ladrões. Até mesmo suas armaduras eram mais robustas do que os soldados menores que era o normal até então. Andério falou algumas palavras estranhas e os mesmos entenderam, parecia um tipo de senha elaborada para nunca ser guardada. Finalmente iria conhecer a Realeza?