Capítulo 21: Entrei Numa Aventura

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Estava voltando mais rápido do que nunca, minha ansiedade para desvendar o que os escritores deixaram de herança em algumas páginas era tanta, que nem mesmo voltei para dar satisfação para Andério que provavelmente apenas me esperava para dar-me alguns cumprimentos e, assim continuar sua viagem. No caminho via-se as pessoas felizes com a chuva, eram fazendeiros chorando de alegria por ter água nas plantações, cuidadores pulando sem parar por ter água para dar a seus animais, mães e pais de família encantados porque na próxima compra tudo será mais verde, crianças brincando com lama, pois nunca tinham visto aquilo e até mesmo os andarilhos tinham parado de andar para contemplar a beleza natural mais rara.

Já estava em Vila Boa e as coisas também eram alegres por lá, parecia que todo o mundo tinha parado seus afazeres para assistir o melhor espetáculo. A biblioteca estava aberta, dando sinal que Sílvia estava no local. Ela estava sentada lendo livros como de costume, apreciando uma xícara de café, algo que somente pessoas de classe-média alta tinham o privilégio de apreciar. Cheguei em alta velocidade, dando a ela um brusco susto. A mesma me perguntou que aventuras minha pessoa tinha vívido em alguns dias desde nossa última conversa. Sentei e contei a ela o que aconteceu:

-Queria lhe agradecer, já que nada teria acontecido sem o seu disfarce! Aquilo foi um grande sinal de inteligência! Serviu perfeitamente! Logo que saí daqui, encontrei um simpático vendedor que estava procurando um trabalhador, então aceitei o expediente! Precisava entregar uma espada para um exigente cliente, um tal de Olafaris vindo de Divesiss Insulates!

-Tome cuidado com comerciantes famosos! – Ela me interrompeu com uma voz cômica – Estou lendo um livro que conta sobre um Falso Comerciante, que finge ser o que não é!

Fiquei sem resposta, porque sua fala não tinha muitas coisas de meu conhecimento que eu poderia falar para continuar o assunto, então voltei para o tema anterior.

-Demorei para chegar, no caminho tive algumas complicações com seres pobres! Os chamados Bárbaros! São eles que causam terror na população até hoje! – Seus olhos abriram em uma imensa rapidez demonstrando interesse no acontecido – Ao derrota-lo a arma, ganhei algumas páginas! Então, correndo fui ao Vilarejo do Ponto Frio, mas já era tarde demais. Dormi no campo mesmo, junto com o simpático vendedor. Tive alguns sonhos estranhos, contudo logo acordei e voltei ao local combinado. Olafaris chegou e eu entreguei a espada. O mesmo me disse em particular algumas profecias estranhas, que ainda perturbam o meu pensar, e apontou-me para mais uma batalha com mais um bárbaro. Também ganhei essa batalha, consequentemente nessa história ganhei todas as páginas de um livro que preciso montar!

-Aproveitando o clima e a falta de ser uma pessoa sociável decidiu me procurar para montar o livro? – Ela tinha adivinhado toda minha estratégia – Vamos não precisa pedir, você já me pagou com uma boa história!

Dei a ela as folhas que, ao pega-las, logo retirou de sua bancada uma capa simples e também velha. Pediu-me para fechar os olhos, assim apenas escutei alguns barulhos estranhos, vi pelas pálpebras alguns raios de luz, todavia não ousei perguntar. O livro foi organizado e costurado de uma maneira misteriosa, aquela obra continha o seguinte título: "O Povo Antigo", seus autores eram pessoas desconhecidas que viveram mais de cem anos atrás. Na sua capa, existia desenhos de máscaras de todas as formas e tamanhos, de todas as cores e significados. No prefácio, continha nomes dos autores, incluindo um nome riscado, por sorte o livro não tinha sido escrito em outra língua. As palavras e as pinturas foram feitas à mão, como antes, a obra toda parecia relatos de várias pessoas juntas, como se fosse uma espécie de artigo de opinião coletivo.

-Não leia aqui.... – Sílvia começou a dizer com voz baixa – Esses assuntos não nos trazem coisas boas.... Não espalhe e não mostre a existência desse livro para a população de nenhuma vila ou vilarejo.... Parabéns! Você entrou em uma aventura digna de ser ocultada das pessoas comuns! Agora.... Saía daqui!

Novamente agradeci por tudo que ela tinha me feito, como dito antes, sem o disfarce proposto antes e sem a estratégia de fingir ser um trabalhador, não teria chegado a lugar nenhum. Perto da porta, ouvi a mesma me chamar pela última vez:

-Talvez você não volte mais aqui durante um longo tempo.... Talvez nem volte aqui vivo! Eu sei muito bem o que é viver esse tipo de jornada! Para ter lembranças de Vila Boa, carregue este livro com você! – Ela me deu o livro que estava lendo antes da minha chegada, o "Falso Comerciante" – Vai haver hora de tédio! Isso eu garanto!

Peguei o livro de presente e fui me isolar do povo para finalmente ler a obra, estranhamente Sílvia não mostrou desconfiar da minha história. Parecia mesmo que tudo aquilo que eu tinha vivido era mentira para qualquer pessoa com o mínimo de sanidade, mas ela acreditou e me ajudou com o trabalho. Como antes, "não ousei perguntar".

O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora