Não sei se era coisa da minha cabeça, isto é, imaginação fértil demais, ou se era a mais pura realidade para mim, todavia o clima tinha ficado mais gelado, assim como as cores azuis do céu estrelado davam uma sensação de frio. Descemos as escadas até o andar mais baixo, a pequena arena onde lutei com Romildus na minha primeira aprovação. No lugar de continuar descendo para o caminho normal, ao terminar de descer Gordus virou para a esquerda até um caminho de terra estreito. Como estava sem saber qual caminho tomar para o tal do Mercado Negro, o segui sem reclamar. Fomos andando devagar para não cair sequer uma pedrinha de pedra lá embaixo, afinal qualquer barulho poderia acordar todos lá embaixo.
Atrás da parede onde se situava o portal, do lado de fora e mais em baixo, em sua base de construção, estava uma pedra grande e pesada. O anão pediu silêncio e que minha pessoa se afastasse para deixar mais espaço para o grande esforço de mover o objeto em questão. Depois de aproximadamente dez minutos, a pedra foi movida deixando um caminho livre. O sinal do conhecimento do ferreiro sobre a passagem secreta demonstrava sua rebeldia diante daquela sociedade. Rapidamente explicou que aquilo era somente usado "em casos extremos", algo bem duvido para um rebelde em plena ação. Ao entrar na passagem, onde era preciso curvar as costas - No caso, o anão estava confortável - para se mover, mais dez minutos foram precisos para voltar a pedra no lugar inicial.
Assim fomos com um sorriso no rosto, afinal o caminho estava apenas em seu começo, seria talvez preciso dias para completar a viagem de ida, coisa que era preocupante para as regras daquele lugar. As vezes se encontrava uma descida calma, outras vezes uma subida de leve, porém nada muito arriscado para um aventureiro novato. Todavia, no meio da caminhada mansa e ofegante, veio-me uma dúvida importante:
-Espera, como vamos sair sem dar uma justificativa série e necessária? Sairemos assim, do vazio e sem avisar? Como voltaremos com seu amigo? - Ao ouvir isso, meu companheiro iniciou uma reflexão.
Paramos o caminho um pouco para pensar em alguma forma de fugir e voltar sem causar conflito. O anão lembrou-se que o caminho tinha uma rota alternativa que terminava em sua forja, coisa que era bem estranha para alguém que seguia as normas dentro de seu local de trabalho, assim era somente preciso escrever uma carta para Fransi dizendo que uma viagem foi feita para me ensinar mais sobre os metais desse mundo. No momento a desculpa oferecida tinha lá seu valor, no caso, era a única que fazia sentido que ao mesmo tempo, não levantava suspeitas graves. Voltamos a caminhar como antes. Até que em um momento, havia dois caminhos, sendo o selecionado o direito.
Esse terminava na forja do anão, somente ele saiu, fazendo o que prometeu, ou seja, colocando um bilhete explicativo na caixa de correio do bem vestido. Apenas após meia hora, o mesmo voltou dizendo que o plano tinha sido efetuado como sucesso. A única coisa que minha pessoa poderia fazer era acreditar e continuar o caminho. Durante quase vinte minutos de descidas e subidas leves, achamos algumas lascas de luz da lua demonstrando final da saída. Era um simples buraco com a abertura livre, apenas sendo escondido por algumas árvores e arbustos altos. As outras formas de viva pareciam fazer uma festa devido a imensidão de barulhos produzidos a todo vapor. Eram cigarras cantando sem parar, corujas pulando de um lado para o outro e os grilos completando a sinfonia natural.
Os olhos arderam quando recebemos aquela grande quantidade de claridade novamente. Gordus saiu e parou para pensar qual seria o próximo caminho, sendo o ideal sair logo daquele lugar, antes que alguém nos visse. Alguns instantes se passaram com calma e tranquilidade, sendo possível escutar até mesmo o barulho das águas da cachoeira interna caindo.
-O único lugar que consigo pensar é um dos recintos dos caçadores aqui perto, a tal Ponta da Flecha - Ele apontava para as entranhas da floresta - Com certeza os chefes de lá tem algum broche encantado.
Assim sem respostas iniciou uma corrida para alcançar o nosso objetivo, todavia, como curiosidade era a habilidade dos escolhidos, mesmo correndo, comecei a perguntar:
-Ponta da Flecha, um recinto dos caçadores? Como funciona isso? Pensei que vocês fossem tão evoluídos que só se alimentassem com frutas e legumes! Ainda matam animais, mas isso não é primitivo? - Minha voz estava ofegante devido a nossa velocidade - Além disso, e o que é um broche encantado? Vai nos dar poder? Isso aqui virou um livro de fantasia por acaso, ou é impressão minha?
-Assim como vocês, "meu caro Britão", nos alimentamos com o que a natureza tem a nos oferecer! Mesmo que hoje, os caçadores funcionaram mais para a segurança de lugares estratégicos do que para realmente caçar. Mesmo assim, eles ainda fazem a economia girar. Agora os broches, na verdade existem pingentes e broches que tem um poder fantástico, eles podem te teletransportar para um local pré-determinado, dependendo podemos dar sorte e encontrar algum que facilite nossa viagem.
-Finalmente uma notícia boa, o problema, suponho eu, será conquistar a amizade de algum chefe de Ponta da Flecha para usarmos contra as leis reais! Senão for o caso de você ser amigo de alguém lá, assim será meio caminho andando.
Paramos para respirar um pouco, entretanto logo após uns cinco minutos voltamos a correr. Estávamos seguindo a linha do rio da cachoeira que caia na Casa de Treinamento de Eva, era difícil de conseguir enxergar devido tanto mato e árvores cheias de folhas que existia no caminho.
-Você acertou na mosca, será um problema, pois os caçadores são meio rudes com no quesito de companheirismo e camaradagem. Talvez precisaremos fazer algum favor para eles, ou talvez só roubaremos mesmo. Espero que um humano aguente correr por longas horas! Eles nunca vão nos perdoar! - Rindo alto, Gordus aumentou sua velocidade.
Uma aventura estava se iniciando, talvez cedo demais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)
FantasyVejo que está procurando uma história! Algo que te deixe completamente viciado em saborear cada canto de uma fantasia! Então me encarreguei te trazer essa lenda tão rica e cheia de detalhes até ti! Esqueça esse mundo onde tudo é tão comum, repetitiv...