Capítulo 37: Sentada Enquanto Olhava

4 0 0
                                    

Antes de continuar a contar essa história é preciso lembrar que, mesmo aquela casa não contendo muitos detalhes novos e cheios de mistério, ainda sim alguns objetos decorativos que estavam do lado que fora chamaram a minha atenção, todos passando a ideia de disciplina. A natureza ao redor não se encontrava em poucas quantidades, porém aqui era mais mato rasteiro que dominava os locais envolta. Não tínhamos nem subido a metade daquele pequeno morro, todavia era possível enxergar todo o lugar. O início, onde conheci Fransi estava totalmente visível. Logo em seguida vinha alguns caminhos entre vales um pouco mais altos do que o nível do chão. Temos então, o pasto que possuí a simples cachoeira, sendo o fim de um pequeno rio onde brotava água de um outro simples lago mais acima, onde conheci Gordus, o anão ferreiro.

Continuando a olhar, o único caminho livre sem que uma parede de terra interrompa era para a esquerda, onde o bosque estava lá. Também era observável a biblioteca onde aquela moça odiada lançou um feitiço em mim, contudo não era a hora certa para entrar nesse tema. Seguindo ao seu final, outro pasto estava lá, onde encontrei Romildus em sua árvore. Estranhamente, no bosque fechado estava outro morro, mais elevado do que as outras altitudes antes citadas que ficava entre a casa de Romildus e o pasto de Gordus, onde escadas quebradas estavam, tendo seu inicio de frente com a biblioteca de Eileeni, impossibilitando o acesso. Em seu topo estava outra estrutura, vazia por sinal, onde estatuas de guardas fortes se encontravam em todo o lugar.

Do pasto de Romildus brotavam dois caminhos, um que subia até a casa de Eva e outro que também subia, porém não vazia curva e continuava a seguir atrás daquele morro onde nos dois estávamos. Ao entramos no lugar, sentada nunca cadeira com mais decorações do que conforto, lá estava quem coordenava aqueles campos. Ela estava lá, sentada olhando para a direita, seus olhos batiam direto numa lareira acessa. A mesma usava uma armadura de grande porte, carregando uma espada e uma bandeira nas costas, era uma moça autoritária e com faces de irritação, a máscara em seu rosto cobria só meia cara, com olhos sérios e no nariz, um pico pontudo, sua textura parecia ferro, assim como sua cor.

No silêncio, o bem vestido iniciou a falar para a sua autoridade:

-Grande Eva, trago até tu mais um fiel, mais um guerreiro e mais um valente como o próprio Governador ordenou a séculos passados. Como antes, ele se mostrou forte, sábio e destemido.... - Novamente, a mesma cena estava se repetindo diante os meus olhos - Agora, a vossa pessoa escolhe, se acolhemos ele ou se mandamos ele de volta... tecnicamente, enviando essa responsabilidade para outro campo de treinamento....

-Parece que Andérium gosta de nos mandar mais trabalho.... - Ela estava falando enquanto ainda se mantinha sentada - Outro? Se não me engano, os comandantes desses postos de observação tinham me avisado que não aceitariam outros por temas econômicos. Convença-me Fransisquídio, se devemos continuar com ele aqui ou se expulsaremos o tipo humano daqui.

Assustado e sem resposta imediata, Fransi olhou para mim, demonstrando que tentaria convencer Eva de me aceitar naquele lugar. Sem pressa, ele voltou a falar:

-Analisando a situação de Britão, o novo escolhido oriundo da Cidade dos Reis, não é totalmente inútil! Pelo que sei e pelo que o mesmo demonstrou enquanto caminhava comigo até aqui, o que ele não tem de músculos, ele tem de coragem! Esse deveria ser um dos que mais pesquisam como derrotar seus inimigos, pois estava carregando uma espada suja de bons combates, é um dos que mais colocam medo em suas vítimas! Sabemos de toda a história da tentativa de recrutar novos soldados, mas parece-me que ele sabe usar magia, com o tempo acho que os seres humanos aprenderam a lidar com esse poder, será que agora podemos tirar aproveito deles? Imagine só um novo tipo de mago sendo criado por nós? Seria fantástico!

Eva esperou um pouco enquanto engolia toda a fala do bem vestido. Analisou meu porte físico, minha vestimenta, procurando claramente minha espada, e minhas expressões faciais. Se levantou calmamente, pegou mais lenha e jogou para queimar na lareira, depois sentou. Soltou o ar com tons que novos trabalhos iriam ser feitos e respondeu:

-Não há nada acontecendo de útil nesse lugar... nossa finalidade é realmente isso... parar de treinar novos guerreiros é uma desonra para uma antiga general. Provavelmente esse é o último, afinal as coisas não andam muito bem em Cantos Ordenados. Volte para o trabalho, Fransi e mostre para o escolhido onde é seu lugar que irá dormir, logicamente acompanhado por Gordus para avalia-lo.

Sem palavras saímos de lá alegres, pois minha pessoa estava oficialmente aceita como um aprendiz naquele mundo. Descemos e seguimos o caminho secundário antes detalhado, aquele que seguia para os fundos daquele morro. Lá tinha outro pequeno pasto, onde campos comuns de provas são encontrados, dessa vez com muitas variações, onde bonecos de madeira e alvos não eram as únicas coisas que existiam. Outra moradia se situava, contendo ao lado dela outra escada de pedra para as altitudes de outro morro maior ainda. Envolta de todo o lugar, até mesmo das outras áreas antes visitadas, estavam cercadas por paredes de terras de matos altos.

Entrei dentro do local e meu companheiro ascendeu as tochas apagadas que pareciam velhas de tantos seres usadas. Era hora de descansar. Ou de refletir.    

O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora