O Mundo Das Sombras - Sociedade Das Máscaras (Livro 1)

Capítulo 6: Quem São Os Bárbaros?

Antes de qualquer coisa, me disse com clareza que como eu me encontrava sendo um novato, era preciso saber o quanto antes da existência da tristeza de saber que possivelmente, qualquer lugar poderia ser destruído da noite para o dia, no famoso "num piscar de olhos". Com a cabeça abaixada para o chão, ele começo a descrever que o lugar onde viveu a maior parte da sua vida, foi um desses lugares que antes tinha citado.

-Conhecia esse mundo como a palma da minha mão, conhecia todos que pisavam e chegaram a pisar. Minha família também foi construída lá, assim como a de milhares de pessoas. Porém, esse mundo foi acabado quando chamas apareceram... Quem fez isso? Não sabemos realmente quem são... Apelidamos de "Os Bárbaros"... Já procurei dia a dia atrás de vingança para satisfazer a minha raiva... Nunca os achei! - Parecia que iria chorar.

Sua resposta não foi nada do que eu esperava. Antes, brotava na minha cabeça a imagem de um novo império, de inimigos lendários com suas armaduras douradas, ou até mesmo de algo mágico, porém, essa fantasia interna foi substituída por algo sujo, algo desorganizado. "Bárbaros" era a resposta. Algo que remetia a quase um nojo da população sadia. Não havia nada de especial nisso, então meu ânimo foi colocado a nível nulo. Agradeci o triste vendedor e, para não estragar meu disfarce, continuei a andar naquela estrada de terra, fingindo estar realmente procurando emprego.

Para minha surpresa, a conversa com o mesmo aparentemente não tinha se encerrado por completo, pois do vazio, com uma voz afinada gritou:

-Não vá! Ainda é muito cedo! Volte aqui, tenho "boas novas"! - Ele tinha citado uma gíria que era algo como se fosse um milagre - Venha! Não perca tempo! Acabou de sair da minha fornalha! 

Novamente me aproximei da tenda de armas baratas, ele estava mais ansioso ainda, em suas mãos segurava uma pinça que por sua vez também segurava uma espada, que tinha acabado de sair de sua, propriamente dito, fornalha.

-Quer emprego? Quer dinheiro? Quer trabalhar? - A cada pergunta ela aumentava seu tom de voz, era algo que chamava atenção, algo que era como um grito de guerra - Aqui está a solução! 

Colocou a espada quente na sua bancada e me explicou o motivo de alegria repentina. Como "meu desejo" era ser um carregador, então ele tinha uma missão para mim. Pediu meu mapa e analisou cada parada. 

-Aqui! Vilarejo do Ponto Frio! Meu cliente exigente me prometeu que estaria aqui para receber essa belezura! Teu trabalho é levar essa espada para ele! Volte aqui para receber sua recompensa, meu camarada! - Abri minha mochila e coloquei o item dentro dela.

Fingi estar profundamente agradecido por essa oportunidade e logo tomei um rumo. "Comecei minha caminhada, o sol estava árduo e o chão derretia", seria a descrição que colocaria se fosse escrever um livro sobre esse dia, mas também era notável que até o ato de andar era desconfortável, a terra estava seca e entrava facilmente nos calçados de qualquer um. Também era considerável o fato de levantar muita poeira, o que ofuscou a vista e secou o ar.

A paisagem era algo desértico, apenas via-se uma grama dura baixa se estendendo por toda a vista. Não havia muitas árvores, nem animais. Quando virava-se a cabeça, apenas um objeto ia se escondendo no meio do nada, esse lugar era Vila Boa, parecia o único naquele mundo solitário. Minha rota direcionava a um tal de "Vilarejo do Ponto Frio", contudo, o frio era a única coisa que era desejada no momento.

Andei algumas distâncias, quando no meio do caminho, um cheiro de queimado surge. Pensei que era por causa do sol. "Nunca que o sol seria capaz de queimar algo", retruquei a mim mesmo. Então me viro, e olho para o meu redor. Uma pequena moradia estava sendo incendiada junto ao barulho de milhares de explosões. 

-Conhecia esse mundo como a palma da minha mão, minha família foi construída lá - A frase do vendedor ecoou na minha cabeça - Esse mundo foi acabado quando chamas apareceram...

As chamas chamaram a minha atenção. Com aquela frase sendo lembrada a cada instante, notei que meu encontro com eles finalmente iria acontecer. Poderia finalmente vingar a morte da minha terra? Eu só sabia que estaria frente a frente com Os Bárbaros!